Shilton reconhece "grandeza" de Maradona mas segue sem digerir a "mão de Deus"
Londres, 26 Nov 2020 (AFP) - Diego Maradona, que morreu na quarta-feira aos 60 anos, possuía "grandeza, mas não espírito esportivo", disse o ex-goleiro da Inglaterra Peter Shilton, que foi vítima do famoso gol da "mão de Deus" nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986.
Shilton, de 71 anos, disse ao Daily Mail que não gostou do fato de a lenda do futebol argentino nunca ter se desculpado pelo primeiro de seus dois gols na vitória por 2 a 1 no México.
Maradona, que Shilton descreveu como "o melhor jogador que já enfrentei", marcou mais duas vezes na vitória das semifinais contra a Bélgica e levantou a Copa do Mundo depois que a Argentina derrotou a Alemanha Ocidental na final, por 3 a 2.
"O que eu não gosto é que ele nunca se desculpou", disse Shilton. "Em nenhum momento ele disse que havia trapaceado e que gostaria de se desculpar", acrescentou. "Em vez disso, ele usou sua frase de 'a mão de Deus'" e "aquilo não foi certo", disse ele. "Parece que ele tinha grandeza, mas infelizmente não tinha espírito esportivo".
Com 125 atuações pela seleção inglesa, Shilton, que venceu a Copa da Europa duas vezes com o Nottingham Forest, acrescentou: "Minha vida está ligada à vida de Diego Maradona há muito tempo, e não da maneira de que eu gostaria".
"Mas me entristece saber que ele morreu tão jovem", disse ele. "Ele foi sem dúvida o melhor jogador que já enfrentei e os meus pensamentos estão com a sua família".
- Um talento especial -Peter Shilton diz que a seleção inglesa ainda estava nocauteada pela "trapaça" de Maradona quando o astro argentino marcou seu espetacular segundo gol: "Foi um grande gol, mas não tínhamos dúvidas: sem o primeiro gol ele não teria marcado o segundo".
Shilton, que chegou às semifinais da Copa do Mundo de 1990, onde a Inglaterra perdeu para a Alemanha nos pênaltis, também contou que teve a oportunidade de aparecer ao lado de Maradona em várias ocasiões.
"Minha posição foi sempre a mesma: que eu faria com prazer se achasse que ele iria se desculpar", disse o ex-goleiro. Nesse caso, "eu teria apertado sua mão. Mas nunca me deram qualquer indicação de que isso iria acontecer".
"Uma vez me pediram para ir a um programa de televisão com ele na Argentina. Mas, novamente, não me pareceu certo", lembrou Shilton. "Senti que tudo ia ser um truque, por isso fiquei longe e acho que tomei a decisão correta".
O ex-goleiro inglês diz que espera que o famoso gol não ofusque a espantosa habilidade do argentino: "Espero que não manche o legado de Maradona".
"Como eu disse, ele era um grande jogador (...) Está lá em cima, com gente como o Pelé", frisou. "Ele tinha um talento especial e é difícil acreditar que faleceu com apenas 60 anos".
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Daily Mail
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