Conhece a praia do Pepê? Atleta que deu nome morreu há 34 anos em tragédia

Foi voando feito passarinho com sua asa-delta que Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes morreu há exatos 34 anos após sofrer um acidente no Japão. Mais conhecido como Pepê, o carioca deixou seu nome marcado no voo livre, mas não parou por aí: ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma etapa do Circuito Mundial de surfe em 1976 e foi um dos precursores nas ondas gigantes.

A paixão pelo esporte se estendia ao estilo de vida saudável. Preocupado com a alimentação dos colegas durante os treinos de voo livre no Rio de Janeiro, Pepê abriu um quiosque em São Conrado em 1979 para vender sucos e sanduíches, além de outros quitutes. Há quem diga que foi ele quem originou a onda dos lanches naturais na capital fluminense.

Mais tarde, a barraca mudou-se para a orla da Barra da Tijuca e o trecho ficou conhecido como Praia do Pepê. O legado do atleta brasileiro que morreu aos 33 anos vai ganhar um reforço, porque seu quiosque será revitalizado e se tornará um memorial aberto a todos que visitarem a região.

"Meu pai conseguiu permear, através do esporte, o contato com a natureza. Primeiro, no hipismo, depois migrando para o surfe, onde teve essa relação com o oceano, as ondas e o mar, e, mais tarde, voando, feito passarinho, com asa-delta. Já tem bastante tempo que ele se foi. Como filho dele, eu e a minha irmã nos encarregamos de manter o legado do meu pai sempre vivo, porque a história dele é linda", falou João Pedro Gayoso, filho de Pepê.

O último voo

Em 5 de abril de 1991, Pepê partiu para seu último voo de asa-delta. Ele foi representar o Brasil no torneio internacional em Wakayama, no Japão. As condições climáticas não eram promissoras para o salto e o brasileiro não estava seguro, mas como a organização da competição não adiou a disputa, ele pulou mesmo assim.

Na época, Pepê estava em segundo lugar e não queria perder pontos. Durante o torneio em terras asiáticas, cada competidor deveria percorrer a distância de 100 quilômetros até o objetivo em Kushimoto, o que daria um voo de três horas. O mau tempo não preocupava só o brasileiro, todos os atletas pressionaram pela suspensão, e os organizadores teimaram.

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Imagem: Arte/UOL

Pepê, então, saltou. Pouco depois, a tempestade ficou severa, o brasileiro tentou um pouso de emergência e acabou se chocando contra um morro. Ele foi socorrido, mas morreu a caminho do hospital de Osaka, abalando a comunidade esportiva e seus fãs.

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"Mesmo não tendo convivido muito com ele - porque ele se foi quando eu tinha um ano e meio - só tem coisas boas, só referências bonitas. Fico muito feliz por, de alguma forma, ele continuar aqui dentro de mim, tanto na parte da genética, quanto no meu trabalho em manter o legado. Qualquer tipo de exposição que remete ao nome dele, eu sempre fico muito feliz, estou sempre à disposição para falar, porque só tenho orgulho de falar do meu pai", comentou João.

A 'nova' barraca do Pepê

A barraca do Pepê é visitada por uma média de cinco mil clientes por mês, sendo 70% deles turistas. Com o objetivo de ampliar ainda mais esses números, além do legado do atleta brasileiro, João e família firmaram uma parceria com a Magnitude pela revitalização do tradicional quiosque do Rio de Janeiro.

A parceria também inclui Diego Leta Bosco, sócio da barraca e fã incondicional de Pepê. Assim como João, ele quer que a história do atleta multicampeão em diversas modalidades permaneça viva eternamente, atingindo novas e futuras gerações.

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Imagem: Arte/UOL

"Antigamente só ganhava o Ayrton Senna e o Pepê. Eu era criança. Então, os meus ídolos de verdade são Pepê e Senna. Tenho um amor incondicional por esses dois. Há três anos, eu vi a condição da barraca e quis ajudar para que esse legado não ficasse perdido. Quis fazer parte dessa história. A ideia é criar um memorial para explicar para todos quem era o Pepê", destacou Diego.

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No início, a revitalização contará com itens pessoais de Pepê na decoração do quiosque, como pranchas, troféus e fotos icônicas. Além disso, Diego sonha em trazer amigos do atleta que possam contar histórias inéditas aos visitantes da barraca.

"Acho que é um conteúdo inigualável, porque o Pepê era tão ícone, que cada pessoa tem uma conexão diferente com ele. Acho que se a gente pegar esse gancho, seria sensacional", projetou o sócio do ponto.

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