Popó, Ministério do Esporte e clubes de futebol lamentam morte de Maguila

A morte de Adilson Maguila, aos 66 anos, nesta quinta-feira (24), repercutiu no mundo dos esportes.

O que aconteceu

Outra lenda do boxe brasileiro, Popó lamentou a morte do ex-pugilista. "Descanse em paz meu eterno campeão", escreveu em vídeo publicado nas redes sociais.

O medalhista olímpico Robson Conceição exaltou o legado deixado por Maguila. "Hoje o Brasil perde mais que um ídolo, perde um gigante. Maguila foi uma inspiração para todos nós, um verdadeiro guerreiro, dentro e fora dos ringues. Ele mostrou ao mundo o que é nunca desistir, lutar até o fim. Suas vitórias e sua trajetória são exemplo para todos que sonham com um futuro melhor. Maguila, você abriu caminhos para o boxe brasileiro e nos ensinou que a força não está apenas nos punhos, mas no coração. Que seu legado continue nos inspirando a sermos fortes, perseverantes, e a nunca abaixar a guarda diante dos desafios da vida. Descanse em paz, campeão."

A Confederação Brasileira de Boxe emitiu uma nota de pesar. "Maguila representava não só o boxe, mas todo o esporte brasileiro. Enchia-nos de orgulho e colocou a nobre arte na atenção do povo, contagiando a torcida que o acompanhava".

O Ministério do Esporte se manifestou e citou o "legado esportivo inestimável" de Maguila. "O Ministério do Esporte lamenta o falecimento de José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, um dos maiores nomes da história do boxe brasileiro. Maguila faleceu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos, deixando um legado esportivo inestimável e uma trajetória marcada por conquistas."

Clubes de futebol se manifestaram e prestaram o seu pesar pela perda de Maguila. O Comitê Olímpico do Brasil também fez uma publicação.

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Maguila morre aos 66 anos

A morte foi confirmada pela mulher de Maguila, Irani Pinheiro. "Ele acabou de falecer", disse, em contato telefônico com o UOL.

Ex-boxeador é conhecido como referência do esporte sul-americano e lutava contra doença degenerativa no cérebro, que recebe o nome de encefalopatia traumática crônica (ETC), causada pelos inúmeros golpes obtidos na cabeça durante a carreira como lutador.

Maguila se interessou pelo boxe ainda em Aracaju (SE), assistindo a lutas de Eder Jofre e Muhammad Ali. Quando veio para São Paulo, aos 14 anos, para trabalhar como ajudante de pedreiro, o esporte era uma realidade distante. Ao documentário Maguila, de Galileu Garcia, produzido em 1985 e lançado em 1987, o lutador contou que passou fome na capital paulista.

"Nunca pensei que ia ter essa saúde que eu tenho hoje porque eu fiquei amarelo, pálido. Foram três meses (comendo) pão com banana. E minha morada era um caminhão abandonado aqui no Butantã (zona oeste de São Paulo), desses que carrega entulho. Quando o dono descobriu que eu dormia lá, tirou o caminhão e eu fiquei (dormindo encostado) no poste."

Maguila começou a treinar boxe em 1979, mas só disputou a primeira luta amadora dois anos depois, na Forja dos Campeões. O motivo: o técnico Ralph Zumbano, que também é tio de Éder Jofre, preferiu estender o período de preparação do atleta porque sabia que tinha "algo raro nas mãos: um legítimo peso pesado" - a frase é do jornalista Fernando Tucori, que está escrevendo o livro "Maguila", sobre a vida do campeão - ele ainda estuda propostas para a publicação.

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"Ele instruiu o Maguila a causar impacto na Forja. Foi a mesma coisa que o treinador Cus D'Amato, outro sábio, mandou o Mike Tyson fazer nas lutas amadoras. O povo quer ver peso pesado nocauteando. E foi isso que o Maguila fez. Por isso, o Newton Campos diz que as lutas que o Maguila não ganhou por KO, ganhou por WO", diz o jornalista. O KO é a sigla em inglês para nocaute. Já o WO, de desistência.

O ex-atleta realizou lutas marcantes com grandes pugilistas do esporte, como George Foreman e Evander Holyfield. Maguila acabou derrotado nas duas, dentre apenas sete lutas em que perdeu na carreira. Contra Foreman, em 1990, num dos encontros mais marcantes do boxe, acabou nocauteado no segundo assalto.

Com Holyfield, Miguel de Oliveira, pugilista e treinador de Maguila, deixou de treinar o brasileiro pouco antes da luta. Angelo Dundee, histórico técnico de boxe, passou a comandar os treinos do pugilista brasileiro e o mandou partir para cima do norte-americano durante a luta.

"Ele foi trocar com o Holyfield e caiu. Fui um nocaute terrível. Eu o acompanhei até o hospital, fiquei até as três horas da manhã. Quando ele acordou na maca perguntou: 'Ué, onde é que eu estou?'", disse Miguel ao UOL, que discordou das ordens de Dundee e falou que nocaute brutal poderia ter sido evitado.

O pugilista brasileiro venceu lutas que marcaram o boxe, contra James Quebra-Ossos Smith, Daniel Falconi e Andre van den Oetelaar, holandês para qual foi derrotado um ano antes, mas que Maguila pôde se vingar com nocaute depois, no Parque São Jorge, em São Paulo.

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