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SPFC vê emboscada como "atentado terrorista" e critica liberação de detidos

Ônibus do São Paulo foi apedrejado durante percurso entre o CT e o estádio antes da partida entre São Paulo e Coritiba - Marcello Zambrana/AGIF
Ônibus do São Paulo foi apedrejado durante percurso entre o CT e o estádio antes da partida entre São Paulo e Coritiba Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2021 00h26

O São Paulo emitiu uma nota oficial para questionar o Tribunal de Justiça de São Paulo pela liberação de nove dos 14 torcedores que foram detidos por envolvimento no ataque à delegação no último sábado (23).

Na data, reconheceu-se a prática dos crimes de "associação criminosa, dano e resistência". Pouco tempo depois, porém, o TJ aceitou parte das medidas cautelares restritivas.

Para o clube, que citou artigos do Código Penal no pronunciamento e prometeu "cobrar rigor das autoridades", os agravantes que tipificam o risco que os atletas foram submetidos não foram considerados na decisão, que foi classificada como "injustificável".

"Para o São Paulo Futebol Clube está claro que seus atletas e sua comissão técnica foram alvos de um "atentado terrorista", o que torna a liberação de parte deste grupo de vândalos um desfecho injustificável", diz o texto.

O presidente Julio Casares já havia se pronunciado também por meio de nota sobre o ocorrido. "O ataque que a delegação do São Paulo Futebol Clube sofreu a caminho do estádio do Morumbi é um ato inadmissível e que jamais deve ser tolerado. Estava com a nossa delegação no ônibus e posso testemunhar que o saldo poderia ter sido ainda pior. Por sorte, ninguém se feriu", disse.

Leia na íntegra:

O São Paulo Futebol Clube tomou conhecimento nesta segunda-feira (25) que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo confirmou a validade da prisão em flagrante dos 14 detidos no último sábado (23), após o ataque ao ônibus do clube a caminho do estádio do Morumbi, reconhecendo a prática dos crimes de "associação criminosa, dano e resistência". Nessa ocasião, porém, liberou nove deles com medidas cautelares restritivas de liberdade, mantendo os outros cinco sob custódia.

O São Paulo entende que o artigo 251 do Código Penal, que tipifica o crime de "expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou substância de efeitos análogos", não foi considerado. Igualmente, o delito previsto no artigo 16, parágrafo 1°, inciso III da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), "possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar".

Está comprovado, inclusive pela presença do GATE no local onde os indiciados foram surpreendidos, o encontro de artefatos explosivos de elevado potencial lesivo, além de pedras e pedaços de madeira. Não se pode esquecer que a fuselagem do ônibus em que a delegação se encontrava foi perfurada, com estilhaços atingindo atletas do clube.

Para o São Paulo Futebol Clube está claro que seus atletas e sua comissão técnica foram alvos de um "atentado terrorista", o que torna a liberação de parte deste grupo de vândalos um desfecho injustificável."

Entenda

Enquanto se dirigia ao Morumbi, o ônibus do Tricolor foi vítima de uma emboscada por parte dos próprios torcedores. O UOL Esporte teve acesso ao boletim de ocorrência registrado em relação ao ato criminoso. O documento revela que três policiais militares se lesionaram num conflito com 30 suspeitos de atacar a delegação tricolor antes da partida. A batalha ocorreu num galpão para onde os vândalos foram após a emboscada.

O boletim de ocorrência não esclarece a quantidade de suspeitos feridos. Apenas diz que 14 pessoas foram indiciadas e encaminhadas ao Pronto Socorro da Lapa. A munição encontrada no Galpão, parte dela num veículo, incluía sete barras de madeira, nove canos de ferro, onze pedras e bombas caseiras.

A reportagem apurou que o ônibus do São Paulo fez no sábado uma rota inédita para ir ao Morumbi. Segundo fontes do clube, a manobra foi acordada com a Polícia Militar, que já trabalhava com a possibilidade de alguma tentativa de violência contra a delegação. Mesmo assim a emboscada aconteceu nas imediações da Rua Bento Frias, por onde o time nunca passa no caminho para o estádio.

A situação gerou revolta entre os jogadores. Há, no elenco, desconfiança de que alguém de dentro do clube e com conhecimento do trajeto possa ter passado informações aos autores do atentado. Além disso, alguns atletas por pouco não foram fisicamente feridos no ataque, e ficaram bastante abalados. O São Paulo volta a campo no próximo domingo, quando encara o Atlético-GO em Goiânia.

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