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Jornalistas da Globo têm números vazados e sofrem ataques por caso Robinho

Gabriel Vaquer

Colaboração para o UOL, em Aracaju

19/10/2020 04h00

Pelo menos três jornalistas do Grupo Globo tiveram os seus números pessoais vazados em grupos de WhatsApp durante a semana e receberam ameaças de torcedores do Santos. Entre os ameaçados estão os jornalistas Rodrigo Capelo, especializado em negócios do esporte e que atua no Sportv, e o apresentador do programa "Tá na Área", do Sportv, Carlos Cereto. O caso mais grave aconteceu com Ana Thaís Matos, comentarista de futebol da emissora. Marília Ruiz, blogueira do UOL Esporte e comentarista da Band, também recebeu ameaças.

Segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, o número pessoal de Ana Thaís foi jogado em diversos grupos que apoiavam a contratação de Robinho. A comentarista chegou a receber ligações e mensagens com ameaças contra sua integridade física. A jornalista teve de desativar sua conta no WhatsApp por segurança.

Ana teve que pedir para seus familiares e amigos se comunicarem com ela por outras redes sociais, como por mensagem privada no Instagram. A jornalista reportou o que houve para a Globo, que contatou as autoridades.

Tão grave quanto foi a situação de Rodrigo Capelo. Ele também teve seu contato pessoal vazado. Em seu Twitter oficial, Capelo relatou que bloqueou mais de 600 números que tentaram fazer ofensas pessoais pelo fato do jornalista ter procurado os patrocinadores do clube para que eles se manifestassem sobre a contratação de Robinho.

"Desde a noite de ontem, bloqueei 600 números de celular e apaguei cerca de 3.000 mensagens com xingamentos e ameaças. Também aconteceu com @mariliaruiz, @anathaismatos e @carloscereto por causa do caso Robinho. Às milícias digitais, meu lamento. Continuaremos a fazer jornalismo", escreveu Capelo.

Assim como Ana Thaís, Capelo também reportou aos seus superiores as ameaças. Por fim, Carlos Cereto sofreu com o fato. O âncora e debatedor do Sportv apenas defendeu a não contratação de Robinho e criticou que um jogador condenado em primeira instância por estupro tenha sido contratado.

Por causa dos ataques, Cereto desativou na última terça (13) o seu WhatsApp e desde então também está sem um contato telefônico direto. Cereto também tomará medidas legais contra os trolls e tenta rastrear a origem dos ataques.

A Globo recebeu todos os casos. A reportagem soube que a emissora está assustada com a situação, pois considera um ataque grave aos seus contratados. A emissora está dando suporte jurídico e de segurança pessoal para os envolvidos. O caso já está na Polícia especializada em crimes virtuais para investigação.

Outro pedido da emissora é que, se acontecer novamente algo parecido com qualquer contratado, o fato seja reportado imediatamente para que a Globo tome as medidas cabíveis. A emissora está alerta e promete ir até o fim para achar culpados pela hostilidade.

Além de profissionais da Globo, a jornalista Marília Ruiz também passou pela violência virtual. Em seu blog no UOL Esporte, Marília afirmou que recebeu mais de 60 ameaças de morte por telefone por ter se posicionado contra a contratação de Robinho. A jornalista registrou boletim de ocorrência DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância). "O medo não pode nos paralisar. Denuncie", afirmou Marília.