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08/01/2010 - 15h09

Ônibus da seleção do Togo é metralhado; motorista morre e três atletas saem feridos

Da AFP
Em Paris (FRA) *

O ônibus que transportava a seleção do Togo foi metralhado ao cruzar a fronteira entre Congo e Angola, onde será disputada a Copa Africana de Nações (CAN), e diversos jogadores foram feridos, três gravemente, Serge Gakpe, do Monaco, Serge Akakpo e Obilale Kodjovi. O motorista que transportava o veículo acabou morrendo, segundo informou um dos jogadores.

"Tínhamos acabado de cruzar a fronteira (entre o Congo e o território de Cabinda, onde o Togo deve disputar suas partidas do Grupo B), e estávamos cercados pela polícia. Tudo estava normal, quando fomos metralhados. Todo mundo tentou se esconder embaixo dos assentos", disse Thomas Dossevi ao canal esportivo francês Infosport.

Muitos jogadores já pensam inclusive em não mais disputar a competição continental. "Há atletas feridos, membros da comissão técnica feridos, estamos aguardando notícias do hospital. Se pudermos boicotar a CAN, vamos fazê-lo. Só pensamos em voltar para casa", declarou Alaixys Romao.

"Nós fomos metralhado como cães," disse o jogador. "Eles estavam armados até os dentes... Passamos 20 minutos debaixo dos assentos do ônibus", completou o atleta Dossevi, do Nantes, da França.

"A polícia respondeu. Parecia uma guerra. Estamos chocados. Não queremos mais disputar a CAN. Pensamos nos amigos, nos jogadores feridos", acrescentou Dossevi, que disse ainda que o goleiro Kodjovi Obilalé e o defensor Serge Akakpo estão gravemente feridos.

O PONTO "A" INDICA O LOCAL DO ATAQUE

"Akakpo foi baleado nas costas. O encarregado da comunicação também foi ferido, e perdeu muito sangue", afirmou. "Não temos notícias do Obilalé, ele também sangrava muito. Ser agredido dessa forma por um jogo de futebol não faz sentido", denunciou Dossevi.

A seleção de Togo tem estreia marcada contra Gana no dia 11 de janeiro em Cabinda. A equipe tem como principal estrela o atacante Adebayor, atualmente no Manchester City, que informou que o atleta escapou sem ferimentos do ataque, após conversar com o próprio jogador.

"Não refletimos ainda sobre os recursos possíveis, mas é verdade que ninguém mais tem vontade de jogar. Devemos pensar antes de tudo no estado de saúde dos feridos, pois havia muito sangue no chão. Neste momento, pensamos nos nossos parentes e em quem amamos", disse o atacante Alaixys Romao, em entrevista à rádio RMC. Ao todo, cerca de nove pessoas foram atingidas pelos disparos.

"Estamos chocados. Não é todo dia que jogadores de futebol são metralhados. Achávamos que uma coisa dessas só acontecia nos filmes. Não sei porque fizeram isso com a gente", declarou Alaixys Romao ao Infosport.

O território de Cabinda, província angolana rica em petróleo que fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo, é assolado por um conflito separatista desde a independência de Angola, em 1975. Questionado pela agência AFP, o comitê de organização da CAN afirmou que um pneu do ônibus estourou, provocando um movimento de pânico.

* Atualizada ás 16h55

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