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Daiane mantém projeto para crianças de Paraisópolis: 'Solidariedade sempre'

Projeto social de Daiane dos Santos com crianças na comunidade de Paraisópolis - Divulgação
Projeto social de Daiane dos Santos com crianças na comunidade de Paraisópolis Imagem: Divulgação

Roberto Salim

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/05/2020 11h48

Acostumada a fazer o impossível dentro do tapete encantado da ginástica artística, Daiane dos Santos hoje busca trilhar os caminhos possíveis na luta por uma sociedade mais justa, dando aos jovens da periferia paulistana possibilidades de encarar o futuro de peito mais aberto, com direitos e dignidade. Comandante do "Projeto Brasileirinhos" com 250 crianças da comunidade de Paraisópolis, a ex-atleta olímpica e seus professores não abandonaram seus alunos durante esse período de pandemia.

"Não podemos usar nosso espaço no CEU de Paraisópolis, mas há uma semana já começamos uma atividade monitorada através da internet, com aulas online", conta a ginasta, que conhece de perto as dificuldades enfrentadas pelos moradores da comunidade em que vivem 100 mil pessoas, na Zona Sul de São Paulo.

As próprias instalações do Centro Educacional Unificado (CEU) estão sendo solicitadas para se transformar em um hospital de campanha. "As lideranças do lugar já entraram em contato com as autoridades há um mês e estão à espera de uma resposta para que o CEU possa receber os doentes", disse Daiane. "E duas escolas já estão sendo utilizadas como Centros de Acolhimento para os habitantes do lugar que foram afetados pela doença, pois se sabe que as casas tem cômodos pequenos e o isolamento é difícil de ser cumprido."

Daiane dos Santos em projeto social - Divulgação - Divulgação
Daiane em ação no projeto social
Imagem: Divulgação
A ideia de manter as crianças do Projeto Brasileirinhos em atividade surgiu como uma maneira de ocupar o tempo. Mas não só isso.

"Também mostramos que elas não estão sozinhas. Que, sim, estamos preocupados com elas! Não se pode ter a aula de ginástica presencial, mas podemos fazer com que cumpram seus exercícios, que eram feitos duas vezes por semana."

Segundo Daiane, os professores gravam as aulas em casa e encaminham via internet aos alunos.

"São exercícios que podem ser feitos em pequenos espaços, e dividimos as aulas em duas partes: aquecimento e flexibilidade. Tem ainda uma parte teórica. E eu gravei essa parte teórica, em que passo às crianças um pouco da história da ginástica."

Mas se engana quem pensa que as crianças não terão um acompanhamento dessas atividades. "Toda sexta-feira, eles terão que nos enviar as imagens dos exercícios feitos, que contarão pontos quando tudo isso passar e o mundo voltar ao normal. Eu até já providenciei um HD externo para arquivar todo esse material".

Daiane garante que as crianças ficaram entusiasmadas com as aulas virtuais e conta que muitas se comunicaram quando o projeto foi paralisado pedindo que fosse dado um jeito para que não ficassem paradas. "Até alguns pais fizeram sugestões, e é bom que esteja dando certo!"

Daiane dos Santos em projeto social - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Uma visão pós-pandemia

A atleta que encantou o mundo com sua técnica, potência e acrobacias, acha que a sociedade posterior à pandemia será muito melhor. "Acho que todos vão aprender que você só está bem, quando o outro também está bem. Que a solidariedade pode e deve ser praticada sempre e não somente nos momentos como os que estamos atravessando."

Por pensar assim e agir desta maneira, Daiane integra um grupo de atletas que estuda meios para arrecadar fundos para fornecer alimentos aos jovens que fazem parte de projetos esportivos e sociais.

"Não serão cestas básicas, mas sim cartões que darão direito a compras. Compras que poderão ser feitas nos estabelecimentos das próprias comunidades, movimentando o comércio local", disse. "Assim, cada família poderá adquirir o que mais estiver necessitando. O movimento conta com o apoio de vários patrocinadores, enquanto uma ação de marketing está sendo desenvolvida para que logo entre em ação."

Daiane espera que esse movimento entre os grandes atletas do país continue após a pandemia. E que os patrocinadores sigam apoiando.

"Afinal, a fome é um problema grave em nosso país, que atinge a nossa população todo dia e eu acho que podemos e devemos ajudar sempre."