Ex-atleta se tornou técnico de goalball e vive emoção na Maratona do Rio
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O paranaense Eduardo Antunes desembarcou no Rio de Janeiro para participar da maratona e logo lhe veio à memória um momento especial. Foi no Célio de Barros, outrora principal pista de atletismo da Cidade Maravilhosa, em que obteve o primeiro grande resultado da carreira. Por outro lado, representa também um sonho que acabou ficando distante.
O meu primeiro grande resultado no Adulto foi em 2008, no Célio de Barros. Fui campeão brasileiro juvenil nos 5 mil metros e terceiro colocado no Brasileiro de Fundo em Pista. Foi a primeira premiação legal em dinheiro que consegui e foi importante para dar continuidade à minha carreira, e tive o sonho de estar nos Jogos do Rio-2016. Sempre quis voltar ao Rio para conhecer e correr a Maratona, e este ano consegui
Uma sequência de lesões, porém, interrompeu a trajetória no alto rendimento quando Eduardo tinha 28 anos. Formado em Educação Física, seguiu um outro caminho e hoje é treinador de goalball, uma modalidade paralímpica desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual.
Em minha cidade tem um programa de paradesporto que é bem forte e essa era uma modalidade que estava meio de lado, poucos treinadores ficaram um tempo para fazer um trabalho. Fui convidado, aceitei e estou há três anos na modalidade. Há alguns dias nos classificamos para o Brasileiro Série B, algo inédito para o goalball do município.

Foi difícil parar
Eduardo teve algumas lesões ao longo da carreira, mas um quadro de pubalgia que se agravou interrompeu esta caminhada quando estava cotado para ir aos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011.
Eu tive essa lesão, que me limitou bastante. Eu cheguei a voltar, mas cheio de altos e baixos. Às vezes, treinava quatro, cinco meses seguidos muito bem e aí ficava quase três meses parado com dor. Não conseguia uma sequência e minha performance foi caindo, até que chegou em um ponto que eu não conseguia mais me sustentar financeiramente. Eu sonhava em voltar e correr como antes. A cabeça ficou fraca por muito tempo, foi difícil.
Ele revela que o processo de aceitação como ex-atleta não foi fácil. "Eu sonhava em voltar e correr como antes. A cabeça ficou fraca por muito tempo, uma bagunça. Foi complicado. Quando se vive o tempo inteiro no esporte passa a pensar que não consegue fazer mais nada além daquilo".

Após esse período, Eduardo passou a estudar as possibilidades para novos passos. "Foi através do esporte que eu consegui me formar em Educação Física. Graças a Deus, fiz a minha faculdade e isso me salvou".
O ex-corredor montou uma assessoria para auxiliar quem queria iniciar nas corridas de rua, mercado que cresce no Brasil a cada ano. "Comecei nesse ramo aqui em Cascavel e, com o dinheiro, ainda tentei me manter competindo, mas não foi o que aconteceu. Mas o grupo foi crescendo, fui ganhando alunos, e hoje tenho a maior assessoria de corrida da região".
No Rio, Lene Carolino, esposa de Eduardo, participou, pela primeira vez, da meia maratona. Além disso, foi a primeira viagem sem o filho Teodoro, que está prestes a completar 5 anos.
Goalball
Eduardo, há três anos, assumiu o comando do time de goalball de Cascavel. A modalidade já rendeu quatro pódios paralímpicos para o Brasil — todos no masculino —, com o ouro em Tóquio-2020, prata em Londres-2012, e bronze em Paris-2024 e Rio-2016.
O goalball é disputado por duas equipes com três atletas cada em uma quadra de 18 metros de comprimento e 9 de largura. As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com três minutos de intervalo entre eles; Todos utilizam uma venda.
A equipe tenta marcar um gol arremessando a bola com guizos em direção ao gol adversário. A bola, de 76 cm de diâmetro e 1,25 kg de peso, deve quicar, pelo menos, uma vez na área do defensor para que a jogada seja validada.
"É uma modalidade que não foi adaptada, ela foi criada pensando na pessoa com deficiência visual. Daí já vem uma mudança de pensamento porque ela não vai precisar se encaixar a algo remodelado. O esporte vem para mudar a qualidade de vida dessas pessoas. É uma modalidade que ainda não se acha muita literatura, então, é um trabalho mais no dia a dia. E apesar de ser um esporte coletivo, as individualidades têm de ser trabalhadas", disse.
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