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Fórmula 1

Dona da F1 oferece direitos para concorrentes da Globo e tenta TV para 2021

Gabriel Vaquer

Colaboração para o UOL, em Aracaju

14/09/2020 04h01

Pela primeira vez desde que a Globo anunciou que não renovaria os direitos de transmissão da Fórmula 1, a Liberty Media, dona da categoria, decidiu tentar uma nova "casa brasileira" para a principal categoria do automobilismo do mundo.

A empresa ofereceu para todas as concorrentes da Globo na TV aberta, além de paga, os direitos de transmissão da categoria. A ideia é tentar fechar um acordo para TV aberta e paga a partir do ano que vem e lançar a F1 TV, streaming próprio da categoria, no Brasil.

Segundo apurou o UOL Esporte, a Liberty ofereceu os direitos para Record, SBT, Band, RedeTV! e até Cultura. Na TV por assinatura, houve sondagem a Disney e Turner, perguntando se havia interesse. Nesse primeiro contato, SBT e Disney se mostraram mais dispostos a iniciar conversas. No entanto, tudo ainda está muito prematuro.

A Liberty não tem pressa e quer conversar com calma com todos os interessados, até por que a temporada do ano que vem ainda vai demorar para estrear.

A empresa quer manter a janela aberta por que sabe que existe uma demanda para isto no Brasil. As exibições na Globo, que deixará a competição depois de 39 anos sem interrupções, representam pouco mais de 20% do público global da Fórmula 1 no mundo. Ter uma outra TV com o mesmo alcance nacional e com mais flexibilidade para mostrar patrocinadores próprios, além de pódio e treino para o grid de largada, é o ideal para a Liberty nesse momento.

Na TV paga, existe um otimismo de que a Disney possa adquirir os direitos. A empresa americana já é dona da Fórmula 1 em toda a América Latina, com exceção do Brasil, e tem um trabalho elogiado em países com Argentina, por exemplo. Adquirir a F1 seria aumentar o domínio que já tem e o faturamento que pode ter.

A Disney, por enquanto, trata com cautela a possibilidade. Executivos confirmam o interesse e a vontade, mas dizem que não há negociações abertas.

A Fórmula 1 atrai muito por causa, principalmente, do faturamento. Na Globo, o evento tem uma audiência entre 9 e 10 pontos de Ibope na Grande São Paulo, mas tem marcas de peso por causa de sua penetração no público mais rico. Essas marcas, inclusive, pretendem continuar investindo na F1 em qualquer emissora que vá. Muito por isso, a Globo avisou ao mercado que não exibiria a Fórmula 1 em 2021. O mercado, agora, terá que procurar outra opção.

Em maio, o UOL Esporte já afirmava que o risco de a Fórmula 1 sair da Globo era grande. Os anunciantes receberam a notícia no mês passado porque é por volta deste período, entre o terceiro trimestre do ano, que a Globo lança o pacote publicitário da Fórmula 1 no mercado. No ano passado, a cota master de patrocínio valia R$ 98,9 milhões, e foi vendida para cinco empresas. Com isso, a Globo faturou R$ 494,5 milhões ao todo.

No ano passado, a Globo ofereceu 20 milhões de dólares pela renovação do contrato para a Fórmula 1. A Liberty queria US$ 22 milhões. O acordo não veio, e agora os direitos estão na praça.

A Rio Motorsports, empresa que quer construir um autódromo no Rio de Janeiro e realizar o GP do Brasil por lá a partir do ano que vem, também queria estes direitos, mas chegou aos ouvidos da Liberty o problema que a empresa teve com a MotoGP e, hoje, essa possibilidade é descartada.

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