Nem tudo o que cercou o fim de semana do GP da Hungria foi digno de aplausos. O comportamento de parte do público que compareceu ao circuito de Hungaroring chamou a atenção. Lewis Hamilton foi hostilizado com vaias e insultos de cunho racista.
No Fim de Papo F1, live pós-corrida do UOL Esporte - com os jornalistas Fábio Seixas e Flavio Gomes - os comentaristas lamentaram os episódios ocorridos com o piloto da Mercedes durante o fim de semana.
"É preciso fazer essa ponderação sobre o comportamento do Hamilton no pódio. Ele começa a ficar cabisbaixo ali. Quando ele sai do carro, vai sorrindo cumprimentar o Ocon e tem aquela imensidão de vaias. Não são legais do ponto de vista esportivo, até porque ele não fez nada de errado. As vaias para o Hamilton sempre são carregadas de um tom racista. Ele foi vítima de ataques racistas nas redes sociais depois do GP da Inglaterra e foi de novo ontem [sábado] depois do que aconteceu na classificação", disse Gomes.
O colunista se referiu ao que ocorreu durante o treino de classificação, no sábado. Na parte final do Q3, Hamilton fez uma volta lenta, o que impediu Sergio Pérez, da Red Bull, de fazer mais uma tentativa para obter a pole position - que ficou nas mãos do piloto da Mercedes, vaiado por parte dos torcedores.
Seixas teme que a temporada seja manchada por manifestações discriminatórias. "Que o campeonato não caminhe para esse lado. Que não tenhamos nas próximas etapas esse tipo de coisa acontecendo. Que a história do campeonato não seja essa de racismo, de idiotas indo para o autódromo para vaiar o Hamilton e se manifestar de forma racista. Não duvido que vá, porque estamos testemunhando tanta degradação, idiotice e imbecilidade nos últimos anos que é bem capaz que o campeonato caminhe para isso. Tomara que não e que tenhamos um comportamento mais civilizado por parte da torcida nesta parte final", comentou.
O próprio Verstappen poderia tomar alguma atitude para combater estes atos discriminatórios contra Hamilton, como sugeriu Gomes. "Acho que seria importante, mas não tenho a menor esperança de que isso aconteça, que nesse momento em que temos pilotos e atletas em geral se livrando de algumas amarras de posicionamento político, comportamental, etc, um cara como o Verstappen vir a público para conclamar seus torcedores a pararem com isso. Conhecendo a Europa, algumas populações e públicos, sabemos que tem componente racista nessas vaias, sim", reforçou.
Os comentaristas relembraram um episódio ocorrido com Hamilton em 2008, durante o período de testes da categoria no circuito de Montmeló. O piloto, então na McLaren, foi vítima de racismo por parte de torcedores espanhóis, que estenderam faixas com ofensas, hostilizaram o inglês e alguns deles se fantasiaram como macacos. Um ano antes, Hamilton havia vivido uma temporada de atritos com o espanhol Fernando Alonso, que deixou a escuderia e foi para a Renault.
Gomes pediu empatia por tudo o que Hamilton tem passado. "Nesse sentido, fica nossa solidariedade ao Hamilton e a compreensão de que no pódio ele não estava tão alegre e entusiasmado. Afinal de contas, ele estava sendo xingado, vaiado, agredido e ofendido por pessoas em um país com parte da população xenófoba, racista, e é comandado por um cara assim", disse, referindo-se ao premiê húngaro Viktor Orbán, de extrema-direita.
A sugestão de Gomes agradou a Seixas. "O Verstappen pilota para a Red Bull, que é uma marca que toma atitudes, investe tanto no esporte e fala de outras causas. Seria muito legal se a Red Bull e o Verstappen fizessem esse tipo de declaração de apoio a Hamilton. Adoraria. Talvez nem parta do Verstappen, mas talvez da Red Bull, que é uma marca com um batalhão de gente pensando justamente em imagem o tempo inteiro", finalizou.
Não perca! A próxima edição do Fim de Papo F1 será em 29 de agosto, logo após o GP da Bélgica.
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