Veterano do UFC tem Messi e CR7 como exemplos antes de pensar em despedida
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Gilbert Burns vem se esforçando para voltar a ser o Durinho que quase chegou ao topo do UFC. Aos 38 anos, o veterano está em busca de recuperar a "fome" que apresentava no octógono e de se reerguer da pior fase na carreira.
Em conversa em dezembro com o UOL, o lutador se ancorou no futebol para explicar sua situação atual, traçou um paralelo com Neymar e citou Messi e Cristiano Ronaldo como exemplos em sua tentativa de dar a volta por cima.
À procura da 'fome'
Durinho percebeu que algo nele tinha se apagado após amargar três derrotas seguidas, feito inédito em seus mais de dez anos no UFC. Natural de Niterói (RJ), ele nunca havia perdido duas lutas em sequência até então, com a mais recente em setembro. No auge, chegou a ficar dois anos invicto na organização, somando seis vitórias consecutivas entre 2018 e 2020, mas agora não vence há quase dois anos, desde abril de 2023.
O experiente lutador desabafou que sua "fome" foi diminuindo com o tempo, mas enfatizou que agora corre para recuperá-la na reta final da carreira. Não que Durinho estivesse sem vontade ou que não quisesse mais ganhar, mas o octógono havia deixado de ser uma questão de sobrevivência, como era no começo da trajetória. Uma consequência do decorrer dos anos e das mudanças da vida, segundo ele, mas que ainda estava em seu âmago.

Lembro que no começo da minha carreira, toda vez que eu entrava para lutar era: 'Esse cara vai ter que me matar para ganhar'. E, aos poucos, não é que eu fui perdendo, mas foi se apagando. Eu queria ganhar do mesmo jeito, mas não com aquela fome, sabe? É uma coisa que eu estou ressignificando para voltar e querer muito. Essa vontade ali ainda existe e eu estou buscando ainda mais para terminar bem.
Durinho, ao UOL
O veterano do UFC citou Neymar como exemplo para retratar sua situação e tem Messi e CR7 como espelhos de quem se manteve no topo —tomando cuidado para não fazer nenhuma comparação. Há quatro anos, Durinho bateu na trave na disputa do cinturão dos meio-médios (até 77kg), quando foi derrotado por Kamaru Usman. Desde então, soma mais derrotas do que vitórias —três e duas, respectivamente. Ele segue no top 10 da categoria e se inspira nos jogadores de futebol para continuar em alto nível mesmo com o avanço da idade.
Eu acho que foi a vida, sabe? Acho que é a vida de todo mundo... Não querendo me comparar com ninguém, mas se você ver um Neymar, quando o moleque não era ninguém, eu acredito que era outro treino, que era outra cabeça, que era outra fome. Hoje em dia é diferente. E tem caras que já estão em outro nível, um Cristiano Ronaldo, um Messi, que chegou em outro nível e ainda tem aquela vontade.

São afazeres, são família, conquistas... Às vezes, a vida vai tomando rumos que você perde um pouquinho daquela essência ali, mas eu acho que é normal por onde a vida foi traçando. Só que quando eu identifiquei que estava faltando, fui resgatar isso e estou nesse trabalho para ter isso de volta na próxima luta.
Durinho
Gás final e visita ao Brasil
Durinho planeja a reviravolta enquanto vê seu "last dance" no UFC se aproximar. Ele projeta lutar por mais dois anos, com intervalos de cinco meses entre os confrontos para dar tempo de se recuperar e de se preparar adequadamente. Sabendo que a carreira está chegando ao fim, quer dar o "último gás" e ainda tem uma corrida pelo cinturão dos meio-médios no horizonte.
Ainda tenho o que mostrar no UFC. Ainda tenho mais uns dois, no máximo três anos aí para fazer boas apresentações. Eu sei que estou no final da carreira, é claro para mim que esse tempo está acabando. Então, vou tentar acabar da melhor maneira. Sabendo que está no final, parece que eu tenho que aproveitar mais ainda.

Eu sei que o cinturão é uma coisa muito difícil. Vários atletas com muito talento entraram e saíram no UFC e não chegaram [a conquistar]. O que eu fico alimentando em mim é que ainda dá (...) É a minha última chance ali, meus últimos anos ali, de deixar tudo mesmo, de treinar, de realmente buscar.
Enquanto aguarda sua próxima luta, Durinho veio ao Brasil para buscar forças em sua terra natal. Ele "antecipou" o movimento de Neymar de voltar para sua casa e passou um tempo em Niterói, mas voltou aos EUA para seguir se preparando. O lutador trabalha com a previsão de voltar ao octógono em abril.
Acho que é por isso [recuperar a 'fome'] que eu quis vir pro Brasil. Não precisava, mas eu falei que queria ir lá na minha cidade, refazer umas rotinas, mesmo que na doideira ali. Andar onde eu andava, rever algumas pessoas. Eu gastei muito tempo comigo mesmo depois da lesão que eu tive.
A primeira semana da cirurgia foi bizarra, muita dor e não dava para fazer nada. Eu lembro que eu não estava querendo telefone, televisão, nada. Eu fiquei refletindo muita coisa, comecei a viajar, anotar algumas coisas e pensar... Tive umas conversas ali, comecei a identificar isso e resolvi fazer um caminho e estou nessa busca agora.
Durinho
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