Ela já pesou 150 kg e vai correr a 1ª maratona: 'Precisei ter muita cabeça'
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Camila Monteiro se prepara para, no Rio de Janeiro, correr pela primeira vez uma maratona. Da largada à linha de chegada, são 42 km, mas caminhada até aqui, talvez, não consiga ser medida. A YouTuber, que chegou a pesar 150 kg, costuma dividir a rotina e o processo de emagrecimento, e estará na corrida após superar alguns obstáculos.
Os treinos foram intensos e brutais. Comecei o meu ciclo cinco meses antes e tive de me empenhar muito. Fiz várias vezes a meia maratonas, e fiz treinos que chegaram a 32 km. Precisei ter muita cabeça. Tive crises de choro, muito cansaço físico e mental. Quem vê de fora pensa que o ciclo de maratona é fácil, mas é extremamente difícil. E sendo a corredora mais lenta precisei rodar por muitas horas.
Camila Monteiro, ao UOL
"E precisava conciliar isso com treinos de musculação e focar bastante nisso para chegar bem e sem lesões na prova. Foi um grande desafio, mas no fim deu tudo certo. Ganhei autoestima e confiança. Foram os meses mais desafiadores da minha vida, mas com certeza os que mais me ensinaram e me deram confiança. Faria tudo de novo", completou.
Camila atingiu seu peso máximo em 2018, até que resolveu que mudaria aquele cenário. "Acredito que muitas coisas contribuíram para um ganho de peso tão expressivo. A obesidade é uma doença muito complexa, que não existe uma única causa, mas, em minha história, consigo identificar questões que pioraram isso: traumas, transtornos alimentares, ambiente (cresci pobre e tive pouco acesso à uma alimentação saudável) e zero prática de atividade física ao longo da vida".
A youtuber acredita ter vivenciado um quadro de depressão pós-parto após o nascimento dos gêmeos Noah e Aurora, que vieram ao mundo durante o período da pandemia de covid-19.
"Já emagreci e engordei inúmeras vezes. Cheguei a eliminar 90 kg em 3 anos e ganhei 60 kg porque perdi um filho e entrei em tratamento de fertilidade. Realizei uma FIV [fertilização in vitro] e engravidei dos meus gêmeos, Noah e Aurora. Foi uma gravidez de risco, eles nasceram prematuros e ficaram semanas internados. Pra completar, tudo isso foi na pandemia. Não tive diagnóstico na época, mas, hoje, realmente acredito que tive depressão pós-parto. Tudo isso, somado ao meu histórico anterior, foi uma espécie de bomba. Engordei 60 kg rapidamente e não conseguia mais emagrecer".
Camila, então, resolveu procurar ajuda, mas não para os mesmos caminhos que já tinham trilhado anteriormente. "Já estava cansada de tudo. Estava cansada de dietas e não queria passar por uma bariátrica. Conheci a Tamiris Gaeta, uma nutricionista comportamental que é especialista em transtornos alimentares. Foi uma virada de chave. O foco era o comportamento. Ainda estou em tratamento, mas está sendo um sucesso. Já eliminei 43 kg sem grande sofrimento".
As corridas entraram na vida de Camila de maneira inusitada, após uma viagem em que teve de andar muito e sentiu os efeitos no corpo. "Fiz uma viagem ao Japão e tive um choque de realidade. Lá tem muitas escadas e poucos elevadores, tem de caminhar muito até os pontos turísticos, além disso, táxis e aplicativos de carro eram absurdamente caros. Não tive outra alternativa a não ser caminhar. Em cerca de um mês eu caminhei quase 50 km. Comecei a me sentir muito bem, principalmente mentalmente. Voltei para o Brasil já decidida a correr. Me inscrevi para uma prova de 5 km e nunca mais parei. E não fiz pensando em emagrecer, uma coisa puxou a outra".
Ela vai estar na Maratona do Rio a convite da Adidas, marca esportiva oficial do evento, em iniciativa da campanha "Vai que é sua".
Camila começou o uso de redes sociais ainda em 2013, quando passou a publicar sobre emagrecimento. "Compartilhava, mas sem tanta pretensão. Era somente uma espécie de diário. Na época, quase não existia o que chamamos de "influencer". Meu emagrecimento teve idas e vindas e tive que lidar com o julgamento de muitas pessoas que achavam que eu engordava por ser "sem vergonha". Mas sempre resisti, lutava de novo e de novo. A minha luta chamou a atenção de muitas pessoas, mas principalmente porque essas pessoas lutavam muito também e achavam que estavam sozinhas".
Ela conta que, ao longo do tempo, passou a aprender a lidar mais com o público, inclusive nas mensagens que passa. "Hoje tenho ainda mais cuidado com o que posto, mas também porque aprendi muito e desconstruí pensamentos e falas. Antigamente, repetia termos que, à época, pareciam normais, e tento ao máximo mostrar que é possível emagrecer sem fazer loucuras".
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