Equívoco e polêmica, Entenda como Lyoto Machida foi suspenso por 18 meses
Como mora em Los Angeles (EUA), Lyoto usou, em entrevista ao programa ‘MMA Hour’ na última segunda-feira (21), o argumento de que o produto não é ilegal no país, além de ter afirmado ainda em abril que o suplemento entrou na lista de veto da USADA apenas no início deste ano e que a entidade não teria atuado da forma correta para informar os competidores sobre quais produtos usar ou não.
E com base nessa argumentação do carateca, ex-campeão dos meio-pesados (93 kg), a Ag. Fight fez uma análise mais profunda para entender o motivo que levou à punição de 18 meses do brasileiro. Para isso, foram consultados um fisiologista, dois empresários, dois lutadores e um escritório de advocacia especializado em casos de doping, além da própria assessoria de imprensa da Usada (após meses de tentativas, Lyoto não conversou com a reportagem).
Confira os pontos-chaves para entender o caso:
1- Antes de mais nada, é preciso entender o que é e para que é usado o DHEA (desidroepiandrosterona). Este hormônio sexual secundário nada mais é do que o precurssor no corpo da testosterona e do estrogênio. Já o suplemento 7-Keto-DHEA é um metabólico derivado deste hormônio, portanto não se trata de um esteroide anabolizante em si, mas é proibido por agências de controle antidoping justamente por alterar níveis hormonais dos pacientes. Apesar disso, o suplemento atua na melhoria no metabolismo do corpo, perda de peso e até na prevenção de doenças degenerativas.
2- Apesar de ser comercializado facilmente nos EUA e sua venda ser regulamentada por farmácias, o suplemento em questão é proibido no Brasil, e a reposição do hormônio DHEA é estritamente controlada e realizada apenas sob prescrição médica.
3- Quando afirmou, ainda em abril, que o 7-Keto-DHEA entrou na lista de proibição da USADA apenas no início da temporada 2016, Lyoto se equivocou. O suplemento, assim como qualquer outro derivado do hormônio em questão, se tornou proibido pela Wada (agência mundial de controle antidoping) ainda em 2012, antes mesmo das Olimpíadas de Londres, e a nova lista passou a entrar em vigor justamente naquela edição dos Jogos.
4- Wada e Usada. Para que fique claro, as duas entidades são independentes entre si. No entanto, a Usada, uma empresa autônoma contratada pelo UFC para gerir os exames em seus atletas, segue desde sua criação a lista oficial da Wada, agência que controla os testes em todos os esportes olímpicos. Portanto, qualquer alteração na ordem e nomenclatura de produtos e substâncias proibidas pela Wada, a Usada automaticamente segue a mudança.
5- Falta de informação! Esse ponto é fundamental e único. Afinal, a agência estabelece relação direta apenas com os atletas, os informando trimestralmente de qualquer possível alteração tanto na lista de proibições como nos dados dos competidores (endereços e viagens, por exemplo). Desta forma, cabe apenas ao carateca e à entidade saberem se, de fato, houve falha na comunicação. Os atletas e empresários ouvidos pela reportagem garantiram que nunca encontraram dificuldades para contatar ou tirar dúvidas com os fiscais da Usada.
Com todos esses dados em mãos após sete meses de análise, a entidade puniu o brasileiro com 18 meses de suspensão das competições a partir da data do teste. Por sua vez, Lyoto reconheceu o erro por ter ingerido uma substância proibida, mas criticou a entidade por não ter levado em consideração a sua honestidade ao revelar o uso do suplemento antes mesmo do resultado do exame.
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