Auditoria revela excessos no passado da Fifa
Lausana, Suíça, 24 Jan 2018 (AFP) - É certo que a auditoria foi pedida por Gianni Infantino depois de assumir a presidência da Fifa, mas o documento ao qual a AFP obteve uma cópia revela os excessos nos gastos da entidade dos anos sob comando de Joseph Blatter, com abuso de uso de jatinhos particulares e pagamentos desregrados.
A análise nas contas da organização, entre 2006 e 2015, foi realizada pela empresa de auditoria suíça BDO. O documento foi entregue em outubro de 2017 e se manteve confidencial até agora.
O destaque é "a ausência de regras claras" que tem como consequência o reembolso de pagamentos que não estariam autorizados segundo as normas atuais. Como o caso de "dois ex-membros do comitê executivo da Fifa", cujos nomes não foram revelados, que aproveitaram a pouca rigidez para recuperar 780.000 e 390.000 dólares respectivamente em um ano.
Em outro exemplo, um "dirigente do alto escalão da Fifa" conseguiu reembolso de 300.000 dólares no período de cinco anos, apesar das contas estarem sob o nome da federação de seu país. Segundo fonte próxima ao caso questionada pela AFP, se trataria do tailandês Worawi Makudi, suspenso por cinco anos pela Fifa por outros casos.
Chuck Blazer, um dos dirigentes de destaque da 'era Blatter' e que se tornou informante do FBI antes de falecer, também apareceu no relatório. O americano recebia milhões de dólares por contratos de direitos de televisão e pediu reembolso de dois voos de ida e volta para participar de dois eventos da Fifa em dias próximos. Blazer só fez um voo e o valor recebido foi de 13.000 dólares.
- Jatinhos particulares -O filho do ex-membro do comitê executivo representante da Costa Rica, Isaac Sasso, obteve 15.000 dólares de indenizações e de gastos por um evento da Fifa em que seu pai não participava.
A auditoria também permite ver "a ausência de procedimentos de aprovação" da utilização de jatos privados pelo secretário-geral da época, o francês Jérôme Valcke, suspenso e suspeito de corrupção pela justiça suíça. A Fifa gastou em média 4,9 milhões de dólares por ano neste tipo de transporte.
Em 2016, primeiro ano do mandato de Infantino, "os gastos com voos em jatos particulares baixaram em 88% em relação ao período 2010-2014", destaca a BDO.
Até março de 2014, Blatter e Valcke eram os únicos que disponibilizavam de fundos depositados em contas separadas, destinadas a apoiar obras de caridade ou para organizar sua eleição.
O ex-presidente subvencionava amplamente a "Fundação Blatter" criada em sua cidade natal, Viège. "Havia poucos controles destas contas, inclusive quando apareciam nos balanços da Fifa", destaca a auditoria. "Não existe um marco para sua utilização, resultando no risco do ex-presidente e do ex-secretário-geral utilizarem para seu próprio interesse", constata.
Desta forma, entre 2006 e 2014 um "alto responsável", que não é outro senão Blatter, deu mais de 2,5 milhões de dólares para organizações de caridade de Viège.
- Zonas sombrias -Para corrigir as disfunções, o documento destaca uma série de medidas promovidas pela comissão de reformas da qual Infantino fazia parte antes mesmo de sua eleição. As mudanças foram aprovadas pelo Congresso da Fifa em fevereiro de 2016.
"Melhorias consideráveis para o governo, a composição e a independência das comissões, da conformidade, das finanças, da comercialização de direitos e do apoio ao desenvolvimento do futebol ou da venda de ingressos", destaca a auditoria.
Existem críticas externas à Fifa que apontam a maneira como os mandatos dos presidentes da Comissão de Ética não foram renovados. O presidente da Comissão de Governo, Miguel Maduro, teve que deixar o posto quando Infantino foi acusado de ter bloqueado o trabalho deste órgão.
"As reformas e as melhoras devem ainda terminar, apesar de um número alto já terem sido aplicadas", acrescentou a BDO. "Muitas destas reformas são únicas no governo das organizações esportivas e poderiam servir de exemplo", acrescentou.
Nesta quarta-feira, a Assembleia parlamentar do Conselho da Europa debate em Estrasburgo um relatório da deputada luxemburguesa Anne Brasseur, no qual se evidenciam as zonas sombrias da atual gestão da Fifa, questionando sobretudo o modo de governo desde a eleição de Infantino.
A análise nas contas da organização, entre 2006 e 2015, foi realizada pela empresa de auditoria suíça BDO. O documento foi entregue em outubro de 2017 e se manteve confidencial até agora.
O destaque é "a ausência de regras claras" que tem como consequência o reembolso de pagamentos que não estariam autorizados segundo as normas atuais. Como o caso de "dois ex-membros do comitê executivo da Fifa", cujos nomes não foram revelados, que aproveitaram a pouca rigidez para recuperar 780.000 e 390.000 dólares respectivamente em um ano.
Em outro exemplo, um "dirigente do alto escalão da Fifa" conseguiu reembolso de 300.000 dólares no período de cinco anos, apesar das contas estarem sob o nome da federação de seu país. Segundo fonte próxima ao caso questionada pela AFP, se trataria do tailandês Worawi Makudi, suspenso por cinco anos pela Fifa por outros casos.
Chuck Blazer, um dos dirigentes de destaque da 'era Blatter' e que se tornou informante do FBI antes de falecer, também apareceu no relatório. O americano recebia milhões de dólares por contratos de direitos de televisão e pediu reembolso de dois voos de ida e volta para participar de dois eventos da Fifa em dias próximos. Blazer só fez um voo e o valor recebido foi de 13.000 dólares.
- Jatinhos particulares -O filho do ex-membro do comitê executivo representante da Costa Rica, Isaac Sasso, obteve 15.000 dólares de indenizações e de gastos por um evento da Fifa em que seu pai não participava.
A auditoria também permite ver "a ausência de procedimentos de aprovação" da utilização de jatos privados pelo secretário-geral da época, o francês Jérôme Valcke, suspenso e suspeito de corrupção pela justiça suíça. A Fifa gastou em média 4,9 milhões de dólares por ano neste tipo de transporte.
Em 2016, primeiro ano do mandato de Infantino, "os gastos com voos em jatos particulares baixaram em 88% em relação ao período 2010-2014", destaca a BDO.
Até março de 2014, Blatter e Valcke eram os únicos que disponibilizavam de fundos depositados em contas separadas, destinadas a apoiar obras de caridade ou para organizar sua eleição.
O ex-presidente subvencionava amplamente a "Fundação Blatter" criada em sua cidade natal, Viège. "Havia poucos controles destas contas, inclusive quando apareciam nos balanços da Fifa", destaca a auditoria. "Não existe um marco para sua utilização, resultando no risco do ex-presidente e do ex-secretário-geral utilizarem para seu próprio interesse", constata.
Desta forma, entre 2006 e 2014 um "alto responsável", que não é outro senão Blatter, deu mais de 2,5 milhões de dólares para organizações de caridade de Viège.
- Zonas sombrias -Para corrigir as disfunções, o documento destaca uma série de medidas promovidas pela comissão de reformas da qual Infantino fazia parte antes mesmo de sua eleição. As mudanças foram aprovadas pelo Congresso da Fifa em fevereiro de 2016.
"Melhorias consideráveis para o governo, a composição e a independência das comissões, da conformidade, das finanças, da comercialização de direitos e do apoio ao desenvolvimento do futebol ou da venda de ingressos", destaca a auditoria.
Existem críticas externas à Fifa que apontam a maneira como os mandatos dos presidentes da Comissão de Ética não foram renovados. O presidente da Comissão de Governo, Miguel Maduro, teve que deixar o posto quando Infantino foi acusado de ter bloqueado o trabalho deste órgão.
"As reformas e as melhoras devem ainda terminar, apesar de um número alto já terem sido aplicadas", acrescentou a BDO. "Muitas destas reformas são únicas no governo das organizações esportivas e poderiam servir de exemplo", acrescentou.
Nesta quarta-feira, a Assembleia parlamentar do Conselho da Europa debate em Estrasburgo um relatório da deputada luxemburguesa Anne Brasseur, no qual se evidenciam as zonas sombrias da atual gestão da Fifa, questionando sobretudo o modo de governo desde a eleição de Infantino.
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