Kanter, pivô turco do Celtics, critica Erdogan por ofensiva contra curdos
Washington, 22 Out 2019 (AFP) - O pivô turco do Boston Celtics da NBA, Enes Kanter, criticou nesta terça-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan pela ofensiva militar que lançou há duas semanas contra as forças curdas no norte da Síria.
"(Erdogan) não respeita os direitos humanos", denunciou o veterano em uma entrevista para a rede americana CNN. "Não há democracia. Não há liberdade de expressão ou religiosa na Turquia".
"Definitivamente, é um homem muito mau", disse Kanter sobre Erdogan. "Eu o chamei de Hitler de nosso século por uma razão".
O jogador, que assinou com os Celtics depois de jogar com os New York Knicks e Portland Trail Blazers na temporada passada, fez um alerta sobre os acontecimentos no norte da Síria.
"Tenho muitos amigos curdos e são pessoas incríveis. O que está acontecendo é uma tragédia humana porque muitos homens, mulheres, crianças e bebês inocentes estão morrendo. E acho que a Turquia deveria interromper sua invasão na Síria", declarou Kanter.
O turco, de 27 anos, garantiu que continuará manifestando sua opinião apesar da ameaça de represálias contra ele e sua família na Turquia. "Estou tentando despertar uma consciência sobre o que está sucedendo porque tenho uma plataforma", esclareceu. "Estou tentando ser a voz de todas essas pessoas inocentes que não têm voz. É muito triste porque no fim das contas é meu país. Amo meu país", afirmou.
Na Turquia, país com grande tradição e torcida no basquete, o governo de Erdogan considera Kanter um criminoso por seu apoio ao clérigo americano Fethullah Gulen, a quem acusa de organizar um golpe de estado em 2016.
O apoio de Kanter a Gulen fez com que as autoridades turcas pedissem à Interpol uma ordem de prisão, o que poderia teoricamente desencadear na detenção do jogador caso ele deixe os Estados Unidos. A televisão turca se negou a transmitir as partidas da NBA em que Kanter aparece.
As novas declarações políticas do pivô ameaçam também desatar uma nova tormenta extra-esportiva na NBA após a crise diplomática de início de outubro que afetou as relações entre a liga americana e chinesa devido a um tuíte do executivo do Houston Rockets, Daryl Morey, em apoio aos manifestantes pró-democracia de Hong Kong.
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