Brasil no olho do furacão a 100 dias dos Jogos Olímpicos
Rio de Janeiro, 25 Abr 2016 (AFP) - A 100 dias do começo dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, os estádios estão prontos para receber os deuses do Olimpo, mas cresce a preocupação pela queda do Brasil ao inferno, asfixiado por uma gravíssima crise política e econômica.
Todos os holofotes apontam neste momento para Brasília, enquanto os últimos retoques para a preparação dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul são acompanhados com indiferença.
O terremoto político que sacode o país deixa em segundo plano as preocupações com os atrasos nas obras do metrô, com a ameaça do vírus zika ou com a contaminação da Baía da Guanabara, onde será realizada a competição de vela.
O rei do atletismo mundial, Usain Bolt, ganhará as últimas medalhas de ouro de sua carreira sob a benção do Cristo Redentor?
Na verdade, o que os brasileiros se perguntam agora é se será a impopular presidente Dilma Rousseff, à beira do impeachment, ou o "conspirador" vice-presidente, Michel Temer, que irá declarar, no Maracanã, a abertura dos Jogos Olímpicos no dia 5 de agosto a milhões de telespectadores do mundo todo.
A instabilidade política, a crise econômica, a imprevisível evolução do enorme escândalo de corrupção da Petrobras e a desconfiança dos brasileiros atrapalharão a grande festa do esporte?
Apesar do discurso tranquilizador do Comitê Olímpico Internacional (COI) e das autoridades, a preocupação é palpável.
Em 2 de outubro de 2009 em Copenhague, quando o Rio foi escolhido sede olímpica, os delegados do COI não podiam imaginar que sete anos depois a jovem democracia brasileira atravessaria sua pior crise política desde o fim da ditadura civil-militar em 1985 e a mais profunda recessão econômica desde a década de 1930.
O Brasil emergente, beneficiado pelo boom das matérias-primas, apresentava um expressivo crescimento econômico enquanto as grandes potências industriais eram atingidas em plena crise financeira dos subprimes.
- Arrependimento? -Dois anos após a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas do Rio deveriam ser a apoteose do Brasil como protagonista mundial.
"Não vão se arrepender!", disse aos delegados do COI o então presidente Lula, encarnação da "história de sucesso" do maior país da América Latina.
Lula agora é suspeito em casos de corrupção. Sua herdeira política, Dilma Rousseff, corre o risco de sofrer um impeachment humilhante por maquiar as contas públicas.
Em meados de maio, os senadores provavelmente votarão a favor de seu impedimento, o que afastará a presidente pelo período máximo de seis meses antes de seu julgamento político. Ninguém sabe se o processo terminará antes ou depois dos Jogos.
Dilma denunciou energicamente o que considera um "golpe de Estado" institucional, enquanto seus opositores criticam que ela propague no exterior uma imagem do Brasil como "república das bananas".
Nesse contexto explosivo, o COI se esforça para manter o otimismo. "Esses Jogos Olímpicos serão uma mensagem de esperança em tempos difíceis", disse na última quinta-feira o presidente do organismo, Thomas Bach, antes de o fogo olímpico ser aceso na Grécia.
"A tocha olímpica traz uma mensagem que pode e vai unir o nosso querido Brasil", afirmou o presidente do Comitê organizador Rio-2016, Carlos Nuzman, em cerimônia que não contou com a presença de Dilma. Ele admitiu, entretanto, que o país já navegou por "algumas das águas mais difíceis que já viu o movimento olímpico".
Com exceção da limpeza da Baía de Guanabara, onde será realizada a regata, o Rio de Janeiro cumpriu as obrigações para a realização do evento.
Longe da organização caótica da Copa do Mundo, os orçamentos e os prazos foram respeitados, e as instalações esportivas estão 98% prontas.
Falta instalar a pista de atletismo no estádio olímpico, mas a maior preocupação é o atraso na construção do velódromo.
- Metrô com atraso -A grande dúvida fora dos estádios é se a Linha 4 do metrô, estratégica para a mobilidade durante o evento, ficará pronta.
O novo traçado deve ligar em 13 minutos os bairros de Copacabana e Ipanema à Barra de Tijuca, onde ficam o Parque e a Vila Olímpica e onde serão disputadas o maior número de competições.
Sem metrô, chegar até esse ponto da cidade pode levar até duas horas no trânsito infernal do horário de pico.
A abertura do metrô está prevista para julho, um mês antes dos Jogos, embora a escavação dos túneis só tenha terminado em abril.
"Garanto que o metrô estará em operação para os Jogos", afirmou o secretário de Transporte do estado do Rio, Rodrigo Vieira.
Mais de 80.000 policiais e soldados -o dobro de Londres-2012- garantirão a segurança do 10.500 atletas e 450.000 visitantes do mundo todo.
O Brasil nunca foi alvo de um ataque terrorista, mas, com os últimos atentados em Europa, o nível de alerta foi elevado.
A agência de inteligência nacional, a Abin, levou a sério a ameaça publicada no Twitter do ativista francês Daech Maxime Hauchard, em 16 de novembro de 2015, três dias após os ataques em Paris: "O Brasil, será nosso próximo alvo".
pal/jt-rs/ma/cc/am/lg
Todos os holofotes apontam neste momento para Brasília, enquanto os últimos retoques para a preparação dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul são acompanhados com indiferença.
O terremoto político que sacode o país deixa em segundo plano as preocupações com os atrasos nas obras do metrô, com a ameaça do vírus zika ou com a contaminação da Baía da Guanabara, onde será realizada a competição de vela.
O rei do atletismo mundial, Usain Bolt, ganhará as últimas medalhas de ouro de sua carreira sob a benção do Cristo Redentor?
Na verdade, o que os brasileiros se perguntam agora é se será a impopular presidente Dilma Rousseff, à beira do impeachment, ou o "conspirador" vice-presidente, Michel Temer, que irá declarar, no Maracanã, a abertura dos Jogos Olímpicos no dia 5 de agosto a milhões de telespectadores do mundo todo.
A instabilidade política, a crise econômica, a imprevisível evolução do enorme escândalo de corrupção da Petrobras e a desconfiança dos brasileiros atrapalharão a grande festa do esporte?
Apesar do discurso tranquilizador do Comitê Olímpico Internacional (COI) e das autoridades, a preocupação é palpável.
Em 2 de outubro de 2009 em Copenhague, quando o Rio foi escolhido sede olímpica, os delegados do COI não podiam imaginar que sete anos depois a jovem democracia brasileira atravessaria sua pior crise política desde o fim da ditadura civil-militar em 1985 e a mais profunda recessão econômica desde a década de 1930.
O Brasil emergente, beneficiado pelo boom das matérias-primas, apresentava um expressivo crescimento econômico enquanto as grandes potências industriais eram atingidas em plena crise financeira dos subprimes.
- Arrependimento? -Dois anos após a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas do Rio deveriam ser a apoteose do Brasil como protagonista mundial.
"Não vão se arrepender!", disse aos delegados do COI o então presidente Lula, encarnação da "história de sucesso" do maior país da América Latina.
Lula agora é suspeito em casos de corrupção. Sua herdeira política, Dilma Rousseff, corre o risco de sofrer um impeachment humilhante por maquiar as contas públicas.
Em meados de maio, os senadores provavelmente votarão a favor de seu impedimento, o que afastará a presidente pelo período máximo de seis meses antes de seu julgamento político. Ninguém sabe se o processo terminará antes ou depois dos Jogos.
Dilma denunciou energicamente o que considera um "golpe de Estado" institucional, enquanto seus opositores criticam que ela propague no exterior uma imagem do Brasil como "república das bananas".
Nesse contexto explosivo, o COI se esforça para manter o otimismo. "Esses Jogos Olímpicos serão uma mensagem de esperança em tempos difíceis", disse na última quinta-feira o presidente do organismo, Thomas Bach, antes de o fogo olímpico ser aceso na Grécia.
"A tocha olímpica traz uma mensagem que pode e vai unir o nosso querido Brasil", afirmou o presidente do Comitê organizador Rio-2016, Carlos Nuzman, em cerimônia que não contou com a presença de Dilma. Ele admitiu, entretanto, que o país já navegou por "algumas das águas mais difíceis que já viu o movimento olímpico".
Com exceção da limpeza da Baía de Guanabara, onde será realizada a regata, o Rio de Janeiro cumpriu as obrigações para a realização do evento.
Longe da organização caótica da Copa do Mundo, os orçamentos e os prazos foram respeitados, e as instalações esportivas estão 98% prontas.
Falta instalar a pista de atletismo no estádio olímpico, mas a maior preocupação é o atraso na construção do velódromo.
- Metrô com atraso -A grande dúvida fora dos estádios é se a Linha 4 do metrô, estratégica para a mobilidade durante o evento, ficará pronta.
O novo traçado deve ligar em 13 minutos os bairros de Copacabana e Ipanema à Barra de Tijuca, onde ficam o Parque e a Vila Olímpica e onde serão disputadas o maior número de competições.
Sem metrô, chegar até esse ponto da cidade pode levar até duas horas no trânsito infernal do horário de pico.
A abertura do metrô está prevista para julho, um mês antes dos Jogos, embora a escavação dos túneis só tenha terminado em abril.
"Garanto que o metrô estará em operação para os Jogos", afirmou o secretário de Transporte do estado do Rio, Rodrigo Vieira.
Mais de 80.000 policiais e soldados -o dobro de Londres-2012- garantirão a segurança do 10.500 atletas e 450.000 visitantes do mundo todo.
O Brasil nunca foi alvo de um ataque terrorista, mas, com os últimos atentados em Europa, o nível de alerta foi elevado.
A agência de inteligência nacional, a Abin, levou a sério a ameaça publicada no Twitter do ativista francês Daech Maxime Hauchard, em 16 de novembro de 2015, três dias após os ataques em Paris: "O Brasil, será nosso próximo alvo".
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