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Como skate ajudou rapper L7NNON a ter sucesso na carreira musical

L7NNON já levou a vida de skatista a sério, mas a música mudou seus planos - Reprodução / Instagram
L7NNON já levou a vida de skatista a sério, mas a música mudou seus planos Imagem: Reprodução / Instagram

Flavio Latif

Do UOL, em São Paulo (SP)

22/01/2021 04h00

O cantor L7NNON é um dos principais nomes da nova geração do rap nacional. Em 2019, ele lançou seu primeiro álbum "Podium", cujas músicas, somadas, já ultrapassam a marca de 40 milhões de reproduções no Spotify. A música que intitulou sua produção tem uma citação direta a outra paixão do rapper de 26 anos, e que vem de muito antes da música: o skate.

Em entrevista ao UOL Esporte, L7 afirmou que conheceu o skateboarding na infância e que pratica o esporte até hoje. Antes de mergulhar no mundo da música, ele participava de competições de skate, em 2017, inclusive, viajou a Barcelona para participar do Dia Mundial do Skate e venceu o evento de melhor manobra. No entanto, na mesma viagem, ele foi convencido por seus amigos de que deveria olhar de outra forma para a carreira de músico.

"De início, minha ideia era viver do skate e soltar música por hobby, algo que eu acho daora fazer. Em nenhum momento, parei e pensei que minha vida seria música. Só que eu soltei a primeira música e a galera gostou, começaram a pedir mais lançamentos, comecei a ser convidado para fazer parcerias em músicas de outros artistas e quando fui ver, a parada tinha fluído", revelou.

Corro pra chegar no pódio
E eles disseram que não pode
Sabe que hoje nós tá forte
Whisky não, eu sou o skateboard".
L7NNON - Podium

"É meio surreal, às vezes, pensar nisso. Um lance que começou com uma parada que eu curtia fazer [a música]. Sempre gostei de rimar, fazer improvisação com os meus amigos. Inclusive na minha viagem pra Barcelona, tinha uma galera, meus 'irmãos' de lá, eles andam de skate e fazem música, no final do rolê, a gente rimava junto e eles falavam pra mim: 'tu rima pra caramba, lança suas músicas'. Quando eu voltei para o Rio, tinha um brother meu, que eu não via há um tempo, e, por acaso, ele virou pra mim e falou: 'tô fazendo um beat', eu falei que estava escrevendo uma música e acabou que gravamos ela", completou.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) confirmou a inclusão do skate entre os esportes olímpicos no ano passado. L7nnon pratica skate até hoje, mas acredita que mesmo com a entrada nas Olimpíadas, as pessoas não vão deixar de ter uma visão marginalizada do esporte.

"Os profissionais do skate, se for ver, o maior reconhecimento foi ali, na rua, gravando video part e andando em local que não foi feito como um 'local pra andar de skate' e, muitas vezes, não é permitido andar. No final das contas, vai ser marginalizado mesmo estando na Olimpíada ou não. Na rua, você não está competindo. Se a polícia te ver onde não poderia andar, você já vai estar errado. O jeito que a gente anda, se veste e ouve música, ainda não é tão bem aceito. Hoje em dia, a recepção é melhor, mas ainda não está como deveria ser", disse.

Torcedor do Flamengo, o cantor comentou que não é fã assíduo do futebol. Isso porque, quando ele era mais novo, tinha o sonho de ser jogador de futebol e não conseguiu realizá-lo. Por causa disso, L7 perdeu um pouco de interesse pelo jogo e vive a vida com mais foco no skate.

"Eu torço para o Flamengo, mas, dificilmente, assisto jogo. Tive vontade de ser jogador de futebol quando era mais novo, mas, por não ter fluído, fica aquela frustração de moleque. Logo depois disso, eu conheci o skate, aí esqueci de vez do futebol. Quando eu vejo um jogo, é para ver a rapaziada que eu converso, como o Pedro [atacante do Flamengo], para ver ele jogar. Mas nunca torci para outro time", concluiu.

O último trabalho de L7NNON foi lançado no final do ano passado e se chama "Hip Hop Rare". As música mais escutadas até o momento e que têm mais visualizações nos clipes no Youtube são: "Perdição" e "Abre a porta".

Confira outros trechos da entrevista:

UOL Esporte: Como era a sua vida de atleta antes da música?

Antes desses rolês com a música, a ideia era viver de skate. Eu estava correndo atrás para dar tudo certo, e de certa forma estava dando certo. Fui para Barcelona em 2017 e participei de um evento no dia Mundial do Skate. Eu já estava ficando sem dinheiro, mas ganhei o evento de melhor manobra no dia e ganhei uma grana muito boa. Foi daora demais.

UOL Esporte: Mesmo estando longe do cenário de skate, você continua praticando?

Ando sim. A música chegou na minha vida em 2018, acho. Logo depois, conheci o Papato [produtor] que me chamou para fazer parte da Papatunes Records. Em 2019, eu lancei o "Podium", meu primeiro disco, só que a partir de 2018, a parada já tinha acontecido, e o skate deixou de ser minha prioridade. Mas eu ando de skate até hoje. Não é porque sigo outro rumo que deixo de esquecer (sic) de onde eu vim. Meus 'irmãos' todos andam de skate até hoje, nenhum momento eu deixei de ser o que eu sempre fui, a galera com que eu andava, eles eram inspiração pra mim e continuam sendo até hoje.

UOL Esporte: Você tem desejo de relacionar a música com skate?

Eu até tenho músicas em que falo sobre minha vida no skate, mas não tenho algo específico que junte as duas coisas. Eu tenho vontade de fazer um projeto voltado para isso. Tenho vontade de soltar um video part de skate, só que ainda não fiz.

UOL Esporte: Tem contato com figuras do futebol?

Já estive no mesmo lugar com muita gente que sou fã e acompanho também. O Marcelo, que joga no Real Madrid, ele fala comigo direto. O Pedro do Flamengo, uma galera que chegou em mim pelo meu trabalho. O pessoal mandou o story do Marcelo cantando minha música, muito gente fina, troco ideia direto.

UOL Esporte: Quanto o skate foi importante na sua vida como músico?

O skate tem influência na minha vida até hoje. Eu não sei no que você acredita, mas eu acredito em Deus e acho que Deus colocou na minha vida para acontecer dessa forma: começar com o skate e depois a música. Mas nunca parei de andar. Hoje faço música, vai que daqui a pouco eu viro jogador de futebol [em tom irônico].

UOL Esporte: Tem algum sonho relacionado ao esporte?

Eu tenho muita vontade de gravar um clipe, alguns em Barcelona, onde tudo começou, o lance de conhecer a galera que fazia música. Foi o lugar que eu sonhava em ir. Acredito que todo sonho de moleque que curte muito skate é viajar para esse lugar. A meca do skate é Barcelona. Se tu é ligado em skate, é o sonho de moleque. Tudo da minha vida com a música, de certa forma, fez muito mais sentido porque eu vivi o skate. Queria ir em 2020 pra Barcelona, mas por conta do coronavírus acabei ficando aqui. Mas assim que der, eu tô lá de volta.