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Brasil supera trauma e conquista título que faltava na sua coleção

20/08/2016 20h36

Rio de Janeiro, 20 Ago 2016 (AFP) - Depois de muitas decepções, o futebol brasileiro finalmente superou o 'trauma' e conquistou o que tanto desejava, a medalha de ouro olímpica. E para completar a festa, o título aconteceu dentro de casa, no estádio do Maracanã, onde foi disputada a final dos Jogos Rio-2016, com uma vitória dramática, nos pênaltis, sobre a Alemanha.

Após empate de 1-1 no tempo normal (Neymar abriu o placar para o Brasil aos 26 do primeiro tempo e Maximillian Meyer empatou aos 13 do segundo tempo), que prosseguiu na prorrogação, a conquista do título olímpico veio em uma disputa de pênaltis que foi um teste para cardíacos: 5-4, com Neymar convertendo a última cobrança.

No Maracanã, templo do futebol, o Brasil conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio no esporte que é a paixão de seu povo, como ficou mais uma vez comprovado com o estádio lotado, e conquistou o único título que faltava em seu histórico de vitórias, que inclui nada menos que cinco títulos de Copa do Mundo, oito da Copa América, quatro Copas das Confederações, entre outros.

Depois de três medalhas de prata (Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012) e duas de bronze (Atlanta-1996 e Pequim-2008), a seleção liderada por Neymar iniciou a campanha nos Jogos Olímpicos pressionada para conquistar o ouro inédito.

Para complicar ainda mais a situação, os resultados mais recentes do Brasil provocaram um misto de revolta e indiferença entre os torcedores: a humilhante goleada de 7-1 para a Alemanha - mesmo rival na final olímpica - nas semifinais da Copa do Mundo de 2014, em pleno Mineirão, e as eliminações precoces nas últimas edições da Copa América.

O cenário ficou mais conturbado a pouco menos de dois meses do início dos Jogos Olímpicos. Após a eliminação na primeira fase da Copa América Centenário, o técnico Dunga - que também pretendia comandar a equipe olímpica - foi demitido da seleção principal.

Tite foi anunciado como o novo técnico da seleção, mas decidiu que o comando da equipe olímpica ficaria com Rogério Micale, que já estava trabalhando com a seleção de base nos últimos anos.

Micale convocou os 18 jogadores para as Olimpíadas, 15 com idade abaixo dos 23 anos e três acima, como permite o regulamento: o astro Neymar (Barcelona), o atacante Douglas Costas (Bayern de Munique) e o goleiro Fernando Prass (Palmeiras).

Os dois últimos, no entanto, foram cortados por lesões, sendo substituídos por Renato Augusto (Beijing Guoan, China) e Wewerton (Atlético Paranaense). Além disso, Fred (Shakhtar Donetsk) cedeu sua vaga a Wallace (Grêmio).

- Início ruim, fim dourado -A campanha no Rio-2016 começou com dois empates em 0-0 contra as modestas seleções da África do Sul e do Iraque, o que aumentou a pressão e as críticas. Na terceira partida da primeira fase, o futebol apareceu e o Brasil goleou a Dinamarca por 4-0, garantindo o primeiro lugar do Grupo A e a vaga nas quartas de final.

O jogo seguinte, contra a Colômbia em São Paulo, foi tenso e com jogadas violentas, mas o Brasil venceu por 2-0, com direito ao primeiro gol de Neymar nas Olimpíadas. Nas semifinais, um passeio de 6-0 contra Honduras no Maracanã.

E na final, o sonho virou realidade: Neymar e cia tiveram um jogo muito mais duro que muitos esperavam contra o time sub-23 da Alemanha. Depois do 1-1, pênaltis, com aproveitamento perfeito dos dois lados até a quinta cobrança germânica.

Quis o destino que Weverton, convocado às pressas por Micale para o lugar do lesionado Fernando Prass, se tornasse um dos heróis do ouro inédito.

Nils Petersen cobrou e o goleiro do Atlético Paranaense defendeu para delírio da torcida. Na quinta e última cobrança do Brasil, Neymar estabeleceu o 5-4: apoteose nas arquibancadas, vitória e medalha de ouro.

Depois de tanto ambicionar a medalha de ouro, o futebol brasileiro finalmente espantou seus fantasmas olímpicos e concretizou o desejo de um país inteiro.