Futebol ameaça o reinado do beisebol em Cuba
Havana, 30 Nov 2018 (AFP) - Drible, chute e goooool! Ele está na televisão, tomou conta das ruas e roubou a preferência de crianças e jovens. Em Cuba, o futebol estremece as bases de um reinado do beisebol de quase 150 anos.
"O futebol aqui estava no chão e agora está superando o esporte nacional" no que se refere a popularidade, declarou com pesar à AFP Humberto Nicolás Reyes, de 69 anos e que há 40 ensina beisebol, esporte que disputou sua primeira partida oficial na ilha em 1874.
O orgulho de Reyes é que alguns dos garotos que começaram a jogar beisebol com ele, como Yonder Alonso e Alex Sánchez, chegaram à MLB, a Liga de beisebol dos Estados Unidos, a meca do esporte. Mas o professor lamenta: "todo mundo está indo para o futebol".
O beisebol, que voltará a ser um esporte olímpico nos Jogos de Tóquio-2020 após 12 anos de ausência, rendeu três ouros olímpicos e 25 títulos mundiais para Cuba, mas, nas ruas, o futebol é quem manda agora, embora somente 25.000 pessoas joguem futebol organizado, contra 46.000 para o beisebol.
"Hoje, as crianças, os jovens, têm um pouco mais de impulso de ir para o futebol do que para o beisebol", explicou à AFP o técnico da seleção cubana de futebol, Raúl Mederos.
Nas ruas da ilha, é comum ver torcedores de Barcelona e Real Madrid em debate quentes, madrugando para ver um jogo, ou crianças e jovens vestindo camisas de seus ídolos, Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar, enquanto chutam e tocam uma bola.
"Jogam futebol em todos os lugares", se vangloria o estudante de educação física Alejandro Izquierdo, de 19 anos, que sonha em ver Cuba "em outra Copa do Mundo".
Cuba só participou uma vez da Copa do Mundo, a primeira edição da competição na França em 1938, porque todos os adversários de seu grupo nas eliminatórias haviam desistido de participar.
- Estão "matando" o beisebol -Com a globalização e um forte apoio da televisão cubana, o futebol foi ganhando espaço em Cuba e conseguiu cativar grande parte dos fãs que historicamente gostavam de beisebol.
"Aqui há oito equipes de beisebol que jogam às duas horas da tarde, mas seus jogos não são transmitidos, preferem transmitir o futebol do Barcelona", lamenta Eduardo Medina, um apaixonado por beisebol de 65 anos, enquanto assiste a um duelo válido pelo campeonato local no Estádio Latino-americano, a catedral do beisebol cubano.
"O que isso quer dizer? Quer dizer que estão matando a 'pelota'", como é chamado o beisebol em Cuba, sentencia Medina.
A partir da Espanha-1982, a televisão começa a transmitir jogos da Copa do Mundo de futebol e, desde a Copa dos Estados Unidos-1994, as partidas são transmitidas ao vivo. Os jogos das principais ligas europeias e a Liga dos Campeões também têm grande espaço na TV.
Já os jogos da MLB americana começaram a ser transmitidos em 2013, mas só os que não incluem jogadores de beisebol cubanos considerados desertores pelo governo. Em 2017, a TV transmitiu pela primeira vez a final da MLB, a World Series, mas, em 2018, os torcedores não tiveram como acompanhar o evento.
"Essas coisas foram dilacerando a torcida em Cuba pelo beisebol", lamenta Pablo Díaz, um torcedor de 32 anos.
A queda na qualidade do beisebol cubano também influenciou profundamente na reconfiguração da preferência nacional. Vítima de uma onda de fugas de suas principais estrelas rumo aos Estados Unidos, Cuba não vence um evento importante desde a Copa Intercontinental de 2006.
A esse motivo se soma a escassez de campos e a falta de investimento. Na ilha, uma luva de beisebol custa o mesmo que uma bola de futebol, cerca de 30 dólares -o equivalente ao salário médio mensal no país-, mas, para montar uma equipe de beisebol, são necessárias nove luvas, além de bastões e bolas.
- "Saber conviver" -Mederos garante que o beisebol "é o esporte nacional e isso ninguém vai mudar". Por isso, "temos que saber conviver com o beisebol", como já acontece em outros países da região, como Venezuela e Panamá.
Contudo, Mederos propõe também tirar proveito "ao máximo dessa juventude e dessas crianças que estão nascendo e crescendo assistindo ao futebol" para impulsionar um esporte de resultados historicamente decepcionantes em Cuba.
Enfraquecida por deserções e pela falta de representatividade internacional, a seleção cubana de futebol viveu seu melhor momento sobre o comando do técnico peruano Miguel Company (2000-2004), empatando duas vezes com a Costa Rica nas eliminatórias para a Copa do Mundo.
De olho na classificação à Copa Ouro da Concacaf-2019, o Instituto Cubano dos Esportes deu luz verde para que a seleção de futebol incorpore os jogadores que deixaram a ilha, mas que querem voltar a vestir a camisa de seu país. "Estamos dando passos decisivos", afirma Mederos.
O beisebol cubano também não ficou de braços cruzados: modificou o formato de seu campeonato para torná-lo mais competitivo e está reformando os principais estádios do país, enquanto sonha com a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
"O futebol aqui estava no chão e agora está superando o esporte nacional" no que se refere a popularidade, declarou com pesar à AFP Humberto Nicolás Reyes, de 69 anos e que há 40 ensina beisebol, esporte que disputou sua primeira partida oficial na ilha em 1874.
O orgulho de Reyes é que alguns dos garotos que começaram a jogar beisebol com ele, como Yonder Alonso e Alex Sánchez, chegaram à MLB, a Liga de beisebol dos Estados Unidos, a meca do esporte. Mas o professor lamenta: "todo mundo está indo para o futebol".
O beisebol, que voltará a ser um esporte olímpico nos Jogos de Tóquio-2020 após 12 anos de ausência, rendeu três ouros olímpicos e 25 títulos mundiais para Cuba, mas, nas ruas, o futebol é quem manda agora, embora somente 25.000 pessoas joguem futebol organizado, contra 46.000 para o beisebol.
"Hoje, as crianças, os jovens, têm um pouco mais de impulso de ir para o futebol do que para o beisebol", explicou à AFP o técnico da seleção cubana de futebol, Raúl Mederos.
Nas ruas da ilha, é comum ver torcedores de Barcelona e Real Madrid em debate quentes, madrugando para ver um jogo, ou crianças e jovens vestindo camisas de seus ídolos, Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar, enquanto chutam e tocam uma bola.
"Jogam futebol em todos os lugares", se vangloria o estudante de educação física Alejandro Izquierdo, de 19 anos, que sonha em ver Cuba "em outra Copa do Mundo".
Cuba só participou uma vez da Copa do Mundo, a primeira edição da competição na França em 1938, porque todos os adversários de seu grupo nas eliminatórias haviam desistido de participar.
- Estão "matando" o beisebol -Com a globalização e um forte apoio da televisão cubana, o futebol foi ganhando espaço em Cuba e conseguiu cativar grande parte dos fãs que historicamente gostavam de beisebol.
"Aqui há oito equipes de beisebol que jogam às duas horas da tarde, mas seus jogos não são transmitidos, preferem transmitir o futebol do Barcelona", lamenta Eduardo Medina, um apaixonado por beisebol de 65 anos, enquanto assiste a um duelo válido pelo campeonato local no Estádio Latino-americano, a catedral do beisebol cubano.
"O que isso quer dizer? Quer dizer que estão matando a 'pelota'", como é chamado o beisebol em Cuba, sentencia Medina.
A partir da Espanha-1982, a televisão começa a transmitir jogos da Copa do Mundo de futebol e, desde a Copa dos Estados Unidos-1994, as partidas são transmitidas ao vivo. Os jogos das principais ligas europeias e a Liga dos Campeões também têm grande espaço na TV.
Já os jogos da MLB americana começaram a ser transmitidos em 2013, mas só os que não incluem jogadores de beisebol cubanos considerados desertores pelo governo. Em 2017, a TV transmitiu pela primeira vez a final da MLB, a World Series, mas, em 2018, os torcedores não tiveram como acompanhar o evento.
"Essas coisas foram dilacerando a torcida em Cuba pelo beisebol", lamenta Pablo Díaz, um torcedor de 32 anos.
A queda na qualidade do beisebol cubano também influenciou profundamente na reconfiguração da preferência nacional. Vítima de uma onda de fugas de suas principais estrelas rumo aos Estados Unidos, Cuba não vence um evento importante desde a Copa Intercontinental de 2006.
A esse motivo se soma a escassez de campos e a falta de investimento. Na ilha, uma luva de beisebol custa o mesmo que uma bola de futebol, cerca de 30 dólares -o equivalente ao salário médio mensal no país-, mas, para montar uma equipe de beisebol, são necessárias nove luvas, além de bastões e bolas.
- "Saber conviver" -Mederos garante que o beisebol "é o esporte nacional e isso ninguém vai mudar". Por isso, "temos que saber conviver com o beisebol", como já acontece em outros países da região, como Venezuela e Panamá.
Contudo, Mederos propõe também tirar proveito "ao máximo dessa juventude e dessas crianças que estão nascendo e crescendo assistindo ao futebol" para impulsionar um esporte de resultados historicamente decepcionantes em Cuba.
Enfraquecida por deserções e pela falta de representatividade internacional, a seleção cubana de futebol viveu seu melhor momento sobre o comando do técnico peruano Miguel Company (2000-2004), empatando duas vezes com a Costa Rica nas eliminatórias para a Copa do Mundo.
De olho na classificação à Copa Ouro da Concacaf-2019, o Instituto Cubano dos Esportes deu luz verde para que a seleção de futebol incorpore os jogadores que deixaram a ilha, mas que querem voltar a vestir a camisa de seu país. "Estamos dando passos decisivos", afirma Mederos.
O beisebol cubano também não ficou de braços cruzados: modificou o formato de seu campeonato para torná-lo mais competitivo e está reformando os principais estádios do país, enquanto sonha com a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
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