Topo

Viagem de 18 horas de carro e psicóloga: conheça os bastidores da vitória de 'Durinho' no UFC

Ag. Fight

21/09/2017 09h00

Gilbert 'Durinho' acompanha todos os passos de Vitor Belfort em Las Vegas - Diego Ribas

Vindo de derrota para o compatriota Michel 'Trator' em sua última apresentação no UFC, Gilbert 'Durinho' carregava o peso extra não apenas de precisar reverter a marca negativa em seu cartel como também garantir uma apresentação que lhe desse força o bastante para que ele tivesse mais argumentos na hora de renegociar seu contrato. Afinal, a disputa contra Jason Saggo no último sábado (16) era a última de seu vínculo com a organização.

Com toda essa pressão em torno do futuro de sua carreira, Durinho tomou a decisão de contratar uma psicóloga esportiva. Por três meses, ele e a especialista Luciana Ribeiro, que acompanha a seleção brasileira de judô há anos, trabalharam semanalmente via conferências pela internet, o que acalmou o lutador a ponto de permiti-lo focar apenas em seu treinamento.

"Essas derrotas vieram para mostrar coisas no meu jogo que eu tive que corrigir". narrou durante conversa com a reportagem da Ag. Fight. "Tem momentos em que é necessário ser humilde, parar para analisar e identificar os erros, para poder corrigir.  Ela é do Brasil. A Luciana Ribeiro trabalha com a seleção brasileira de judô, já fez bastante ciclo olímpico e é ela que está fazendo essa parte de psicologia esportiva comigo. Eu fui para Brasília conhecê-la e nós fazemos sessão semanal pelo 'Skype'. Ela me ajudou bastante. Estou com ela faz de três há quatro meses e já senti muita diferença".

Curiosamente, o trabalho com a psicóloga foi ainda mais necessário na reta final de treinamento. Membro do time Blackzilians, Durinho vive na Flórida (EUA) e viu sua vida sofrer interferência direta da passagem do furacão Irma pela região. Sem muitas opções, restou ao atleta dirigir com sua família para a cidade de Pittsburgh na semana anterior ao duelo em uma viagem que durou 18 horas.

"Eu estava na etapa final de treinamento e o furacão estava vindo, bem forte, de nível 5. No melhor dos casos, iria faltar luz de três a quatro dias e ficaria tudo alagado. Tudo iria estar fechado - bancos, supermercados, postos de gasolina. O UFC pediu para eu sair de lá na sexta e não quis deixar minha família lá - afinal, que capitão abandona o barco durante a tempestade? Aí eu falei com o UFC e eles me ofereceram ajuda se eu precisasse de casa. Aí eu me reuni com os treinadores e decidi ir de carro. Fomos de carro para a luta", narrou após passado o susto.

"Na ida, quem dirigiu a maior parte do tempo fui eu, foram 18 horas. A minha esposa dirige não faz muito tempo, então ela dirigiu na saída da Flórida, no engarrafamento. Mas na estrada quem dirigiu fui eu. Cheguei lá bem cansado, mas, como era sexta-feira, deu tempo de descansar até a luta. Cheguei e já pude me alongar bastante e dormi a noite toda", revelou.

A estratégia deu certo e Durinho, descansado durante o final de semana, contou com o apoio do UFC para custear a casa que alugou para ficar com a família. Depois disso, a chegada de seus parceiros de treino permitiu que ele se preparasse de forma adequada e cortasse o peso para o duelo contra Jason Saggo, que marcou seu primeiro nocaute na organização.

"O nocaute é diferente", revelou, se empolgando ao narrar a conquista. "A finalização é legal porque o cara desiste, ele 'pede para sair'. Quando ele dá os três tapinhas, ele está pedindo para parar, como se fosse 'eu não aguento mais, me solta'. No nocaute não dá nem tempo do cara bater. Quando eu vi, ele já estava apagado e eu percebi isso rápido. Nem precisei dar mais um soco para terminar. Quando vi que ele estava apagado, eu já comemorei. É diferente , mas é tão bom quanto. Meu primeiro nocaute no UFC, era algo que já queria faz tempo".

Com o triunfo no currículo, agora é hora de pensar no futuro. Com negociações bem encaminhadas para sua renovação com o evento e disposto a correr atrás do tempo perdido e evitar o jejum de um ano afastado dos cages, Durinho se adiantou e pediu por um adversário.

"Acho que não posso dar um pulo para o top 5, não faria sentido nem para o evento. Mas eu quero lutas que vão vender, que o público gosta. Um cara que eu estou de olho é o Olivier Aubin-Mercier, que lutou no mesmo evento que eu. Creio que seria uma boa luta. Ele também é um cara da luta agarrada, é um judoca, aceita muito a luta de chão. Acho que seria uma luta ideal para mim. É um cara que está no mesmo patamar que eu no ranking. É uma luta que faz bastante sentido", finalizou.