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Batoré jogou no São Paulo e virou humorista por causa de entrada violenta

Batoré morre aos 61 anos, em São Paulo - Reprodução/Instagram
Batoré morre aos 61 anos, em São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

10/01/2022 18h49

O ator e humorista Ivanildo Gomes Nogueira, conhecido como Batoré, que morreu nesta segunda-feira (10), aos 61 anos, durante o tratamento de um câncer, foi jogador de futebol e chegou a atuar em times como São Paulo, Ituano, Santo André e Paulista de Jundiaí. Ele contou em entrevista ao UOL, em 2014, que uma entrada violenta de um colega de time o fez desistir do esporte e seguir para o caminho do humor.

Nascido em Serra Tallhada, no Pernambuco, Batoré se mudou para a região metropolitana de São Paulo na infância, junto com os pais e sete irmãos. Ponta driblador na adolescência, se destacou em times da cidade de Mauá, até a oportunidade nas categorias de base do São Paulo, em meados dos anos 70.

Apesar de ser ponta direita, Batoré decidiu ingressar no elenco em outra posição. "Só tinha cara troncudo no teste. Eu vi na prancheta do treinador, o Seu Celso, que não tinha nenhum lateral esquerdo. Decidi falar que era lateral, por isso que passei. Não concorri com ninguém e fiquei em segundo lugar", brinca.

Pelas características ofensivas, Batoré driblava bastante e partia para o ataque, em um tempo em que os jogadores da posição permaneciam mais na retaguarda: "Era tido como um lateral louco, eu era futurista", disse ao UOL.

Ele disse que ficou na base do São Paulo por quatro meses e deixou o clube porque não tinha dinheiro para se deslocar de Mauá para o Morumbi, onde aconteciam os treinos das equipes de base, antes da criação do CT de Cotia.

Batoré ficou pouco tempo no futebol. Ele contou que em 1981, jogava no Ituano, que disputava a 3ª divisão do Paulista, e no General Motors no ABC paulista. Foi no segundo time que sofreu uma entrada violenta que mudou sua vida. O colega machucou os dois tornozelos dele e o fez desistir da carreira de jogador de futebol.

"O meu reserva me deu um carrinho por trás, maldoso, e me trincou os dois tornozelos. E eu sempre saía faltando uns 15 minutos nos jogos para ele ganhar o bicho também. Fiquei três meses engessado da cintura para baixo. Estava quase para acertar com a Ponte Preta na época", contou o humorista.

Foi durante a recuperação, em que passou meses imobilizado em casa, assistindo a jogos de futebol pela TV, que teve ideia para o seu primeiro esquete humorístico, que o alçou para a carreira artística.

"Foi um obstáculo que Deus colocou para que eu mudasse de rota, de destino. Eu teria sido um jogador comum, talvez não acontecesse no futebol, estaria condenado ao nada na vida, como muitos", disse o humorista, na época, sobre o episódio que mudou sua vida.

Animador em concentrações

Embora tenha sido forçado a desistir da carreira no futebol, Batoré se manteve perto do esporte. Ele se apresentou algumas vezes na concentração do São Paulo, nos tempos de Telê Santana. E, antes da histórica final do Paulista de 1993, foi indicado pelo zagueiro Antônio Carlos para tentar animar o elenco do Palmeiras.

"O Palmeiras estava há 16 anos sem ganhar um título, a torcida até destruiu a sala de troféus. Eu fui me apresentar e chamei alguns canais de TV. Apareci em jornais da Globo, mostraram o Luxemburgo rindo, o Evair rindo. Me entrevistaram, e o Palmeiras foi campeão. Depois o filho do Carlos Alberto falou para o pai: 'dá uma chance para ele senão a Globo vai levar'", recordou.

Além de ator e humorista de sucesso, principalmente como parte do elenco da Praça é Nossa, do SBT, Batoré se arriscou na política. Em 2008, foi eleito vereador do município de Mauá e foi reeleito quatro anos depois. Mas teve o mandato cassado por infidelidade partidária. Em 2014, tentou o cargo de deputado federal, mas não se elegeu.