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Sem CR7, Portugal vence França na prorrogação e conquista Euro-2016

10/07/2016 19h13

Paris, 10 Jul 2016 (AFP) - Em atuação heroica, Portugal superou a lesão de seu maior astro, Cristiano Ronaldo, segurou o ímpeto ofensivo da França e encontrou um gol na prorrogação para vencer por 1 a 0 a seleção anfitriã, conquistando pela primeira vez em sua história a Eurocopa, neste domingo em Saint-Denis.

CR7, que sofreu lesão no joelho nos primeiro minutos da partida e foi substituído aos prantos, teve que se contentar em apoiar seus companheiros do banco de reservas e sofreu de ansiedade e nervosismo até o último minuto da partida.

No fim, o astro do Real Madrid voltou a chorar, desta vez de alegria, com o gol de Éder, que entrou no fim do tempo regulamentar e marcou o gol do título histórico de Portugal aos 4 minutos do segundo tempo da prorrogação.

Não faltavam motivos para Portugal dar tudo de si em campo. Os lusos, derrotados em 2004 na final de sua própria Eurocopa pela Grécia (1-0), buscavam em Paris seu primeiro título internacional. Missão cumprida, justamente na casa do adversário.

Além da busca pelo primeiro troféu, os portugueses entraram mordidos para tentar se vingar de um de seus maiores carrascos históricos na figura da seleção da França, equipe que não derrotavam desde 1975, há 41 anos! De la pra cá: dez partidas, dez derrotas, e eliminações dolorosas nas Euros 1984 e 2000 e na Copa do Mundo de 2006.

Para a favorita França, a pressão era bem maior e acabou sendo pesada demais. Jogando em casa contra um grande freguês e contando com uma ótima geração, os 'Bleus' carregavam nas costas as glórias do passado, já que nas três vezes em que tinham chegado à final de Euro (1984 e 2000) e Mundial (1998), ficaram com o título.

Satisfeita com a atuação da equipe diante da campeã do mundo Alemanha (2-0) nas semifinais, Didier Deschamps resolveu não mexer na equipe. O jovem Umtiti, novo zagueiro do Barcelona, foi mantido na zaga ao lado de Koscielny. No meio, o polivalente Sissoko ganhou a posição do volante Kanté, atuando ao lado de Matuidi, Pogba e Payet, com Griezmann um pouco mais adiantado. Girould foi o centro-avante.

Do lado português, a aposta de Fernando Santos era na solidez defensiva de sua equipe, reforçada pela volta de lesão do zagueiro brasileiro naturalizado Pepe, e no potencial de contra-ataque de seus velozes atacantes Nani e Cristiano Ronaldo.

- CR7 sai chorando -Como não poderia deixar de ser, a França, apoiada por sua apaixonada torcida, partiu para cima dos portugueses nos minutos iniciais de jogo e só não abriu o placar por causa de Rui Patrício.

O goleiro luso salvou sua seleção logo aos 10 minutos de jogo, em lançamento preciso de Payet que Griezmann cabeceou de primeira na corrida. A bola encobriria Rui Patrício, que voou para afastar o perigo.

O primeiro ataque da França, porém, ficou em segundo plano porque Cristiano Ronaldo se encontrava no chão, perto da linha do meio de campo, devido a forte pancada de Payet sofrida um minuto antes.

Segurando o joelho esquerdo e aparentando muita dor, o três vezes melhor do mundo precisou de atendimento médico. Voltou a campo uma primeira vez, mas não aguentou de dor e, chorando, pediu novamente ajuda. Enfaixou o joelho na esperança de fortalecer a área machucada, voltou a campo uma segunda vez, testou o joelho e, aos prantos, sentado no gramado, pediu substituição.

A saída de CR7, aplaudido de pé pelo Stade de France e substituído pelo amigo Ricardo Quaresma, foi uma ducha de água fria não só para a torcida portuguesa mas para todos os torcedores, que viram o maior craque da decisão ser obrigado a abandonar o espetáculo.

Até os jogadores franceses pareceram afetados pela quebra de clima que representou a lesão de Cristiano Ronaldo. Com isso, a partida esfriou e só voltou a ganhar em emoção aos 35, com chute forte de Sissoko de dentro da área que Rui Patrício pegou no reflexo.

- Trave salva, Éder marca -Apesar do claro domínio na posse de bola (65%), a França teve que se contentar em voltar ao intervalo empatada em 0 a 0 com Portugal, esta última satisfeitíssima de sobreviver a um primeiro tempo em que ficou órfã de seu melhor jogador.

Debilitada, mas muito motivada para buscar o resultado, a equipe de Fernando Santos voltou para o segundo tempo bem postada, esperando a hora certa de definir o jogo. CR7, porém, não voltou com a equipe, ficando no vestiário para receber tratamento.

A França tentou seguir pressionando os lusos, mas pecou na falta de pontaria e parou na grande atuação de Rui Patrício, autor de defesas espetaculares em chutes de Giroud (30 minutos) e em bomba de Sissoko (40).

Quando não defendeu as finalizações francesas, o goleirão do Sporting ainda contou com a sorte no minuto final do tempo regulamentar. No lance, Gignac, que tinha entrado no lugar de Giroud, recebeu dentro da pequena área, deixou Pepe no chão e tirou de Rui Patrício, mas o chute rasteiro foi caprichosamente parar na trave. O destino conspirava a favor de Portugal.

Na prorrogação, como se inspirado pela presença de CR7, que voltou a campo com um curativo no joelho para apoiar seus companheiros nos últimos 30 minutos de jogo, Fernando Santos decidiu que era hora de atacar.

Com Éder em campo, Portugal chegou ao tempo extra com três atacantes e foi em busca do gol da vitória. Essa coragem lusa foi recompensada no início do segundo tempo da prorrogação.

No lance decisivo da Euro-2016, Éder recebeu, se aproximou da área francesa e armou uma bomba rasteira que Lloris não conseguiu alcançar. 1 a 0 para Portugal.

No banco de reservas, um emocionado Cristiano Ronaldo mancava de um lado para outro da área técnica, praticamente exercendo a função de assistente de Fernando Santos, motivando e dando ordens para os companheiros em campo.

Ao fim do jogo, os jogadores da 'Selecção', incrédulos, deitavam no chão e choravam de emoção pelo feito histórico alcançado, enquanto Cristiano Ronaldo pulava de alegria abraçado aos companheiros, enquanto ouvia seu nome sendo gritado em coro pela torcida portuguesa.