Premiado, Fink recorda 'momento épico' de skimboard em onda gigante em Jaws

O brasileiro Lucas Fink, maior campeão da história do skimboard com cinco títulos mundiais, acaba de viver um momento único em sua carreira. Premiado no Big Wave Challenge, em Newport Beach (EUA), na categoria "Prancha Alternativa", o carioca foi reconhecido pela façanha de surfar uma das ondas do ano em Jaws, no Havaí, usando sua skimboard.

Em entrevista ao UOL, Fink relembrou a emoção da cerimônia, o impacto da façanha na comunidade do surfe de ondas gigantes e os bastidores daquela sessão histórica.

Foi um momento épico, fim de tarde, swell gigante... Acabou sendo uma das ondas do ano.
Lucas Fink

Habilidade e coragem

A aventura de Lucas em ondas gigantes começou quando o projeto de surfar Nazaré com uma skimboard foi aprovado. "Comecei assim: 'caraca, será que vai dar mesmo, será que eu aguento?' Aí comecei a me preparar até mais intensamente do que me preparo para o skimboard e me apaixonei pela parada", recorda.

Apesar de algumas dúvidas externas, o apoio da comunidade foi total.

Todos os lugares que fui, não sabia o que iriam pensar, mas a galera ficou amarradona, apoiando, ajudando, cumprimentando, se surpreendendo. A comunidade do surfe de ondas gigantes foi 100% comigo, não teve nada negativo.
Lucas Fink

Diferença das pranchas

Lucas Fink é o maior campeão da história do skimboard com cinco títulos mundiais
Lucas Fink é o maior campeão da história do skimboard com cinco títulos mundiais Imagem: Divulgação
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Para quem não está familiarizado com o mundo do surfe de ondas gigantes, a diferença entre uma prancha tradicional de big surf e uma skimboard é enorme. Enquanto as pranchas de big surf são longas, volumosas e projetadas para estabilidade em ondas gigantes, as skimboards são bem menores, mais leves e exigem equilíbrio extremo, velocidade e precisão cirúrgica.

Além disso, diferentemente das pranchas de big surf, elas não têm quilhas nem alça, o que aumenta ainda mais o desafio de controlar a onda. Surfar uma bomba em Jaws usando uma skimboard, como fez Lucas Fink, exige não só coragem, mas também domínio técnico quase inédito, tornando a façanha ainda mais impressionante para a comunidade do surfe de ondas gigantes.

"É uma prancha com muito menos arrasto na água e muito mais solta. Quando chegam em certos tamanhos de mar e velocidades, muitos consideram quase impossível surfar sem alças. Somado ao fato de a prancha ser mais difícil de controlar, você junta dois desafios. O que mais me surpreende é ter surfado essas ondas gigantes e feito linhas incríveis sem as alças. Pedi uma prancha nova, e estão fazendo uma versão com presilhas para testar até onde poderemos chegar e se fará diferença. Mas sempre prezei neste projeto pela essência. Esse é meu desafio, meu propósito, minha saga: surfar essas ondas com uma skimboard que, para mim, é mais divertida e mais leve."

Mentoria de Chumbo

A parceria com Lucas Chumbo foi outro ponto essencial na trajetória de Fink.

Já tinha uma amizade antes, mas totalmente fora d'água. Ele desde o começo me botava pilha, sabia do meu potencial, foi meu 'fã número 1', enquanto muita gente duvidava se seria mesmo possível. A gente virou muito amigo, se deu muito bem. É um cara no auge, no topo do mundo. Ele me chamou atenção por querer ensinar de maneira extrema. Dificilmente eu teria uma oportunidade melhor que essa de ser guiado por ele.
Lucas Fink

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O dia histórico

Sobre a onda premiada em Jaws, Fink recorda:

Foi um momento épico, fim de tarde, swell gigante, liberou o tow-in depois que a galera remou. Acabou sendo uma das ondas do ano. Foi legal conquistar o lado mais tradicional do surfe de ondas grandes. Chegamos em um dos maiores swells dos últimos tempos, pegamos aquela onda, pilotamos a galera, foi realmente um marco.

O brasileiro ainda lembra da reação imediata de quem estava na água aquele dia:

"Eu lembro muito da onda, da sensação da onda, mas tinha esquecido do pós, que recordei esses dias. Tipo, Billy Kemper aplaudindo de pé, outros casca-grossa do resgate venerando, a galera ficou em choque. Chumbo estava pilotando e meio que sabia, não precisou nem me perguntar. Foi a experiência completa, seis dias seguidos de swell, com dois picos, um deles sendo um dos maiores mares já vistos naquela região."

E o futuro?

Fink mantém os olhos no horizonte, pronto para o que vier.

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Sem dúvida nenhuma, espero continuar performando em alto nível, porque ser um atleta profissional [de skimboard] está nos planos. Estou indo para mais uma temporada de ondas grandes, é aquilo: esteja o mais preparado e escreva sua história com as oportunidades que tiver.

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