Apresentador vive nova fase na Globo e celebra desafios: 'inspirar pessoas'

Sobrevoar de paramotor, e o mais próximo possível, um dos vulcões mais perigosos do mundo. Foi esse o desafio que Fernando Fernandes aceitou. O apresentador do Esporte Espetacular falou sobre a jornada na Guatemala — no quarto e último episódio da temporada de "Planeta extremo", que vai ao ar hoje (18) —, a fase que atravessa na carreira e o impacto que quer gerar ao ocupar "novos espaços".

Eu recebo várias mensagens, todo os dias, de pessoas que se inspiram na minha vida, na minha forma de lidar com o mundo, não só no esporte, mas na forma de encarar a vida. E acaba que, por muitas vezes, essas pessoas nunca tiveram referência. Eu tinha pouquíssimas referências e acho que esse espaço que estou ocupando, trago uma referência em fazer as pessoas acreditarem que elas também podem. Na verdade, isso que se tornou o meu propósito: poder inspirar as pessoas, trazer uma relação de capacidade diferente para a sociedade

Fernando Fernandes

O apresentador sofreu um acidente automobilístico em 2009 que o deixou paraplégico. No processo de reabilitação, fez tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, onde conheceu a canoagem adaptada. Posteriormente, se tornou quatro vezes campeão mundial. Também já se aventurou em outras modalidades, como o kitesurfe.

Na Guatemala, voou próximo a um dos três vulcões ativos do país e ainda participou de uma "Cerimônia do Fogo", tradicional ritual Maia de purificação, conexão com o divino, com o equilíbrio do corpo e energias do mundo. "Acho que a etapa mais desafiadora, na verdade, foi estar tão próximo de um vulcão e, ao mesmo tempo, tão longe. Visualizávamos todo santo dia, e a natureza e as condições meteorológicas... Enfim, todas as condições faziam com que não chegássemos até lá. Acho que isso que era mais desafiador", conta.

Fernando Fernandes e Karine Alves, apresentadores do Esporte Espetacular
Fernando Fernandes e Karine Alves, apresentadores do Esporte Espetacular Imagem: Globo/ Fábio Rocha

A Globo anunciou mudanças na configuração do Esporte Espetacular em março. Fernando Fernandes e Karine Alves substituíram a dupla formada por Lucas Gutierrez e Bárbara Coelho, que estava à frente da atração desde 2019. Além de apresentarem, Fernando e Karine também participam de reportagens.

O Esporte Espetacular não é uma experiência, é um sonho. É um sonho que tenho há muitos anos. Venho me preparando para essa oportunidade de me tornar um comunicador, de estar à frente do programa que fez parte da minha vida toda e de falar daquilo que eu mais amo, que está na minha alma e em minha essência: o esporte. Então, me sinto grato, me sinto feliz e com aquele sentimento de que vale a pena se dedicar tanto

Fernando Fernandes já integrou outros projetos do Grupo Globo. Ele, por exemplo, já foi apresentador do reality show "No Limite", comentarista em coberturas olímpicas e paralímpicas, e comandou o "Além do limite", no canal OFF.

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O que mais ele falou?

Já há previsão para uma nova temporada do "Planeta Extremo"? "Como a série foi um sucesso, tem uma grande possibilidade de, no segundo semestre, voltarmos com tudo com ela. Foi lindo o Kilimanjaro, com o Clayton Conservani, a Karina Oliani na geleira da Islândia, o Rodrigo Hilbert, que fez uma prova de bike duríssima, e o meu voo no vulcão da Guatemala foi muito bem recebida. A série, com um todo, a qualidade da produção foi fantástica, então, tudo indica que no segundo semestre teremos".

Como foi a sua preparação física e mentalmente? "Eu me preparo diariamente, meus treinos são muito fortes. Sei o quão importante é o dia a dia quando ninguém está vendo, quando estou fazendo meus treinos sozinhos, quando eu crio meus treinos baseados naquele desafio que eu vou realizar e eu acredito que esse condicionamento físico traz a minha leveza psicológica e mental. Acredito muito naquela frase inversa "corpo são, mente sã". Quando você está bem fisicamente, seus pensamentos são positivos, sua energia é positiva, mas assim, para lidar com esses desafios extremos, tenho de ter conhecimento daquilo que eu vou fazer. Então, não fujo de nada baseado naquilo que eu vou encontrar, sejam coisas positivas, sejam coisas negativas"

Acredita que os Jogos Paralímpicos podem abrir um leque maior para esportes radicais? "Acho que esportes paralímpicos e esportes de aventura são diferentes. O mundo paralímpico tem bons esportes e podemos desmistificar um pouco mais para o mundo. Ainda tem muito a crescer e ser mais visto para sociedade".

Saindo do esporte, você é modelo. Também pensa em ser referência nessa questão da vaidade e autoestima para pessoas com necessidades especiais? "Nunca deixei minha vaidade ser maior que minha felicidade. Estando sentado ou em pé, sempre me amei. Sempre gostei muito de quem eu sou, apesar dos meus erros e acertos, eu fui aprendendo com a vida a ser um ser humano melhor. Mas esteticamente, quando sentei na cadeira, procurei ter uma cadeira bonita, cuidar do meu corpo, procurei roupas que se encaixassem? Eu não achei, precisei criar moda. Tive que desenvolver calças, roupas, para uma pessoa sentada, que é diferente do que uma pessoa em pé. E criar minha imagem também, de mostrar para as pessoas que você pode ser bonito seja lá onde for e como for.

A beleza vai muito além de estética, ela está relacionada à luz e à energia. E entendi isso muito bem! Entendi que sentado em uma cadeira não me faria menos homem do que eu era antes, pelo contrário, me faria mais ser humano que antes, por lidar com minhas batalhas. Tem pouquíssimas referências de pessoas cadeirantes no meio da moda, a gente tem que ir criando espaço. O mundo está se abrindo para isso! Mas é uma via de mão dupla, todo mundo precisa trabalhar para que consigamos trazer mais informação, porque acredito que o que quebra preconceitos é a informação".

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