Deputado pede que assembleia não conceda honraria a Maurício Souza
O deputado estadual Emidio de Souza (PT) solicitou que a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) não conceda sua maior honraria, o colar de Honra do Mérito Legislativo ao jogador de vôlei Maurício Souza.
Em carta enviada ao presidente da casa Carlão Pignatari (PSDB), o político afirmou ser lamentável a "tentativa de distinção a um indivíduo que ganhou destaque em razão de seu discurso divisivo de ódio e intolerância contra uma minoria". A condecoração está marcada para a próxima segunda-feira (9) e será entregue pela deputada estadual Letícia Aguiar (Progressistas).
Emidio de Souza, que preside a comissão de defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões sociais, requisitou o veto à honraria e afirmou que a Alesp deve "liderar iniciativas que tenham como objetivo a união e a concórdia".
"Diferentes estatísticas apontam o Brasil como um dos países com maior incidência de violência contra a comunidade LGBTQIA+. A democracia requer o convívio respeitoso entre os diferentes e nossa Constituição assegura direitos iguais a todas às pessoas", defendeu o deputado.
Confira na íntegra a carta de Emidio de Souza:
Cumprimentando-o, cordialmente, venho, por meio desta, requerer a V. Exa., o veto à proposta da deputada Letícia Aguiar para distinguir o jogador de vôlei Maurício Souza com o Colar de Honra do Mérito Legislativo, a mais importante distinção desta Casa.
Mais que uma Casa de Leis, a Assembleia Legislativa é o espaço de representação política do povo paulista. Deve, portanto, liderar iniciativas que tenham como objetivo a união e a concórdia.
É lamentável a tentativa de distinção a um indivíduo que ganhou destaque em razão de seu discurso divisivo de ódio e intolerância contra uma minoria. Diferentes estatísticas apontam o Brasil como um dos países com maior incidência de violência contra a comunidade LGBTQIA+. A democracia requer o convívio respeitoso entre os diferentes e nossa Constituição assegura direitos iguais a todas às pessoas.
Assim sendo, solicitamos a V. Exa. que vete a referida proposta que em nada contribui para a Honra do Mérito Legislativo.
Sem mais, agradeço V. Exa. e registro meus votos de estima e consideração.
Relembre o caso
O caso começou em 12 de outubro, quando Maurício Souza publicou no Instagram um print de uma reportagem que revelava que o filho do Super-Homem, personagem da DC, se assumiu bissexual. O jogador comentou: "É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar".
A publicação repercutiu negativamente entre pessoas de dentro e de fora do clube. Sem base jurídica para acusar Maurício de homofobia, o Minas não teria como demitir o jogador, que tinha carteira de trabalho assinada e também contrato de imagem. Foi por isso que, ao soltar nota sobre o assunto, o Minas reprovou o post do central, mas disse que "todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais".
A nota, porém, causou mal-estar interno dentro do clube, perante à base de fãs, que tem grande presença de pessoas LGBTQIA+, e aos dois patrocinadores que, na prática, são mantenedores da equipe. Em notas públicas, Fiat e depois Gerdau exigiram que o Minas tomasse medidas concretas e urgentes. Foi quando o Minas decidiu pelo afastamento do atleta.
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