Topo

Ex-presidente do Barça investe no futebol chinês

Joan Laporta, ex-presidente do Barcelona - AFP PHOTO / JOSEP LAGO
Joan Laporta, ex-presidente do Barcelona Imagem: AFP PHOTO / JOSEP LAGO

20/06/2017 12h32

Pequim, 20 Jun 2017 (AFP) - Os chineses gastaram milhões de euros com a compra de Milan, Inter de Milão e Aston Villa, mas quando são os europeus que decidem investir no país asiático, os valores são muito menores.

Um grupo de empresários espanhóis, entre eles o ex-presidente do Barcelona, Joan Laporta, decidiu apostar no clube 'Beijing Institute of Technology' (BIT), transformando a equipe no primeiro país da China a contar com capital estrangeiro.

O time amarga a terceira divisão do futebol do país e quando os investidores chegaram, encontraram um grupo de jogadores com sobrepeso.

Apesar disso, o grupo espanhol CSSB optou por comprar 29% do time, mas o valor da transação não foi revelado.

A empresa foi fundada por dois veteranos da direção catalã, como Laporta, presidente do Barcelona entre 2003 e 2010, e o ex-diretor geral do clube entre 2008 e 2010, Joan Oliver.

"Queremos implementar o mesmo sistema do Barcelona, especialmente na criação de uma academia para jovens jogadores", explicou Lola Sánchez, diretora geral da CSSB.

A operação do grupo espanhol contrasta com a tendência dos investidores chineses, que apostam em clubes históricos como os já citados, ou mais recentemente, no Manchester City e no Atlético de Madri.

Além disso, os times do gigante asiático desembolsaram milhões para contar com o serviço de estrelas estrangeiras. Os gastos correm em paralelo com o desejo do presidente da China, Xi Jinping, de organizar, e vencer, uma Copa do Mundo.

- Nova dieta -A realidade é bem diferente da do outro lado. A média de idade dos jogadores do BIT é de 23 anos, a maioria deles estudantes. O treinador é o espanhol Robert Ahufinger.

"Um dos principais objetivos é mudar a mentalidade. Queremos transformá-los em vencedores", explicou Ahufinger, que conversa com os atletas em espanhol, sempre acompanhado de tradutores para passar as instruções em chinês.

Cinco espanhóis trabalham na China neste projeto, entre eles três treinadores e um ex-diretor esportivo do CF Reus, da segunda divisão da Espanha, também propriedade da CSSB.

"Os primeiros meses foram muito difíceis, mas pouco a pouco estamos conseguimos que, tanto o clube quanto os jogadores, assimilem nossas ideias", garantiu Ahufinger.

Sánchez lembrou que quando assumiram o time "muitos dos jogadores estavam com sobrepeso. Comiam o que queriam, como doces, no descanso dos jogos".

Um nutricionista espanhol colocou os jogadores dentro da linha e impôs uma dieta. O porco e os pratos repletos de molho foram substituídos por frango, peixe e verduras.

"É mais saudável e metódico", indicou o estudante de marketing He Zichao, zagueiro de 25 anos.

"Antes, o clube inspecionava nossos quartos e colocava muitas regras", lembrou. "Os espanhóis são mais simpáticos, mas pedem que nós estejamos 100% nos dias dos jogos".

- Objetivo: chegar à elite -A China está fazendo grandes esforços para o futebol desenvolver rapidamente. Está previsto que o número de escolas de futebol aumente das 13.000 atuais para 40.000 em 2020, com o objetivo de transformar o país numa potência do esporte até 2050.

"Todo mundo sabe que a China tem um grande potencial", indicou Sánchez. "Mas acreditamos que os clubes chineses não estão desenvolvendo o futebol da melhor maneira", acrescentou.

O objetivo do grupo espanhol é levar o time para a segunda divisão, e depois para a elite do futebol chinês.

"Se conseguirmos, o valor do clube vai aumentar rapidamente, assim como o valor do nosso investimento", avaliou Sánchez.

Luo Bin, vice-diretor geral do time, concordou com as palavras de Sánchez e garantiu que o time não poderia ter crescido se fosse financiado 100% por chineses.

"Vendemos para nos beneficiarmos dos conceitos futebolísticos mais avançados do panorama mundial", explicou.