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Wenger completa duas décadas no comando do Arsenal com clássico londrino

23/09/2016 15h03

Londres, 23 Set 2016 (AFP) - Em meio a instabilidade que marca a função de treinador no futebol atual, Arsène Wenger contraria a lógica ao completar nesta sexta-feira vinte anos no comando do Arsenal, um aniversário que será festejado no sábado, com o clássico londrino contra o Chelsea.

As duas décadas marcaram a história do futebol inglês, com a era dourada do início da década passada, a rivalidade acirrada com José Mourinho e a seca amarga que marcou os últimos anos.

Quando assumiu o comando oficialmente, no dia 22 de setembro de 1996, Wenger foi recebido na imprensa britânico com títulos como "Arsène who ?" (Arsène quem ?). Ninguém pensava que o homem magro, que vestia paletó azul e gravata vermelha, ainda estaria no cargo vinte anos depois.

É verdade que sua experiência anterior tinha sido no Japão, com o Nagoya, o que gerou vários questionamentos, embora o francês já ostentasse um currículo de respeito à frente do Monaco, com o qual foi campeão francês em 1988.

- Era dourada dos 'frenchies' -Na primeira década à frente dos 'Gunners', de 1996 a 2006, Wenger transformou o 'Boring Arsenal', time antes conhecido por praticar um jogo chato, literalmente, numa máquina de vitórias, com estilo ofensivo e vistoso.

Neste período, o clube londrino foi tricampeão da Premier League, em 1998, 2002 e 2004 e ainda conquistou quatro vezes a Copa da Inglaterra (1998, 2002, 2003 e 2005).

A obra-prima foi a temporada 2003-2004, na qual os "Invincibles Gunners" foram campeões invictos.

Durante a era, o francês era o idioma da moda no clube: além do treinador, grandes destaques do time vieram do país vizinho, como Nicolas Anelka, Thierry Henry, Patrick Vieira, Sylvain Wiltord ou Robert Pirès.

Wenger também mudou a forma de preparar os jogos, implementando regras estritas de higiene de vida ao banir a cervejinha e o 'fish and chips' (lanche tradicional de peixe à milanesa com batata frita) de outrora.

A final da Liga dos Campeões de 2006 deveria ter sido o auge da era Wenger, mas a derrota de virada por 2 a 1 para o Barcelona, com gol do brasileiro Belletti, no Stade de France acabou marcando início a uma série de problemas.

- Troca de farpas com 'Mou' -Na temporada seguinte, o custo altíssimo da construção do Emirates Stadium acabou resultando na venda de jogadores importantes, como Nasri, Fabregas ou Van Persie e Wenger passou a ser criticado, em um momento em que a concorrência estava cada vez mais acirrada na Premier League.

O francês passou a apostar principalmente em jovens promessas, uma estratégia que não surtiu efeito, pelo menos curto e médio prazo.

O clube chegou a ficar longos nove anos sem títulos, um jejum que só acabou com o bicampeonato na Copa da Inglaterra, em 2014 e 2015.

Nos últimos anos, o francês vem trocando farpas com o sempre polêmico José Mourinho, com várias provocações através da imprensa.

Os dois técnicos chegaram a brigar à beira do gramado, durante um clássico Arsenal-Chelsea de 2014.

De acordo com a biografia de 'Mou' a ser publicada no fim do mês, que teve trechos divulgados nesta sexta-feira, o português, que comanda hoje o Manchester United, chegou a afirmar em uma conversa privada: "um dia, eu encontrarei com ele fora de campo para arrebentar sua cara".

"Não vou comentar isso. Não li o livro e certamente não vou lê-lo no futuro", respondeu o francês nesta sexta-feira.

- Fábregas reencontra o mentor -O reencontro entre os dois está marcado para o dia 19 de novembro, em Old Trafford, mas a partida na qual Wenger festejará seu 'aniversário' de 20 anos diante da sua torcida, neste sábado, será justamente contra o Chelsea.

Os 'Blues' já estregaram outro momento simbólico do francês no passado, com goleada de 6 a 0 em Stamford Bridge na sua milésima partida como treinador na Premier League.

"Ás vezes, se você for julgado apenas em cima dos resultados, um erro pode se pagar muito caro no futuro", avisou o italiano Antonio Conte, novo técnico do Chelsea.

"Acho que Wenger está fazendo um bom trabalho. É fantástico permanecer vinte anos no mesmo clube", elogiou.

No Emirates Stadium, Wenger reencontrará o espanhol Cesc Fábregas, que lançou como profissional aos 16 anos com os 'Gunners', e hoje defende o rival londrino.

Sua presença em campo, porém, não está nada garantida. O meia vem perdendo espaço desde a chegada de Conte, mas os dois gols marcados com o time misto dos 'Blues' na prorrogação de terça-feira contra o Leicester podem facilitar o reencontro com o mentor.

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