Com o adeus de Isinbayeva, salto com vara perde sua 'czarina'
Rio de Janeiro, 20 Ago 2016 (AFP) - A "czarina" do salto com vara, Yelena Isinbayeva, que escolheu os Jogos do Rio - dos quais foi excluída - para anunciar sua aposentadoria, soube conjugar resultados esportivos e doses de glamour para dar popularidade a uma modalidade reservada há algumas décadas para os homens.
"Yelena Isinbayeva termina sua carreira hoje". A atleta de 34 anos fala de si mesma na terceira pessoa, como fazem todos os que querem ressaltar ainda mais uma personalidade fora do comum.
De figura esbelta, Isinbayeva foi um dos símbolos do atletismo na última década. "É um esporte que também é um espetáculo. E quando participo de uma competição, apesar de raramente haver suspense pela falta de adversários, sempre tento oferecer um bom show", explicou em 2005, em plena glória esportiva.
Nessa época, Usain Bolt não era sequer uma jovem esperança do atletismo e muito menos a atual lenda.
A russa tratava todos com suficiência, o que a fazia saltar 20 centímetros mais alto que suas adversárias.
Nascida em 3 de junho de 1982 em Volgrado, antigamente conhecida como Stalingrado, a pequena Yelena começou a praticar ginástica artística aos cinco anos em um clube de sua cidade.
Na adolescência cresceu tanto que aos 15 anos perdeu toda a esperança de poder se destacar nesse esporte, reservada para meninas muito miúdas.
E a adolescente morena se encontrou com uma vara nas mãos nas instalações do clube do Exército Vermelho (CSKA) sob a direção de Yevgueni Trofimov.
E se abriu diante dela um novo futuro em uma modalidade reservada aos homens, até que em meados dos anos 1990 passou a receber mulheres graças à evolução dos materiais.
Primeira a conquistar 5 metrosEla ficou conhecida no mundo em 2003, com 21 anos, quando estabeleceu um novo recorde mundial, saltando 4,82 m. Foi o primeiro de uma longa série de 28 recordes no total (15 outdoor e 13 indoor).
No dia 22 de julho de 2005, em Londres, entrou para a história ao ser a primeira mulher a superar a marca simbólica dos 5 metros.
Como Sergey Bubka em sua época, Isinbayeva se torna adepta do progresso passo a passo. Assim, ia melhorando seu recorde aos poucos, até os 5,06 m em 2009, marca que continua vigente na atualidade.
Graças a isso, otimizou seus prêmios e ganhou o carinho dos torcedores, a quem sempre mandava beijos, e dos telespectadores, que viam na russa uma bela atleta com olhos azuis que conquistavam as câmeras.
Esse protagonismo nas pistas lhe deu o título de diva que ela não parou de alimentar.
Como no estádio Ninho do Pássaro de Pequim, nos Jogos de 2008, no dia em que os chineses choravam a eliminação por lesão do ídolo Liu Xiang, o campeão dos 110 m com obstáculos em Atenas-2004, a czarina deu um banho nas massas à noite.
Em dois saltos assegurou seu segundo título olímpico, com uma marca de 4,85 m. Depois esquentou o ambiente saltando na terceira tentativa os 4,95 m, apenas pelo prazer de continuar na pista.
E com todo o estádio olhando para ela, ao ter acabado as outras provas programadas para este dia, estabeleceu um novo recorde mundial, fixado naquele dia nos 5,05 m.
A decepção de LondresQuatro anos mais tarde, depois de uma pausa de quase um ano, nada parecia poder impedir um terceiro ouro em Londres, mas ela não encontrou o ponto certo e com um salto de 4,70 m ficou com o bronze, atrás da americana Jennifer Suhr e da cubana Yarisley Silva.
Voltou a ser a czarina um ano depois, ganhando em Moscou seu terceiro título mundial, anunciando que deixaria o atletismo para conquistar seu outro grande sonho - ser mãe - afirmando que sua meta esportiva era retornar às pistas para conseguir o terceiro ouro olímpico no Rio.
Acostumada a realizar tudo o que se propunha, Isinbayeva não pôde participar no Rio-2016. Nunca deu positivo em um exame antidoping, mas foi vítima da decisão da IAAF de excluir todos os atletas russos após ser revelado um sistema generalizado de doping no atletismo desse país.
A czarina, entretanto, se guarda para uma última vitória: sua eleição como membro da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional - um golpe na IAAF.
No dia seguinte da nomeação, anuncia seu adeus às pistas com críticas a Sebastian Coe, presidente do organismo que rege o atletismo a nível mundial.
O ex-atleta britânico se mostrou nesta sexta-feira "impaciente por trabalhar com ela", e os encontros entre o lorde e a czarina ameaçam ser explosivos.
fbr-pga/ig/mcd/cb/mvv
"Yelena Isinbayeva termina sua carreira hoje". A atleta de 34 anos fala de si mesma na terceira pessoa, como fazem todos os que querem ressaltar ainda mais uma personalidade fora do comum.
De figura esbelta, Isinbayeva foi um dos símbolos do atletismo na última década. "É um esporte que também é um espetáculo. E quando participo de uma competição, apesar de raramente haver suspense pela falta de adversários, sempre tento oferecer um bom show", explicou em 2005, em plena glória esportiva.
Nessa época, Usain Bolt não era sequer uma jovem esperança do atletismo e muito menos a atual lenda.
A russa tratava todos com suficiência, o que a fazia saltar 20 centímetros mais alto que suas adversárias.
Nascida em 3 de junho de 1982 em Volgrado, antigamente conhecida como Stalingrado, a pequena Yelena começou a praticar ginástica artística aos cinco anos em um clube de sua cidade.
Na adolescência cresceu tanto que aos 15 anos perdeu toda a esperança de poder se destacar nesse esporte, reservada para meninas muito miúdas.
E a adolescente morena se encontrou com uma vara nas mãos nas instalações do clube do Exército Vermelho (CSKA) sob a direção de Yevgueni Trofimov.
E se abriu diante dela um novo futuro em uma modalidade reservada aos homens, até que em meados dos anos 1990 passou a receber mulheres graças à evolução dos materiais.
Primeira a conquistar 5 metrosEla ficou conhecida no mundo em 2003, com 21 anos, quando estabeleceu um novo recorde mundial, saltando 4,82 m. Foi o primeiro de uma longa série de 28 recordes no total (15 outdoor e 13 indoor).
No dia 22 de julho de 2005, em Londres, entrou para a história ao ser a primeira mulher a superar a marca simbólica dos 5 metros.
Como Sergey Bubka em sua época, Isinbayeva se torna adepta do progresso passo a passo. Assim, ia melhorando seu recorde aos poucos, até os 5,06 m em 2009, marca que continua vigente na atualidade.
Graças a isso, otimizou seus prêmios e ganhou o carinho dos torcedores, a quem sempre mandava beijos, e dos telespectadores, que viam na russa uma bela atleta com olhos azuis que conquistavam as câmeras.
Esse protagonismo nas pistas lhe deu o título de diva que ela não parou de alimentar.
Como no estádio Ninho do Pássaro de Pequim, nos Jogos de 2008, no dia em que os chineses choravam a eliminação por lesão do ídolo Liu Xiang, o campeão dos 110 m com obstáculos em Atenas-2004, a czarina deu um banho nas massas à noite.
Em dois saltos assegurou seu segundo título olímpico, com uma marca de 4,85 m. Depois esquentou o ambiente saltando na terceira tentativa os 4,95 m, apenas pelo prazer de continuar na pista.
E com todo o estádio olhando para ela, ao ter acabado as outras provas programadas para este dia, estabeleceu um novo recorde mundial, fixado naquele dia nos 5,05 m.
A decepção de LondresQuatro anos mais tarde, depois de uma pausa de quase um ano, nada parecia poder impedir um terceiro ouro em Londres, mas ela não encontrou o ponto certo e com um salto de 4,70 m ficou com o bronze, atrás da americana Jennifer Suhr e da cubana Yarisley Silva.
Voltou a ser a czarina um ano depois, ganhando em Moscou seu terceiro título mundial, anunciando que deixaria o atletismo para conquistar seu outro grande sonho - ser mãe - afirmando que sua meta esportiva era retornar às pistas para conseguir o terceiro ouro olímpico no Rio.
Acostumada a realizar tudo o que se propunha, Isinbayeva não pôde participar no Rio-2016. Nunca deu positivo em um exame antidoping, mas foi vítima da decisão da IAAF de excluir todos os atletas russos após ser revelado um sistema generalizado de doping no atletismo desse país.
A czarina, entretanto, se guarda para uma última vitória: sua eleição como membro da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional - um golpe na IAAF.
No dia seguinte da nomeação, anuncia seu adeus às pistas com críticas a Sebastian Coe, presidente do organismo que rege o atletismo a nível mundial.
O ex-atleta britânico se mostrou nesta sexta-feira "impaciente por trabalhar com ela", e os encontros entre o lorde e a czarina ameaçam ser explosivos.
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