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Ronaldinho Gaúcho completa um mês preso no Paraguai

Ronaldinho após audiência com Justiça do Paraguai em 5 de março de 2020 - NORBERTO DUARTE/AFP
Ronaldinho após audiência com Justiça do Paraguai em 5 de março de 2020 Imagem: NORBERTO DUARTE/AFP

04/04/2020 13h24

Ronaldinho Gaúcho completa neste sábado (4) um mês preso no Paraguai, onde chegou com supostos fins beneficentes e acabou detido em um quartel da polícia em Assunção, ao lado do irmão Roberto Assis, pelo uso de passaportes falsos. Os irmãos aguardam julgamento e podem receber pena de até cinco anos de prisão pelo uso de documento original com conteúdo falsificado.

"Eles ficarão no país o tempo que for necessário", declarou o promotor Federico Delfino a jornalistas, explicando que Ronaldinho e o irmão estão envolvidos em uma investigação de produção e tráfico ilegal de passaportes que já prendeu 16 pessoas. Outros detentos afirmaram que, há alguns dias, o campeão do mundo de 2002 perdeu uma partida de futevôlei dentro da prisão contra outros dois presos, um sentenciado por assassinato e outro por roubo. A informação e as imagens da partida viralizaram nas redes sociais. Ninguém se responsabiliza pelas informações e imagens que vazam das atividades de Ronaldinho dentro da prisão. Tanto guardas quanto detentos temem punição por violar o regulamento interno.

Ex-companheiro de Barcelona, o ex-zagueiro espanhol Carles Puyol admitiu publicamente que conversou por celular com o amigo, o que coincide com informações de que o Ministério Público devolveu o aparelho ao astro brasileiro ao fim da perícia ao qual foi submetido. O aniversário de 40 anos de Ronaldinho, em 21 de março, também não passou despercebido. Teve churrasco dentro da cadeia e vários de seus amigos do futebol lhe deram parabéns por Facebook e Instagram.

Já é de conhecimento público que detentos e policiais que convivem com Ronaldinho na prisão o adoram e fazem de tudo para deixá-lo à vontade e confortável.

Calvário

Em 4 de março, Ronaldinho foi recebido com festo na aeroporto internacional de Assunção. Cerca de 2.000 crianças gritavam seu nome no momento em que apareceu na salão de desembarque. Muitas vestiam a camisa da seleção brasileira com o número 10 nas costas que ele usava nos tempos de jogador. O craque havia sido recrutado pela fundação "Fraternidad Angelical", encabeçada pela empresária paraguaia Dalia López.

Naquela mesma noite começou o calvário. Uma comitiva policial e judicial foi até seu hotel e confiscou os celulares e os documentos do ex-jogador e de seu irmão e empresario, Roberto Assis.

No dia 5 de março, os dois irmãos foram até a sede do Ministério Público do Paraguai para depor. Ficaram no local por oito horas. Ao fim do interrogatório, o promotor responsável pelo caso recomendou ao juiz que os brasileiros respondessem às acusações em liberdade, com a condição de que admitissem terem usado passaportes adulterados e que pagassem fiança. O promotor Federico Delfino argumentou que Ronaldinho e Assis "foram enganados em sua boa fé" a apresentar passaportes adulterados, uma declaração que encadeou uma crise interna e levou à renúncia do diretor de Imigração do Paraguai.

Baseado no depoimento do promotor, o juiz determinou a liberdade condicional de Ronaldinho, mas repassou o caso para a Procuradora-Geral do Estado, Sandra Quiñonez. Foi quando tudo mudou. Agentes uniformizados foram até o hotel na noite de sexta-feira (6) e prenderam a dupla, levada ao Grupamento Especializado da Polícia.

"Perigo de fuga"

Algemados, Ronaldinho e Assis compareceram ao tribunal diante da juíza Clara Ruiz Díaz, que manteve as prisões. "Eles cometeram um crime punível grave. Estão reunidos os requisitos exigidos para a prisão preventiva", sentenciou a juíza.

Na terça-feira (10), o juiz de apelação, Gustavo Amarilla, determinou que os irmãos Assis Moreira permanecessem presos alegando "perigo de fuga". Desde então, 30 dias depois de sua chegada ao Paraguai, o ex-jogador espera sua liberdade entre churrascos, futebol de salão ou futevôlei e rodeado de prisioneiros que o idolatram. "Ele nunca deveria ter sido preso", declarou à AFP Rogelio Delgado, líder do sindicato de jogadores do Paraguai.

"Ronaldinho e Assis não sabiam que os passaportes eram irregulares, para eles eram legais", declarou o advogado brasileiro Sergio Queiroz, integrante da equipe jurídica que tentará libertar o melhor jogador do mundo de 2005.