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Liberty aposta no entretenimento, após 'era Ecclestone' na F1

25/01/2017 16h40

Paris, 25 Jan 2017 (AFP) - Os encarregados da Liberty media, nova proprietária da Fórmula 1, aceleraram a saída do emblemático chefão Bernie Ecclestone para começar a desenvolver o quanto antes um espetáculo diferente, que possa aumentar o potencial de marketing da categoria mais importante do automobilismo.

"É um grande esporte, mas claro que precisa de melhorias. Até certo ponto, precisamos de um novo ponto de partida", disse o novo diretor, Chase Carey, em entrevista à BBC.

"O que queremos é um novo olhar. Não temos outra ambição além de fazer um esporte fantástico para o torcedores", acrescentou.

O novo proprietário pretende iniciar uma revolução cultural no esporte, historicamente dominado por europeus.

"Há muito tempo essa mudança é necessária. M.Carey, desejo muito sucesso para engrandecer nosso esporte", escreveu o alemão Nico Rosberg, campeão mundial da última temporada.

Ecclestone acompanharia a transição durante três anos, mas foi demitido e nomeado presidente de honra.

"Acho que a Liberty Media pode colocar um pouco de pimenta, quem sabe até 'americanizar' tudo isso. São gênios do show bis e é o que precisamos agora", acrescentou o ex-piloto para a agência alemã SID.

Aumentar a audiênciaA mudança para aumentar o entretenimento da F1, que sofreu queda na audiência nos últimos anos, é compartilhada por outros personagens da categoria.

"Outro ciclo começa, tudo vai mudar. É uma oportunidade para todos nós. Os americanos fazem entretenimento como ninguém, mas sem perder de vista o aspecto esportivo", falou Toto Wolff, chefe da Mercedes, para a SID.

"Bernie desenvolveu o esporte nos mercados emergentes e a Liberty provavelmente vai tentar atrair a audiência americana, graças aos meios tradicionais. Isso poderia aumentar o atrativo do esporte para novas marcas e gerações mais jovens", explicou à AFP Alex Kelmam, encarregado de negócios esportivos no escritório britânico Lewis Silkin.

Está previsto um aumento no número de corridas, de 20 para 25 Grandes Prêmios(GP), além da implementação de mudanças que evitem a crítica que o antigo chefe da Ferrari, Ross Brawn fez à BBC: "você assiste um GP e não entende direito o que está acontecendo".

Brawn foi contratado por Carey para estudar as melhoras que podem ser feitas no regulamento, com o objetivo de eliminar os elementos que deixam o espetáculo desinteressante.

Transparência e pluralidade"Queremos que a corrida seja um grande espetáculo. Se você vem passar o fim de semana para ver um GP, você precisa se divertir do início ao fim", disse Brawn.

Esta mudança deve satisfazer as redes de televisão, que estão decepcionadas com o produto oferecido nos últimos anos e com a queda na audiência.

"Insistimos constantemente sobre o regulamento, que é complicado demais, cria muitas perguntas que não tem respostas simples. E isso não é bom, porque o telespectador fica com dúvida", indicou um responsável da RTL Alemanha, rede de TV do país.

O campeão Damon Hill é um dos poucos que vai contra a corrente: "uma das minhas dúvidas é a introdução excessiva de atrativos para o esporte. O que faz a F1 atrativa é a competição entre carros, com os melhores pilotos e as pistas mais difíceis do mundo".

Além das corridas, a direção da F1 vai em direção a transparência e pluralidade inéditas, depois de 40 anos de "ditadura Ecclestone", segundo as palavras de Carey, na segunda-feira.

A Liberty propõe associar as escuderias ao capital da F1. Segundo Kelham, "as equipes vão ter oportunidade de renegociar pontos que Ecclestone nunca quis mexer".

cha/pga/pm/fa

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