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Golfista que tratou doença incurável com urina e ayahuasca volta a competir

Morgan Hoffman foi estrela do golfe universitário e se profissionalizou em 2011 - Arquivo pessoal/Instagram
Morgan Hoffman foi estrela do golfe universitário e se profissionalizou em 2011 Imagem: Arquivo pessoal/Instagram

Do UOL, em São Paulo

13/04/2022 18h03

Em 2016, o golfista norte-americano Morgan Hoffman foi diagnosticado com uma distrofia muscular incurável. Ele desistiu se afastar do circuito de elite do esporte e viver nas selvas portorriquenhas, onde diz ter se tratado bebendo a própria urina e comendo 800 uvas por dia. Ele também vivenciou experiências com o ayahuasca, uma bebida de efeito psicoativo, que ele diz ter mudado sua percepção. Agora, Hoffman se prepara para voltar ao golfe profissional e vai competir no RBC Heritage, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

Segundo reportagem do jornal The New York Post, Hoffman, nascido e criado em Nova Jersey, era uma estrela do golfe universitário e se profissionalizou em 2011. Nesta fase, conseguiu patrocinadores de peso, como Polo Ralph Lauren e Mastercard.

Em 2014, ele terminou em terceiro lugar no Campeonato BMW de Cherry Hills, no Colorado, e embolsou um cheque de US$ 544 mil (R$ 2,55 milhões, em valores atualizados).

Em seu último ano na Universidade do Estado de Oklahoma, porém, começou a notar perda de massa muscular na região do peitoral, embora não sentisse dor e nem tivesse piora na performance esportiva. Somente depois de três anos, quando já era um jogador profissional estabelecido, sentiu que o enfraquecimento dos músculos estava lhe prejudicando no golfe. Ele procurou um profissional e realizou diversos exames, mas não conseguiu encontrar a causa do problema.

Hoffman só recebeu o diagnóstico em 2016: distrofia muscular facioescapuloumeral, uma doença incurável que causa perda de massa muscular. O melhor que ele poderia esperar, disse-lhe o médico, era tentar manter sua mobilidade pelo maior tempo possível.

"Eu fico tipo, 'O que eu faço?' Ele [médico] me diz que posso fazer terapia, mas é só isso", disse Hoffman ao New York Post. "Só vai piorar. Eu fico tipo, 'É isso?'"

Terapia com urina e ayahuasca

Dois anos depois, em 2018, sem conseguir melhorar da doença, Hoffman viajou ao Nepal por três meses. Foi lá que conheceu a terapia com a urina e jejum, na qual não consumia água ou comida por 10 dias, vivendo a base de dois copos do próprio xixi por dia.

Do Nepal, Hoffman e sua esposa, Chelsea, foram para a Península de Nicoya, no oeste da Costa Rica. Lá, com a ajuda de um xamã local, ele passou por um tratamento de quatro dias na Amazônia usando ayahuasca. Segundo ele, a experiência lhe abriu os olhos para o que poderia ser alcançado por meio da medicina alternativa.

Em meio a visões de padrões geométricos vívidos, elefantes gentis e borboletas gigantes, Hoffman diz que sentiu como se o "ser da natureza" estivesse sendo "bombado" para dentro dele. "Foi lindo. Parecia que a doença estava saindo de mim."

Nesta semana, em coletiva de imprensa, o atleta comentou sobre suas experiências com o chá. "Muitas pessoas chamam algumas das coisas em que embarquei como alucinógenas, mas a maneira como as vejo é muito diferente. Acho que é como uma porta dos fundos ou porta lateral para diferentes dimensões ou diferentes planos. Eu realmente não tenho isso ainda. Ainda estou questionando e tentando descobrir tudo."

Tratamento continua

A família Hoffman comprou uma casa na serra Novara, na Costa Rica. O imóvel, diz ele, não tem portas e nem janelas, apenas telas de proteção para manter os insetos afastados.

Diariamente, ele pratica meditação, yoga e exercícios de respiração. Também não consome nenhum produto de origem animal e recorre muitas vezes a dietas com alimentos crus. Certa vez, contou, passou 17 dias se alimentando apenas de uvas, comendo mais de 800 por dia.

Hoffman também tem trabalhado em sua força e, pela primeira vez em anos, diz, pode flexionar seus músculos peitorais. "Meu peitoral direito foi o pior - meio que desceu até minhas costelas, onde tudo que você podia ver era osso. Agora, quando coloco minha mão aqui e flexiono, posso sentir novamente. É muito, muito emocionante."

Agora, seus planos incluem ajudar outras pessoas a se beneficiarem que aprendeu em sua jornada. Ele fundou a Fundação Morgan Hoffman e planeja construir seu próprio centro de bem-estar na Costa Rica.

Ele espera ter um bom desempenho nas partidas que fará no circuito de golfe. Assim, poderá conseguir manter no ano que vem seu vínculo com a PGA Tour, que reúne os jogadores de golfe profissionais dos Estados Unidos, e somar recursos que serão destinados à fundação.