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Kuba, superação polonesa em nome da mãe

24/06/2016 20h02

Varsóvia, 24 Jun 2016 (AFP) - Com as consonantes do seu sobrenome, daria para montar um time de futebol. Pesadelo dos narradores internacionais, Jakub Blaszczykowski é o motorzinho da seleção polonesa, que encontrou no futebol uma forma de superar um terrível drama familiar.

Nascido no sul da Polônia, em Czestochowa, 'Kuba', como é conhecido, tinha 11 anos quando sua mãe morreu nos seus braços, esfaqueada pelo pai em uma briga conjugal.

Hoje com 30 anos, o volante sempre olha para o céu depois de fazer um gol, como aconteceu na terça-feira, na vitória por 1 a 0 sobre a Ucrânia que classificou seu país às oitavas de final da Eurocopa pela primeira vez.

"É um gesto simbólico de agradecimento à minha mãe, que tinha tanta confiança em mim", relata esse pai coruja de dois filhos.

O pequeno Kuba, diminutivo de Jakub em polonês, praticamente perdeu a infância depois do assassinato da sua mãe.

Junto com seu pai, ele passou a viver com sua avó, e encontrou uma figura paterna no seu tio materno Jerzy Brzeczek, ex-capitão da seleção polonesa, que também jogava no meio de campo e foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992.

"Levei anos para parar de pensar nisso com ódio no coração", declarou Kuba em entrevista depois do lançamento da sua autobiografia, em 2015.

"Qualquer que seja sua vida e os obstáculos no caminho, é importante nunca desistir, sempre irem frente e continuar trabalhando", insistiu.

Com sua força de vontade, Blaszczykowski, conseguiu construir uma grande carreira.

Foi campeão polonês com o Wisla Cravóvia em 2005, antes de consagrar com o Borussia Dortmund, sob o comando de Jurgen Klopp, com o qual ganhou duas Bundesligas (2011 e 2012), uma Copa da Alemanha, além de ter chegado à final da Liga dos Campeões, perdida por 2 a 1 para o Bayern de Munique, em Wembley. A nível individual, foi eleito melhor jogador da Polônia em 2008 e 2010.

Elogios do GladiadorCom o Borussia, formou um trio polonês de sucesso com o lateral Lukasz Piszczek e o artilheiro Robert Lewandowski, que acabou saindo para o Bayern em 2014. Existem rumores de que Kuba e 'Lewa' são longe de ser os melhores amigos, mas o relacionamento tenso não impede os dois atros de ajudar a Polônia achegar a outro patamar.

O problema é que a trajetória Blaszczykowski foi prejudicado por problemas físicos, como em 2008, quando se machucou durante um treino e acabou sendo cortado da Eurocopa.

No início de 2014, sofreu uma grave lesão no joelho praticamente não jogou com o Borussia, que acabou emprestando o volante à Fiorentina na temporada seguinte.

Com pouco tempo de jogo no clube italiano, sua participação à Euro foi colocada em dúvida, mas Kuba calou os críticos ao ter participação direta nos dois gols marcados pela Polônia no torneio.

Na estreia, contra a Irlanda do Norte, deu o passe para Arkadiusz Milik garantir a vitória por 1 a 0 dos poloneses.

Na terça-feira, em Marselha, marcou um golaço que garantiu a vaga da sua seleção no mata-mata.

O volante guerreiro ganhou até elogios de um autêntico 'Gladiador', o ator neo-zelandês Russell Crowe, que tuitou: "Kuba, parabéns Polônia".

No sábado, os poloneses enfrentarão a Suíça, e todo um povo aguarda o momento em que Kuba olhará de novo para o céu.

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