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Caso Nassar: ex-técnica é presa por mentir e dizer que não sabia de abusos

Larry Nassar, ex-médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos, foi condenado e preso em 2018 pelos abusos que cometeu contra jovens atletas - Getty Images
Larry Nassar, ex-médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos, foi condenado e preso em 2018 pelos abusos que cometeu contra jovens atletas Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

05/08/2020 08h51Atualizada em 05/08/2020 09h28

A ex-treinadora de ginástica Kathie Klages, da Universidade Estadual do Michigan, foi condenada a três meses de prisão por mentir para a polícia em um processo de investigação sobre Larry Nassar, médico que atuava na equipe nacional de ginastas dos Estados Unidos.

Nassar foi preso em 2018 com uma pena de mais de 300 anos de prisão pelos abusos que cometeu contra os atletas, confessados por ele. No processo, mais de 150 mulheres falaram no tribunal sobre as inúmeras vezes que o médico atentou contra a integridade delas.

Kathie foi considerada culpada em fevereiro por mentir nas investigações de 2018. Ela também foi condenada ontem a 18 meses de liberdade condicional.

Duas testemunhas afirmaram no processo de 2018 que a ex-treinadora tinha conhecimento de casos de abuso, mais especificamente desde o ano de 1997.

Ontem, antes da sentença, uma delas disse ao tribunal em Michigan que Kathie escreveu um recado para a testemunha com uma ameaça que haveria sérias consequências se a denúncia fosse feita.

"Estou aqui representando meu eu de 16 anos que foi silenciado e humilhado há 23 anos e, infelizmente, todas as centenas de meninas que foram abusadas depois de mim", disse ela, segundo o jornal britânico The Guardian.

Kathie afirmou ter conhecimento dos casos através de reportagens de 2016. Ontem, ela disse que confiava em Nassar na época e lamentou a postura que adotou ao saber dos casos, mas responsabilizou o médico.

"Eu pensei que ele era um dos médicos mais inteligentes, atenciosos e gentis com quem eu já havia lidado. Ele me enganou completamente", afirmou.

A segunda testemunha levou depoimentos de outros atletas e disse que a postura de Kathie na ocasião foi de não assumir as responsabilidades de fazer uma denúncia.

"Ela me silenciou não só quando eu tinha 14 anos, mas por 20 anos, porque eu não tinha confiança para falar sobre isso novamente", disse.

A defesa de Kathie disse que vai recorrer da decisão, alegando que ela tem problemas cardíacos e faz parte do grupo de risco do coronavírus com sua idade.