Topo

Laís Souza vê deficiência exibida de "forma bonita" e diz: "Choro até hoje"

Laís Souza diz que acidente foi mostrado de "forma bonita" - Reprodução/ESPN
Laís Souza diz que acidente foi mostrado de 'forma bonita' Imagem: Reprodução/ESPN

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/03/2021 23h28

Sete anos após o acidente que a deixou tetraplégica, a ex-ginasta e esquiadora Laís Souza admitiu que ainda "chora muito" por causa das "privações" impostas pela falta de mobilidade.

Em entrevista ao "Bola da Vez", exibida hoje (13) na ESPN Brasil, Laís afirmou que sua história foi vista de "forma bonita", mas que "muitas verdades precisam aparecer" em relação à pessoa com deficiência.

"Até hoje, eu choro muito, porque é muito difícil eu ter sido atleta e hoje estar me privando de tudo. Fui de 100 para zero. Esse lado da aceitação é algo que eu ainda trato demais, tento entender, mas, como eu sempre amei viver, ter a minha liberdade, eu consegui passar por cima dessa forma", falou a ex-ginasta.

Laís acredita que muitas pessoas não conhecem as privações de seu caso e pediu um olhar "mais carinhoso" para a pessoa com deficiência.

"Eu acho que [o meu caso] foi mostrado de uma forma bonita, e até hoje não é mostrado o que realmente é. Às vezes, eu tomo um pouco de coragem, tento colocar alguma coisa, falar alguma coisa e, mesmo assim, eu ainda me sinto um pouco presa para soltar. Eu acho que até agora as pessoas não sabem exatamente o que é. Muita gente não sabe que eu não mexo nada. Muita gente pensa que eu mexo a mão ou qualquer coisa assim. Mas não, até hoje eu não mexo nada do meu corpo e só dependo do meu próprio trabalho", falou Laís.

"Eu gosto de falar nas minhas palestras que não é barato e, como hoje eu vivo um momento legal, posso pagar as minhas coisas. Sei lá, se eu quiser fazer um esporte, viajar para Bahia, eu vou, mas a maioria das pessoas não é isso. A maioria não tem dinheiro para comprar uma sonda, para comprar um bom colchão e tem ferida. Tem gente que não tem cadeira de rodas, então, é essa verdade que às vezes não chega", seguiu a ex-ginasta.

"Eu sinto que as pessoas precisam olhar com mais carinho, que ali é um ser humano. É uma pessoa que pensa, que pode tudo, que pode fazer esporte, que pode ir para escola, que pode ser doutor, que pode ser tudo. A única coisa que impede ela é esse 'não movimento' ou as outras diversas deficiências que existem. Eu acho que ainda precisa sair muita coisa, muitas verdades precisam aparecer", encerrou.