
Jailton Almeida, mais conhecido como Malhadinho, é um dos lutadores mais promissores desta nova geração brasileira de MMA e fará a luta principal do UFC SP, hoje à noite, no Ginásio do Ibirapuera, contra o norte-americano Derrick Lewis, pela categoria peso pesado (até 120 kg).
Malhadinho fez cinco lutas no UFC desde que ganhou contrato com a organização após participar do Dana White's Contender Series, e venceu todas elas pela via rápida (com um nocaute ou uma finalização). As boas atuações lhe credenciaram ao 9º lugar do ranking do UFC na categoria, e ele acredita muito que pode ser o próximo brasileiro a conquistar um cinturão.
No entanto, não foi fácil para o atleta nascido em Salvador conseguir alçar voos mais altos em sua vida. Em entrevista ao UOL, Malhadinho contou que seu primeiro sonho era ser jogador de futebol, mas ele foi interrompido após um pedido inusitado de um clube.
Depois ele trabalhou como lavador de carros, porteiro e segurança para conseguir levar dinheiro para a sua família de pai divorciados e 11 irmãos.
"Eu tinha o sonho de ser jogador de futebol, é o sonho de quase toda criança que joga futebol. Eu jogava como goleiro e passei em uma peneira, mas um dirigente do clube disse que se eu quisesse jogar lá precisava pagar R$ 10 mil a eles. Isso aconteceu há uns 15 anos. Se hoje já é muito dinheiro, imagina no passado", lembrou Malhadinho.
Sem sucesso no mundo da bola, Jailton também teve desilusão no MMA. Muitas vezes ele não recebia o pagamento da bolsa dos eventos que lutava, e por isso desistiu de lutar — apesar de continuar treinando.
"Eu precisava levar dinheiro para casa de outra forma. Entregava almoço em Salvador, depois virei lavador de carro e também cobria férias de alguns porteiros. Como porteiro e vigilante foi mais fácil de arrumar trabalho. Nessa época consegui voltar a conciliar o trabalho com a minha rotina de treino, mas sem perspectiva de nada. Só voltei a lutar em 2016, quando o meu treinador, o Minotaurinho, me arrumou um trabalho como personal de boxe, consegui mais dinheiro como personal, e me estabeleci no mundo da luta", acrescentou.
Malhadinho herdou o apelido de seu pai, que é um ex-pugilista, e tinha o apelido de Malhado pela força física — alcunha que o filho carrega mundo a fora nos dias atuais. Durante o media day do UFC, na última quinta-feira (2), a promessa brasileira citou inúmeras vezes que tem tudo para ser campeão do UFC, e ele explica o porquê.
"Confio muito [que vou me tornar um campeão]. Estou fazendo um trabalho espetacular. Eu treino demais, sou dedicado em tudo que eu faço. Estar no UFC e vivendo esse momento é incrível. Quando subo no octógono eu lembro de tudo que eu vivi e isso me ajuda muito".
O cinturão da categoria peso pesado está vago no atual momento. Jon Jones e Stipe Miocic fariam uma super luta pelo título, mas o americano se lesionou e o duelo foi cancelado.
Sendo assim, o Ultimate agendou uma disputa pelo cinturão interino da divisão entre Sergei Pavlovich e Tom Aspinall - números 2 e 4 do ranking — para o UFC 295, que acontece no dia 11 de novembro, em Nova York (EUA). Malhadinho está confiante que uma vitória contra Lewis pode lhe dar uma chance de lutar pelo cinturão contra o vencedor do duelo pelo o interino.
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