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Liga dos Campeões rumo a uma virada mais elitista

23/08/2016 16h18

Paris, 23 Ago 2016 (AFP) - Desde que Michel Platini virou carta fora do baralho, existem rumores de que a Uefa pode abrir mão da política de inclusão de pequenos países para dar mais espaço a clubes de maior tradição na Liga dos Campeões, com quatro vagas diretas para Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália.

"Uma consulta sobre a evolução da Liga dos Campeões foi iniciada, com diferentes atores representados no conselho estratégico da Uefa (clubes, jogadores, ligas, federações, detentores de direitos de transmissão e patrocinadores). Propostas devem ser apresentadas à assembleia geral da Associação Europeia de Clubes (ECA), nos dias 5 e 6 de setembro, em Genebra", respondeu a Uefa, nesta terça-feira respondendo a uma solicitação da AFP.

De acordo com os jornais Gazzetta dello Sport, da Itália, e Mundo Deportivo, da Espanha, essa reforma pode ser definida mais cedo, em reuniões de dirigentes Uefa que estarão presentes em Mônaco para os sorteios da Liga dos Campeões, na quinta-feira, e da Liga Europa, na sexta.

Quem baterá o martelo será certamente o comitê executivo da Uefa, que se reunirá no dia 15 de setembro, em Atenas, no dia seguinte da eleição do novo presidente da entidade, sucessor de Platini.

O ex-craque francês foi afastado do cargo em dezembro, por conta de um pagamento suspeito que recebeu de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa. Ambos foram banidos do futebol, por quatro e seis anos, respectivamente.

Platini teve a iniciativa de dar mais peso a campeões nacionais de cada país para 'democratizar' a Liga dos Campeões, o que também foi visto como uma forma de assegurar votos de pequenas federações.

- Itália beneficiada -Para o período 2018-2021, a ideia é "manter um torneio com 32 times, com oito grupos de quatro, mas com conceito mais próximo de uma Superliga", ou seja, uma competição mais fechada, revelou a Gazzetta.

O jornal italiano e o Mundo Deportivo explicam que haveria "quatro vagas garantidas (sem precisar passar pela fase preliminar) para os quatro primeiros colocados de cada uma das quatro grandes nações de futebol (Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália).

A grande beneficiada dessa reforma seria a Itália, que no formato atual tem apenas duas vagas garantidas e outra por meio da fase preliminar.

Para Espanha, Inglaterra e Alemanha, não mudaria tanto: a única diferença é que não haveria necessidade de o quarto colocado do campeonato disputar a fase preliminar.

De acordo com o Mundo Deportivo, França, Portugal e Rússia seriam prejudicadas, com apenas duas vagas garantidas, perdendo a terceira, definida na pré-Champions. Outras fontes alegam que a França manteria o mesmo número de vagas.

- Evolução constante -O formato atual é ligado ao índice da Uefa, que é baseado no sucesso dos clubes do país nas últimas temporadas. A França ficou em sexto na temporada passada. Se cair para sétimo, terá apenas uma equipe com vaga garantida e outra tendo que disputar a fase preliminar.

O jornal espanhol também indica que Ucrânia, Holanda, Turquia e Suíça teriam um clube cada classificado diretamente.

Cinco clubes de outros países garantiriam a vaga através depois de passar por várias fases da Pré-Champions, contra dez hoje em dia.

O formato da maior competição de clube da Europa não parou de evoluir desde a primeira edição, na temporada 1955-1956.

A primeira grande mudança ocorreu na temporada 1992-1993, que deu início à fase de grupos e acabou com o formato 100% composto por confrontos de mata-mata.

A última evolução foi em agosto de 2015, com a iniciativa de Platini de dar prioridade a campeões nacionais para a definição das cabeças de chave, em detrimento do índice Uefa.

As negociações dos próximos dias prometem ser tensas e podem acabar com essa lógica, tornando o torneio mais elitista.

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