Fortalecer a mente, uma opção ainda tabu no futebol
Paris, 16 dez 2016 (AFP) - Ainda é um cargo pouco conhecido no futebol e os clubes preferem manter a discrição quando utilizam seus serviços. Preparadores mentais, porém, vêm socorrer jogadores que muitas vezes são mais frágeis do que aparentam, submetidos à urgência da performance e à pressão do esporte de ponta.
No Campeonato Francês, apenas o Caen não esconde contar com um preparador mental na comissão técnica à disposição dos jogadores: Gérard Baglin, de 66 anos. "A preparação mental segue sendo um tabu", explica à AFP este especialista em sofrologia e psicologia.
Alguns treinadores não encaram de maneira positiva terem suas qualidades de "líder de homens" questionadas, explica Baglin, e os jogadores relutam em pedir ajuda diante dos companheiros.
No Caen, diante de resultados ruins em 2014, após a volta à primeira divisão, reuniões coletivas foram organizadas para dar a palavra aos jogadores. "Um deles começou a se expressar. Os outros jogadores falaram: 'a gente não te conhecia!'. Isso libertou esse jogador e mudou a maneira dos outros jogadores olharem para ele", lembra o psicólogo.
Sessões individuais, jogos, desenhos... As técnicas são diversas para estimular os jogadores em crise de confiança. Há também a "visualização mental", um exercício de "consciência relaxada". "Pedimos para que visualize uma imagem, um gesto técnico que deu errado por exemplo. Em seguida vamos desprogramar o rastro deste gesto em seu cérebro para mobilizá-lo no gesto ideal, na imagem de um voleio perfeito", explica Baglin.
- 150 euros por hora -Raphael Homat, preparador mental de 36 anos, trabalhou com os ex-jogadores do Caen Dennis Appiah e Neal Maupay, hoje no Brest, da 2ª divisão, depois de passar por Nice e Saint-Etienne.
"Eu nunca trabalhei com um clube, é uma boa maneira de continuar independente", afirma. "O jogador paga a consulta, cerca de 150 euros por sessão de uma hora", e "não sofre a pressão do vestiário ou de ter que prestar contas ao técnico ou dirigente".
Homat também é um adepto da visualização mental ou de técnicas como o "switch": "preparar com os jogadores palavras-chave ou uma frase que vão ajudar a mudar seu estado de espírito" e eliminar pensamentos parasitas.
Esses profissionais, porém, não precisam de diploma para trabalhar como preparadores mentais, o que pode ser perigoso.
"Alguns não são muito sérios", alerta Makis Chamalidis, psicólogo do esporte que trabalha há vinte anos com futebol, tênis e golfe. "Pode haver muito papo furado, muita vontade de se vender, e muitas vezes há esquemas com empresários".
- 'Uma população frágil' -A preparação mental vem sendo muito mais utilizada em outros países com campeonatos competitivos. "Quando vejo clubes como Barcelona ou Arsenal com verdadeiras equipes dedicadas a isso, não é por acaso", lembra Chamalidis.
A prática, porém, se desenvolve nos rastros dos jogadores de tênis, que "têm o costume de montar seus staffs, escolher as pessoas que vão dar o suporte necessário para gerir o estresse ou ansiedade", lembra Homat.
Cada vez mais os jogadores de futebol se transformam em "chefes de empresas que buscam investimentos para ajudar na carreira e não ficam só esperando ver o que o clube oferece", analisa o especialista.
Na agenda de Homat, encontram-se os nomes de mais de vinte jogadores do Campeonato Francês, alguns deles atendidos por duas a quatro horas por mês. "É uma população frágil. Muitas pessoas os veem como abastados e é delicado você ir a público para se queixar de algo. Há muito estresse e ansiedade".
No Campeonato Francês, apenas o Caen não esconde contar com um preparador mental na comissão técnica à disposição dos jogadores: Gérard Baglin, de 66 anos. "A preparação mental segue sendo um tabu", explica à AFP este especialista em sofrologia e psicologia.
Alguns treinadores não encaram de maneira positiva terem suas qualidades de "líder de homens" questionadas, explica Baglin, e os jogadores relutam em pedir ajuda diante dos companheiros.
No Caen, diante de resultados ruins em 2014, após a volta à primeira divisão, reuniões coletivas foram organizadas para dar a palavra aos jogadores. "Um deles começou a se expressar. Os outros jogadores falaram: 'a gente não te conhecia!'. Isso libertou esse jogador e mudou a maneira dos outros jogadores olharem para ele", lembra o psicólogo.
Sessões individuais, jogos, desenhos... As técnicas são diversas para estimular os jogadores em crise de confiança. Há também a "visualização mental", um exercício de "consciência relaxada". "Pedimos para que visualize uma imagem, um gesto técnico que deu errado por exemplo. Em seguida vamos desprogramar o rastro deste gesto em seu cérebro para mobilizá-lo no gesto ideal, na imagem de um voleio perfeito", explica Baglin.
- 150 euros por hora -Raphael Homat, preparador mental de 36 anos, trabalhou com os ex-jogadores do Caen Dennis Appiah e Neal Maupay, hoje no Brest, da 2ª divisão, depois de passar por Nice e Saint-Etienne.
"Eu nunca trabalhei com um clube, é uma boa maneira de continuar independente", afirma. "O jogador paga a consulta, cerca de 150 euros por sessão de uma hora", e "não sofre a pressão do vestiário ou de ter que prestar contas ao técnico ou dirigente".
Homat também é um adepto da visualização mental ou de técnicas como o "switch": "preparar com os jogadores palavras-chave ou uma frase que vão ajudar a mudar seu estado de espírito" e eliminar pensamentos parasitas.
Esses profissionais, porém, não precisam de diploma para trabalhar como preparadores mentais, o que pode ser perigoso.
"Alguns não são muito sérios", alerta Makis Chamalidis, psicólogo do esporte que trabalha há vinte anos com futebol, tênis e golfe. "Pode haver muito papo furado, muita vontade de se vender, e muitas vezes há esquemas com empresários".
- 'Uma população frágil' -A preparação mental vem sendo muito mais utilizada em outros países com campeonatos competitivos. "Quando vejo clubes como Barcelona ou Arsenal com verdadeiras equipes dedicadas a isso, não é por acaso", lembra Chamalidis.
A prática, porém, se desenvolve nos rastros dos jogadores de tênis, que "têm o costume de montar seus staffs, escolher as pessoas que vão dar o suporte necessário para gerir o estresse ou ansiedade", lembra Homat.
Cada vez mais os jogadores de futebol se transformam em "chefes de empresas que buscam investimentos para ajudar na carreira e não ficam só esperando ver o que o clube oferece", analisa o especialista.
Na agenda de Homat, encontram-se os nomes de mais de vinte jogadores do Campeonato Francês, alguns deles atendidos por duas a quatro horas por mês. "É uma população frágil. Muitas pessoas os veem como abastados e é delicado você ir a público para se queixar de algo. Há muito estresse e ansiedade".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.