Atleta olímpico do badminton escreve livro e revela: 'Eu quase desisti'
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Um dos principais nomes do badminton brasileiro, Ygor Coelho lançou "Vencer é a única saída", livro em que conta a trajetória no esporte e alguns bastidores até então inéditos. Em uma dessas passagens, o atleta conta que quase desistiu da carreira.
Tem muitas histórias que as pessoas não tiveram conhecimento à época. Por exemplo, eu quase desisti! Em 2016, após os Jogos Olímpicos, fui para um período de treinos na França. Mas não me adaptei à cultura, às pessoas e, um mês depois, quis voltar ao Brasil e estudar, fazer outra coisa. Foi um período mais complicado para mim e eu disse: 'não quero mais'.
Ygor conta que a ideia era estudar Administração. "Meu pai sempre precisou de ajuda no projeto. Eu tinha algumas opções, mas lá já tinham dois atletas formados em Educação Física. Então, pensei em ir para a parte administrativa mesmo, mas o destino me mudou as coisas".
O projeto social ao qual ele se refere é a Miratus, que é comandado pelo pai, Sebastião Oliveira e fica na comunidade da Chacrinha, na zona oeste do Rio. Foi lá onde ele e o irmão Donnias Oliveira — também integrante da seleção brasileira de badminton — deram os primeiros passos no esporte.
Eu retornei ao Brasil e fiquei pensando por dois meses. No começo de 2017, porém, revi isso e pedi desculpa (risos). Entendi que tinha tomado a decisão errada e comecei tudo de novo. Decidi que, da maneira que fosse, ia continuar e fazer dar certo.
Ygor voltou à França e iniciou um novo episódio. "Encarei tudo de frente", lembra. Posteriormente, esteve em Tóquio-2020 e Paris-2024. Foi após o torneio na capital francesa que ele deu novos passos para colocar em prática a ideia que tinha surgido ainda no decorrer da pandemia de covid-19.
"Pouco antes da pandemia, estava passando por um momento muito bom na minha carreira. Tinha ganho os jogos Pan-Americanos, fui o primeiro brasileiro a chegar às oitavas de final do Mundial... Aí veio a pandemia e, naquele período, pensei: 'acho que tenho uma história para contar'. Mas as coisas foram passando. Veio Paris e, depois, eu falei: 'vou sentar e escrever', e assim foi", contou.
Agora, Ygor começa o ciclo em busca da quarta participação olímpica, em Los Angeles-2028. "Estou pegando ano a ano. Esse ano foi muito difícil porque aconteceu aquele episódio do México, o que me prejudicou no ranking porque não consegui vaga em outros torneios grandes. Agora, sou 200 e pouco do mundo, tenho de reestruturar todo o meu plano, começar de baixo para poder subir".
Ele, atualmente, ocupa a nona posição no ranking nacional. "Hoje em dia tem mais jogadores no circuito, e vou ter de lidar com uma nova geração de brasileiros. Então, é ir ano a ano, buscar cada ponto. Cada torneio importa. Quero chegar a Los Angeles e passar da fase de grupos. Esse é o meu objetivo".
O episódio no México ao qual Ygor se refere aconteceu em fevereiro. Na ocasião, ele ficou fora da Copa Pan-Americana por Equipes após ser detido no Aeroporto Benito Juárez, na Cidade do México.
Ele foi parado na imigração e questionado se tinha visto americano, respondeu negativamente, mas disse ter o comprovante de residência da Dinamarca. O atleta passou por duas entrevistas, mas os documentos apresentados não foram aceitos, e ele não pôde entrar no país.
Eu estava contando com os pontos. Esse episódio do México, além de me criar um trauma, que estou tratando com psicólogo, foi uma coisa muito pesada pessoalmente, e, profissionalmente, perdi torneios e pontos. Mas não é o fim do mundo.
Ygor lutou por ressarcimentos pelos prejuízos financeiros e esportivos, mas não conseguiu avanços significativos. "O Comitê Olímpico do Brasil (COB) me ajudou, e o Ministério do Esporte me procurou. Mas não depende deles, depende da Embaixada. A Embaixada que deveria lutar por mim, fazer algo por mim. Foi o México que fez algo contra mim, só que eu não sou uma instituição. Uma instituição que tem de me representar para poder pedir explicações. E nisso, infelizmente, eu não consegui nada".
O atleta não esconde a mágoa com a Confederação Brasileira de Badminton, mas indicou que o caso serviu para mudar alguns protocolos. "Fiquei chateado com a minha própria confederação, que, enquanto todo mundo estava tentando entender o caso, soltou nota dizendo que eu não tinha o visto. Eu tinha o visto e não estava indo a passeio. Enfim... Mas, agora, a confederação pegou contatos, e fez uma lista para casos como esse, poderem contatar quem de direito, a família. Isso vai ajudar".



























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