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Equívoco e polêmica, Entenda como Lyoto Machida foi suspenso por 18 meses

Alex Trautwig/Getty Images
Imagem: Alex Trautwig/Getty Images

23/11/2016 09h00

 

Desde abril deste ano, o lutador do UFC Lyoto Machida está impedido de competir após um polêmico exame antidoping realizado às vésperas de sua luta contra Dan Henderson. Enquanto cedia as amostras de urina e sangue para os agentes da USADA (agência americana de controle antidoping), o carateca admitiu, ao ver a lista de substâncias proibidas entregue pelos fiscais, que havia feito uso do suplemento 7-Keto-DHEA. Este, por sua vez, é considerado irregular para atletas de alta performance, embora seja facilmente encontrado em farmácias nos EUA.

Como mora em Los Angeles (EUA), Lyoto usou, em entrevista ao programa ‘MMA Hour’ na última segunda-feira (21), o argumento de que o produto não é ilegal no país, além de ter afirmado ainda em abril que o suplemento entrou na lista de veto da USADA apenas no início deste ano e que a entidade não teria atuado da forma correta para informar os competidores sobre quais produtos usar ou não.

E com base nessa argumentação do carateca, ex-campeão dos meio-pesados (93 kg), a Ag. Fight fez uma análise mais profunda para entender o motivo que levou à punição de 18 meses do brasileiro. Para isso, foram consultados um fisiologista, dois empresários, dois lutadores e um escritório de advocacia especializado em casos de doping, além da própria assessoria de imprensa da Usada (após meses de tentativas, Lyoto não conversou com a reportagem).

Confira os pontos-chaves para entender o caso:

1- Antes de mais nada, é preciso entender o que é e para que é usado o DHEA (desidroepiandrosterona). Este hormônio sexual secundário nada mais é do que o precurssor no corpo da testosterona e do estrogênio. Já o suplemento 7-Keto-DHEA é um metabólico derivado deste hormônio, portanto não se trata de um esteroide anabolizante em si, mas é proibido por agências de controle antidoping justamente por alterar níveis hormonais dos pacientes. Apesar disso, o suplemento atua na melhoria no metabolismo do corpo, perda de peso e até na prevenção de doenças degenerativas.

2- Apesar de ser comercializado facilmente nos EUA e sua venda ser regulamentada por farmácias, o suplemento em questão é proibido no Brasil, e a reposição do hormônio DHEA é estritamente controlada e realizada apenas sob prescrição médica.

3- Quando afirmou, ainda em abril, que o 7-Keto-DHEA entrou na lista de proibição da USADA apenas no início da temporada 2016, Lyoto se equivocou. O suplemento, assim como qualquer outro derivado do hormônio em questão, se tornou proibido pela Wada (agência mundial de controle antidoping) ainda em 2012, antes mesmo das Olimpíadas de Londres, e a nova lista passou a entrar em vigor justamente naquela edição dos Jogos.

4- Wada e Usada. Para que fique claro, as duas entidades são independentes entre si. No entanto, a Usada, uma empresa autônoma contratada pelo UFC para gerir os exames em seus atletas, segue desde sua criação a lista oficial da Wada, agência que controla os testes em todos os esportes olímpicos. Portanto, qualquer alteração na ordem e nomenclatura de produtos e substâncias proibidas pela Wada, a Usada automaticamente segue a mudança.

5- Falta de informação! Esse ponto é fundamental e único. Afinal, a agência estabelece relação direta apenas com os atletas, os informando trimestralmente de qualquer possível alteração tanto na lista de proibições como nos dados dos competidores (endereços e viagens, por exemplo). Desta forma, cabe apenas ao carateca e à entidade saberem se, de fato, houve falha na comunicação. Os atletas e empresários ouvidos pela reportagem garantiram que nunca encontraram dificuldades para contatar ou tirar dúvidas com os fiscais da Usada.

Com todos esses dados em mãos após sete meses de análise, a entidade puniu o brasileiro com 18 meses de suspensão das competições a partir da data do teste. Por sua vez, Lyoto reconheceu o erro por ter ingerido uma substância proibida, mas criticou a entidade por não ter levado em consideração a sua honestidade ao revelar o uso do suplemento antes mesmo do resultado do exame.

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