Jogadores de Togo choram após ataque terrorista em Angola
"As armas vão continuar falando" no território angolano de Cabinda, ameaçou neste domingo Rodrigues Mingas, líder do grupo separatista que reivindicou o ataque mortal de sexta-feira contra a delegação do Togo na Copa Africana de Nações.
"Vale tudo, estamos em guerra", avisou o secretário-geral das Forças de Libertação do Estado de Cabinda-Posição Militar (Flec-PM), em entrevista concedida por telefone à AFP em Luxemburgo, onde está viajando.
O ataque de sexta deixou três mortos - o preparador de goleiros, o assessor de imprensa e o motorista de ônibus - na delegação togolesa, que acabava de chegar ao território de Cabinda, onde sete jogos da Copa Africana foram programados.
O militante separatista, que mora em exílio na França, lamentou "a morte de seres humanos" mas culpou a Confederação Africana de Futebol (CAF) e seu presidente, Issa Hayatou, pelo sucedido.
"Dois meses antes, escrevemos a Issa Hayatou para avisá-lo que estávamos em guerra. Ele não quis levar nossas advertências a sério", acusou.
"Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso e decidiu manter os jogos em Cabinda", afirmou. "As armas vão continuar falando".
O território de Cabinda, que fornece 60% do petróleo angolano, fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo. Ele é assolado por um conflito separatista desde a independência de Angola, em 1975.
Luanda garante desde 2006 que a província está pacificada, em virtude de um acordo de paz assinado com um dos líderes da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (Flec). O Flec-PM é uma dissidência do FLEC criada em 2003.
"As autoridades angolanas quiseram organizar jogos da Copa Africana em Cabinda para convencer a opinião de que o território está em paz e que os investidores podem investir lá", analisou Mingas.
"Mas vale tudo, pois estamos em guerra. Nosso alvo não era especificamente o Togo. Poderia ter sido Angola, Costa do Marfim ou Gana. Tudo é possível", afirmou.
Indagado sobre o sucesso do ataque apesar da forte presença militar angolana em Cabinda, o secretário-geral do Flec-PM respondeu: "Estamos em casa, e conhecemos bem o terreno".
Mingas disse que a operação foi conduzida por uma dezena de militantes, que abriram fogo na chegada do comboio. "Porém, houve uma contraofensiva, e nossos elementos revidaram", explicou.
Após um tiroteio de cerca de 20 minutos, os separatistas fugiram. Um militante foi ferido em uma perna e não corre risco de vida, segundo Mingas.
"Agora, esperamos uma retaliação, como sempre. Eles têm 50.000 homens armados em Cabinda", declarou, defendendo a ação da Flec-PM. "Somos um movimento nacionalista, de resistência, e não terroristas".
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