Monumental de Buenos Aires, uma história de glórias e tragédias
Buenos Aires, 23 Nov 2018 (AFP) - O estádio Monumental, o maior da Argentina, que sediará no sábado a Superfinal da Copa Libertadores entre o dono da casa, o River Plate, e seu arquirrival Boca Juniors, foi construído por glórias e tragédias.
Foi o cenário onde a Argentina conquistou sua primeira Copa do Mundo em 1978, sob os olhares dos mandatários do país na tribuna de honra durante a sangrenta ditadura (1976-1983), uma ferida que sempre permaneceu aberta.
Também foi lá onde, em 1968, ocorreu uma catástrofe que resultou em 71 pessoas falecidas e deixou 113 feridos, a maioria jovens.
A dolorosa e famosa 'tragédia da portão 12' aconteceu ao término de um clássico entre River e Boca, quando centenas de pessoas caíram de uma escada escura e estreita ao tentar deixar o Monumental.
Nenhuma pessoa foi presa pelo acidente, que entrou para a história do futebol como uma tragédia absurda.
Algumas versões, nunca comprovadas, dizem que as catracas que controlavam a entrada da torcida do portão 12 do estádio não havia sido retiradas para o fim do jogo, que terminou 0 a 0.
Outros afirmam que o portão estava fechado. Já alguns acreditam que a polícia montou uma operação na saída para prender os torcedores que cantaram durante a partida a Marcha Peronista, canto partidário proibido durante a ditadura do general Juan Carlos Onganía.
O Monumental chegou a ter uma capacidade de 76.000 espectadores, embora ao longo dos anos esse número foi diminuindo e é atualmente de 63.000.
- Gritos e goles -A poucas quadras do Monumental se encontra a ex-Escola de Mecânica da Marinha (ESMA na sigla em espanhol), onde funcionou a maior prisão clandestina durante a última ditadura e de onde se escutavam os gritos da multidão no estádio.
Pela ESMA passaram cerca de 5.000 presos políticos, e de lá a maioria partiu nos chamados 'voos da morte' nos quais os prisioneiros eram drogados e jogados no Rio da Prata.
Anos depois, ex-presos relataram o contraste de sentimentos que sentiam ao escutar da prisão a festa da torcida no Monumental durante a Copa do Mundo de 1978.
"...Todos escutávamos o Mundial de alguma maneira, assistíamos na TV, ouvíamos o que se podia, mas também escutávamos os gritos do River, da ESMA escutávamos os gritos do River", lembrou há alguns anos Alicia Milia de Pirles, que ficou presa na ESMA por um ano e meio.
Somente em 1997, 14 anos depois do restabelecimento da democracia no país, o clube River Plate retirou da lista de seus membros honorários os nomes de Rafael Videla, Emilio Massera e Raúl Agosti, todos torcedores do clube e ex-mandatários da ditadura.
- Também é rock 'n' roll -A partir do fim da década de 1980, o Monumental se tornou o cenário favorito das grandes estrelas do rock 'n' roll que começaram a chegar à Argentina em grandes números.
O pontapé inicial nessa era musical foi dado no show Amnesty em outubro de 1988, contando com a presença de Sting, Peter Gabriel, Bruce Springsteen, Tracy Chapman entre outros.
A partir deste momento, os maiores artistas da música pisaram no Monumental: Madonna, os Rolling Stones, Paul McCartney, U2, Michael Jackson, os Guns 'n' Roses e Roger Waters foram alguns dos nomes que incendiaram o estádio.
- Ferradura e milhões -Erguido sobre um terreno às margens do Rio da Prata em 1938, o estádio manteve uma parte da arquibancada incompleta devido a problemas de financiamento. É por isso que durante muito tempo teve o formato de uma ferradura, apelido pelo qual era conhecido popularmente.
Só em 1957, com a venda à Juventus do jogador Enrique Sívori, ídolo do River Plate, o clube conseguiu construir a última parte da arquibancada para 'fechar' o estádio.
Aquela transferência, por um valor estratosférico para a época, também valeu ao River Plate o apelido de 'milionário', como ainda é conhecido.
No Monumental, a torcida 'milionária' comemorou triunfos memoráveis, o último deles sua terceira taça da Copa Libertadores, em 2015, e também chorou sua pior humilhação, quando foi rebaixado pela primeira vez em sua história à segunda divisão argentina, em 26 de junho de 2011.
O arquirrival Boca Juniors gosta de tirar sarro da suposta "frieza" do Monumental, onde a torcida fica muito longe do campo se comparado com a proximidade da Bombonera.
sa/nn/ol/am
JUVENTUS FOOTBALL CLUB
Foi o cenário onde a Argentina conquistou sua primeira Copa do Mundo em 1978, sob os olhares dos mandatários do país na tribuna de honra durante a sangrenta ditadura (1976-1983), uma ferida que sempre permaneceu aberta.
Também foi lá onde, em 1968, ocorreu uma catástrofe que resultou em 71 pessoas falecidas e deixou 113 feridos, a maioria jovens.
A dolorosa e famosa 'tragédia da portão 12' aconteceu ao término de um clássico entre River e Boca, quando centenas de pessoas caíram de uma escada escura e estreita ao tentar deixar o Monumental.
Nenhuma pessoa foi presa pelo acidente, que entrou para a história do futebol como uma tragédia absurda.
Algumas versões, nunca comprovadas, dizem que as catracas que controlavam a entrada da torcida do portão 12 do estádio não havia sido retiradas para o fim do jogo, que terminou 0 a 0.
Outros afirmam que o portão estava fechado. Já alguns acreditam que a polícia montou uma operação na saída para prender os torcedores que cantaram durante a partida a Marcha Peronista, canto partidário proibido durante a ditadura do general Juan Carlos Onganía.
O Monumental chegou a ter uma capacidade de 76.000 espectadores, embora ao longo dos anos esse número foi diminuindo e é atualmente de 63.000.
- Gritos e goles -A poucas quadras do Monumental se encontra a ex-Escola de Mecânica da Marinha (ESMA na sigla em espanhol), onde funcionou a maior prisão clandestina durante a última ditadura e de onde se escutavam os gritos da multidão no estádio.
Pela ESMA passaram cerca de 5.000 presos políticos, e de lá a maioria partiu nos chamados 'voos da morte' nos quais os prisioneiros eram drogados e jogados no Rio da Prata.
Anos depois, ex-presos relataram o contraste de sentimentos que sentiam ao escutar da prisão a festa da torcida no Monumental durante a Copa do Mundo de 1978.
"...Todos escutávamos o Mundial de alguma maneira, assistíamos na TV, ouvíamos o que se podia, mas também escutávamos os gritos do River, da ESMA escutávamos os gritos do River", lembrou há alguns anos Alicia Milia de Pirles, que ficou presa na ESMA por um ano e meio.
Somente em 1997, 14 anos depois do restabelecimento da democracia no país, o clube River Plate retirou da lista de seus membros honorários os nomes de Rafael Videla, Emilio Massera e Raúl Agosti, todos torcedores do clube e ex-mandatários da ditadura.
- Também é rock 'n' roll -A partir do fim da década de 1980, o Monumental se tornou o cenário favorito das grandes estrelas do rock 'n' roll que começaram a chegar à Argentina em grandes números.
O pontapé inicial nessa era musical foi dado no show Amnesty em outubro de 1988, contando com a presença de Sting, Peter Gabriel, Bruce Springsteen, Tracy Chapman entre outros.
A partir deste momento, os maiores artistas da música pisaram no Monumental: Madonna, os Rolling Stones, Paul McCartney, U2, Michael Jackson, os Guns 'n' Roses e Roger Waters foram alguns dos nomes que incendiaram o estádio.
- Ferradura e milhões -Erguido sobre um terreno às margens do Rio da Prata em 1938, o estádio manteve uma parte da arquibancada incompleta devido a problemas de financiamento. É por isso que durante muito tempo teve o formato de uma ferradura, apelido pelo qual era conhecido popularmente.
Só em 1957, com a venda à Juventus do jogador Enrique Sívori, ídolo do River Plate, o clube conseguiu construir a última parte da arquibancada para 'fechar' o estádio.
Aquela transferência, por um valor estratosférico para a época, também valeu ao River Plate o apelido de 'milionário', como ainda é conhecido.
No Monumental, a torcida 'milionária' comemorou triunfos memoráveis, o último deles sua terceira taça da Copa Libertadores, em 2015, e também chorou sua pior humilhação, quando foi rebaixado pela primeira vez em sua história à segunda divisão argentina, em 26 de junho de 2011.
O arquirrival Boca Juniors gosta de tirar sarro da suposta "frieza" do Monumental, onde a torcida fica muito longe do campo se comparado com a proximidade da Bombonera.
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