Tragédia de Hillsborough: investigação inocenta torcedores e aponta negligência da polícia
Warrington, Reino Unido, 26 Abr 2016 (AFP) - As famílias dos 96 torcedores do Liverpool mortos no estádio de Hillsborough em 1989 receberam com emoção nesta terça-feira as conclusões de uma investigação que inocentou seus entes queridos e atribuiu a responsabilidade da tragédia, principalmente, às negligências da polícia.
Em resumo, a investigação concluiu que a morte dos torcedores foi um delito e não um acidente, no qual os fãs do Liverpool não tiveram nenhuma culpa.
A tragédia aconteceu em uma partida das semifinais da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest no estádio de Hillsborough, em Sheffield.
Na época da tragédia, a polícia e parte da imprensa culparam os torcedores de embriaguez e tentativa de entrar no estádio sem ingressos.
Após o anúncio do veredicto, a polícia britânica pediu desculpas às famílias das vítimas.
"Quero pedir desculpas sem reservas às famílias e a todos os afetados", disse o comandante da polícia do condado de South Yorkshire, David Crompton.
Nesta terça-feira, o júri destacou que "nenhum comportamento" dos torcedores contribuiu para a entrada desordenada no estádio, que acabou com uma multidão esmagada contra os alambrados, que naquela época separavam as arquibancadas do gramado.
Ao mesmo tempo, reconheceu que houve "erro ou omissão" nas decisões tomadas pela polícia naquele dia, especialmente a de eliminar o controle dos ingressos e abrir os portões do estádio.
As conclusões do júri não resultarão em condenações ou sanções, mas nada impede a abertura de um eventual processo penal caso as conclusões revelem que as mortes foram causadas por negligências, como é o caso.
O júri também destacou as falhas no estádio antigo que contribuíram para o desastre, assim como a lenta resposta dos serviços de ambulâncias.
As famílias receberam com muita emoção o veredicto anunciado em um tribunal de Warrington, noroeste da Inglaterra, a 25 quilômetros de Liverpool, e cantaram a música que é o hino da torcida do clube, "You'll Never Walk Alone" ("Você nunca vai caminhar sozinho"). Também gritaram o lema que os acompanhou durante quase três décadas: "Justiça para os 96".
"Dia histórico porque a investigação de Hillsborough constitui um ato de justiça esperado durante muito tempo", reagiu o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
"Foi o maior erro judicial de nossa época, mas finalmente acabou", disse o deputado Andy Burnham, que apoiou a demanda das famílias de abrir esta terceira e última investigação.
Ninguém foi julgado pelo desastre, mas as famílias lutaram durante anos para esclarecer os fatos e limpar o nome de seus parentes que foram inicialmente culpados pela polícia e parte da imprensa, em um momento no qual os torcedores violentos (hooligans) eram um grave problema na Inglaterra.
Erro fatal Na tarde fatídica, os torcedores do Liverpool tinham acesso ao estádio por apenas um portão. Uma série de circunstâncias infelizes - obras na estrada que atrasaram a chegada dos fãs, por exemplo - criaram um gargalo na entrada.
A polícia então decidiu abrir os portões e a avalanche humana chegou às arquibancadas, o que acabou esmagando centenas de pessoas contra o alambrado que separava os torcedores do gramado. Às 15H06, seis minutos depois do início da partida, o árbitro suspendeu o jogo ao perceber que algo estava errado.
A vítima mais jovem tinha 10 anos, Jon-Paul Gilhooley, primo de Steven Gerrard, que mais tarde virou um dos grandes ídolos da história do Liverpool. A tragédia também matou mulheres e vários menores de idade. A polícia permitiu a entrada de apenas uma ambulância no gramado e as pessoas foram obrigadas a improvisar as placas de publicidade como macas.
Em 2012, o veredicto anterior sobre a tragédia destacou um acidente, mas foi rejeitado pelas famílias, que fizeram campanha para exigir uma nova investigação.
Nesta terceira investigação, o júri ouviu mais de 800 pessoas durante dois anos, até iniciar as deliberações em 6 de abril.
Durante as audiências, o policial à frente da segurança de Hillsborough admitiu que sua decisão de abrir os portões de acesso às arquibancadas foi a "causa direta" da tragédia de 1989.
"Foi esta decisão a causa direta da morte de 96 pessoas na tragédia de Hillsborough?", perguntou um advogado durante as audiências da comissão de investigação.
"Sim senhor", admitiu David Duckenfield, policial aposentado e que em 15 de abril de 1989 comandava os agentes que faziam a segurança da partida das semifinais da Copa da Inglaterra.
phe-al/fp
Em resumo, a investigação concluiu que a morte dos torcedores foi um delito e não um acidente, no qual os fãs do Liverpool não tiveram nenhuma culpa.
A tragédia aconteceu em uma partida das semifinais da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest no estádio de Hillsborough, em Sheffield.
Na época da tragédia, a polícia e parte da imprensa culparam os torcedores de embriaguez e tentativa de entrar no estádio sem ingressos.
Após o anúncio do veredicto, a polícia britânica pediu desculpas às famílias das vítimas.
"Quero pedir desculpas sem reservas às famílias e a todos os afetados", disse o comandante da polícia do condado de South Yorkshire, David Crompton.
Nesta terça-feira, o júri destacou que "nenhum comportamento" dos torcedores contribuiu para a entrada desordenada no estádio, que acabou com uma multidão esmagada contra os alambrados, que naquela época separavam as arquibancadas do gramado.
Ao mesmo tempo, reconheceu que houve "erro ou omissão" nas decisões tomadas pela polícia naquele dia, especialmente a de eliminar o controle dos ingressos e abrir os portões do estádio.
As conclusões do júri não resultarão em condenações ou sanções, mas nada impede a abertura de um eventual processo penal caso as conclusões revelem que as mortes foram causadas por negligências, como é o caso.
O júri também destacou as falhas no estádio antigo que contribuíram para o desastre, assim como a lenta resposta dos serviços de ambulâncias.
As famílias receberam com muita emoção o veredicto anunciado em um tribunal de Warrington, noroeste da Inglaterra, a 25 quilômetros de Liverpool, e cantaram a música que é o hino da torcida do clube, "You'll Never Walk Alone" ("Você nunca vai caminhar sozinho"). Também gritaram o lema que os acompanhou durante quase três décadas: "Justiça para os 96".
"Dia histórico porque a investigação de Hillsborough constitui um ato de justiça esperado durante muito tempo", reagiu o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
"Foi o maior erro judicial de nossa época, mas finalmente acabou", disse o deputado Andy Burnham, que apoiou a demanda das famílias de abrir esta terceira e última investigação.
Ninguém foi julgado pelo desastre, mas as famílias lutaram durante anos para esclarecer os fatos e limpar o nome de seus parentes que foram inicialmente culpados pela polícia e parte da imprensa, em um momento no qual os torcedores violentos (hooligans) eram um grave problema na Inglaterra.
Erro fatal Na tarde fatídica, os torcedores do Liverpool tinham acesso ao estádio por apenas um portão. Uma série de circunstâncias infelizes - obras na estrada que atrasaram a chegada dos fãs, por exemplo - criaram um gargalo na entrada.
A polícia então decidiu abrir os portões e a avalanche humana chegou às arquibancadas, o que acabou esmagando centenas de pessoas contra o alambrado que separava os torcedores do gramado. Às 15H06, seis minutos depois do início da partida, o árbitro suspendeu o jogo ao perceber que algo estava errado.
A vítima mais jovem tinha 10 anos, Jon-Paul Gilhooley, primo de Steven Gerrard, que mais tarde virou um dos grandes ídolos da história do Liverpool. A tragédia também matou mulheres e vários menores de idade. A polícia permitiu a entrada de apenas uma ambulância no gramado e as pessoas foram obrigadas a improvisar as placas de publicidade como macas.
Em 2012, o veredicto anterior sobre a tragédia destacou um acidente, mas foi rejeitado pelas famílias, que fizeram campanha para exigir uma nova investigação.
Nesta terceira investigação, o júri ouviu mais de 800 pessoas durante dois anos, até iniciar as deliberações em 6 de abril.
Durante as audiências, o policial à frente da segurança de Hillsborough admitiu que sua decisão de abrir os portões de acesso às arquibancadas foi a "causa direta" da tragédia de 1989.
"Foi esta decisão a causa direta da morte de 96 pessoas na tragédia de Hillsborough?", perguntou um advogado durante as audiências da comissão de investigação.
"Sim senhor", admitiu David Duckenfield, policial aposentado e que em 15 de abril de 1989 comandava os agentes que faziam a segurança da partida das semifinais da Copa da Inglaterra.
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