'Pequeno Messi afegão' passa do sonho ao pesadelo
Cabul, 7 dez 2018 (AFP) - A história de Murtaza Ahmadi, o pequeno Messi afegão, emocionou o mundo em 2016. Mas após o sonho de ter conhecido o craque argentino, o menino vive o pesadelo dos inúmeros refugiados que se afastaram de casa pelo conflito com os talibãs.
A imagem inundou os veículos de comunicação e as redes sociais. Murtaza, 6 anos, improvisou uma camisa de futebol da seleção da Argentina com sacolas plásticas com as cores da bandeira do país. Nas costas, desenhou o nome de Messi e o número 10.
A imagem permitiu a Murtaza conhecer seu ídolo em 2016, no Catar, durante amistoso do FC Barcelona. O menino entrou em campo de mãos dadas com Messi, que o presenteou com o uniforme completo do Barça e uma camisa da Argentina autografada por todos jogadores e uma bola.
Mas o breve momento de felicidade passou. Sua família foi obrigada a fugir do distrito de Jaghori em novembro, por conta da ofensiva talibã na província de Ghanzi, ao sul da capital afegã.
A AFP encontrou com sua família em Cabul, onde se refugiou e vive em um quarto alugado numa casa compartilhada.
- Salvar nossas vidas -A mãe de Murtaza relata a fuga precipitada após ouvir disparos de armas de fogo. "Não pudemos levar nada, só salvar nossas vidas", lembra Shafiqa, com rosto meio coberto por um véu.
A família Ahmadi pertence à etnia hazara, de confissão xiita. Em Jaghori, os talibãs sunitas executaram uma operação militar contra algumas milícias hazara, forçando aproximadamente 4.000 famílias a fugir, segundo as Nações Unidas (ONU).
Foram dias de combates que causaram a morte de centenas de soldados, insurgentes, milicianos e civis, um "absoluto terror", de acordo com testemunhos recolhidos pela AFP.
O medo foi ainda maior para a família Ahmadi, que afirma que os insurgentes procuravam por Murtaza. "Não sei porque os talibãs o detestam desde que se tornou famoso. Disseram que iriam capturá-lo, que o cortariam em pedaços", garante Shafiqa.
Sob o regime talibã, de 1996 a 2001, o esporte não era tolerado e o estádio de futebol de Cabul se tornou um lugar notório de execuções.
Durante sua fuga, Shafiqa conta que escondeu o rosto de seu filho para que não fosse reconhecido. Entre as coisas que precisaram deixar para trás estão os presentes de Messi, que o pai, que permanece em Jaghori, conserva preciosamente.
- "Quero ser como Messi" -Apesar das forças de segurança terem repelido a ofensiva talibã, os Ahmadi não se sentem seguros.
Antes mesmo de fugir da ameaça, Shafiqa relata o medo de perder seu filho. "Existiam criminosos que acreditaram que Messi tinha nos dado muito dinheiro e ameaçavam sequestrar Murtaza", lamenta-se a mãe.
A família chegou a fugir para o Paquistão para pedir asilo, mas precisou retornar a Jaghori pois não havia "nem dinheiro, nem trabalho" no país vizinho.
Murtaza parou de frequentar o colégio, pelo temor da família de que o menino fosse levado. "Durante a noite, às vezes víamos desconhecidos vigiando nossa casa. E tinham os telefonemas", diz Shafiqa.
Murtaza faz parte agora dos mais de 300.000 refugiados que deixaram suas casas desde o início do ano por conta do conflito com os talibãs, dos quais 58% têm menos de 18 anos, segundo contagem da ONU.
Por outro lado, Murtaza quer voltar a recuperar seu uniforme e sua bola de futebol para "jogar com ele".
"Sinto saudades do Messi. Quando vir, direi 'Salam' e '¿cómo estás?'. Ele vai me responder: 'estoy bien' e 'seja prudente'. Depois eu o acompanharei ao campo de futebol e o verei jogar", diz Murtaza.
"O que quero é estar próximo dele, que me ajude a sair deste lugar. Quando crescer, quero ser como Messi", acrescentou o menino.
A imagem inundou os veículos de comunicação e as redes sociais. Murtaza, 6 anos, improvisou uma camisa de futebol da seleção da Argentina com sacolas plásticas com as cores da bandeira do país. Nas costas, desenhou o nome de Messi e o número 10.
A imagem permitiu a Murtaza conhecer seu ídolo em 2016, no Catar, durante amistoso do FC Barcelona. O menino entrou em campo de mãos dadas com Messi, que o presenteou com o uniforme completo do Barça e uma camisa da Argentina autografada por todos jogadores e uma bola.
Mas o breve momento de felicidade passou. Sua família foi obrigada a fugir do distrito de Jaghori em novembro, por conta da ofensiva talibã na província de Ghanzi, ao sul da capital afegã.
A AFP encontrou com sua família em Cabul, onde se refugiou e vive em um quarto alugado numa casa compartilhada.
- Salvar nossas vidas -A mãe de Murtaza relata a fuga precipitada após ouvir disparos de armas de fogo. "Não pudemos levar nada, só salvar nossas vidas", lembra Shafiqa, com rosto meio coberto por um véu.
A família Ahmadi pertence à etnia hazara, de confissão xiita. Em Jaghori, os talibãs sunitas executaram uma operação militar contra algumas milícias hazara, forçando aproximadamente 4.000 famílias a fugir, segundo as Nações Unidas (ONU).
Foram dias de combates que causaram a morte de centenas de soldados, insurgentes, milicianos e civis, um "absoluto terror", de acordo com testemunhos recolhidos pela AFP.
O medo foi ainda maior para a família Ahmadi, que afirma que os insurgentes procuravam por Murtaza. "Não sei porque os talibãs o detestam desde que se tornou famoso. Disseram que iriam capturá-lo, que o cortariam em pedaços", garante Shafiqa.
Sob o regime talibã, de 1996 a 2001, o esporte não era tolerado e o estádio de futebol de Cabul se tornou um lugar notório de execuções.
Durante sua fuga, Shafiqa conta que escondeu o rosto de seu filho para que não fosse reconhecido. Entre as coisas que precisaram deixar para trás estão os presentes de Messi, que o pai, que permanece em Jaghori, conserva preciosamente.
- "Quero ser como Messi" -Apesar das forças de segurança terem repelido a ofensiva talibã, os Ahmadi não se sentem seguros.
Antes mesmo de fugir da ameaça, Shafiqa relata o medo de perder seu filho. "Existiam criminosos que acreditaram que Messi tinha nos dado muito dinheiro e ameaçavam sequestrar Murtaza", lamenta-se a mãe.
A família chegou a fugir para o Paquistão para pedir asilo, mas precisou retornar a Jaghori pois não havia "nem dinheiro, nem trabalho" no país vizinho.
Murtaza parou de frequentar o colégio, pelo temor da família de que o menino fosse levado. "Durante a noite, às vezes víamos desconhecidos vigiando nossa casa. E tinham os telefonemas", diz Shafiqa.
Murtaza faz parte agora dos mais de 300.000 refugiados que deixaram suas casas desde o início do ano por conta do conflito com os talibãs, dos quais 58% têm menos de 18 anos, segundo contagem da ONU.
Por outro lado, Murtaza quer voltar a recuperar seu uniforme e sua bola de futebol para "jogar com ele".
"Sinto saudades do Messi. Quando vir, direi 'Salam' e '¿cómo estás?'. Ele vai me responder: 'estoy bien' e 'seja prudente'. Depois eu o acompanharei ao campo de futebol e o verei jogar", diz Murtaza.
"O que quero é estar próximo dele, que me ajude a sair deste lugar. Quando crescer, quero ser como Messi", acrescentou o menino.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.