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10/01/2010 - 12h28

As armas vão continuar falando em Cabinda, avisam separatistas

Da AFP
Em Johanesburgo (AFS)
  • Jogadores de Togo choram após ataque terrorista em Angola

    Jogadores de Togo choram após ataque terrorista em Angola

"As armas vão continuar falando" no território angolano de Cabinda, ameaçou neste domingo Rodrigues Mingas, líder do grupo separatista que reivindicou o ataque mortal de sexta-feira contra a delegação do Togo na Copa Africana de Nações.

"Vale tudo, estamos em guerra", avisou o secretário-geral das Forças de Libertação do Estado de Cabinda-Posição Militar (Flec-PM), em entrevista concedida por telefone à AFP em Luxemburgo, onde está viajando.

O ataque de sexta deixou três mortos - o preparador de goleiros, o assessor de imprensa e o motorista de ônibus - na delegação togolesa, que acabava de chegar ao território de Cabinda, onde sete jogos da Copa Africana foram programados.

O militante separatista, que mora em exílio na França, lamentou "a morte de seres humanos" mas culpou a Confederação Africana de Futebol (CAF) e seu presidente, Issa Hayatou, pelo sucedido.

"Dois meses antes, escrevemos a Issa Hayatou para avisá-lo que estávamos em guerra. Ele não quis levar nossas advertências a sério", acusou.

"Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso e decidiu manter os jogos em Cabinda", afirmou. "As armas vão continuar falando".

O PONTO "A" INDICA O LOCAL DO ATAQUE

O território de Cabinda, que fornece 60% do petróleo angolano, fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo. Ele é assolado por um conflito separatista desde a independência de Angola, em 1975.

Luanda garante desde 2006 que a província está pacificada, em virtude de um acordo de paz assinado com um dos líderes da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (Flec). O Flec-PM é uma dissidência do FLEC criada em 2003.

"As autoridades angolanas quiseram organizar jogos da Copa Africana em Cabinda para convencer a opinião de que o território está em paz e que os investidores podem investir lá", analisou Mingas.

"Mas vale tudo, pois estamos em guerra. Nosso alvo não era especificamente o Togo. Poderia ter sido Angola, Costa do Marfim ou Gana. Tudo é possível", afirmou.

Indagado sobre o sucesso do ataque apesar da forte presença militar angolana em Cabinda, o secretário-geral do Flec-PM respondeu: "Estamos em casa, e conhecemos bem o terreno".

Mingas disse que a operação foi conduzida por uma dezena de militantes, que abriram fogo na chegada do comboio. "Porém, houve uma contraofensiva, e nossos elementos revidaram", explicou.

Após um tiroteio de cerca de 20 minutos, os separatistas fugiram. Um militante foi ferido em uma perna e não corre risco de vida, segundo Mingas.

"Agora, esperamos uma retaliação, como sempre. Eles têm 50.000 homens armados em Cabinda", declarou, defendendo a ação da Flec-PM. "Somos um movimento nacionalista, de resistência, e não terroristas".

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