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Circuito de GO teve duas mortes na mesma curva em 7 meses e aguarda brita

Piloto Indy Muñoz morreu durante prova em GO no final de semana - Reprodução/Facebook
Piloto Indy Muñoz morreu durante prova em GO no final de semana Imagem: Reprodução/Facebook

Thiago Tassi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/03/2020 04h00

O acidente de Indiana Muñoz no último domingo (15) foi o segundo que terminou em morte na curva zero (ou da vitória) do Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia, em pouco mais de sete meses.

A dominicana, que era experiente na motovelocidade e fazia trabalhos até como dublê, não sobreviveu aos ferimentos da batida na curva antes da reta principal, assim como Welles Lins de Carvalho Balbino, que foi a óbito em 11 de agosto de 2019, também após prova do Goiás Superbike.

Apesar dos dois falecimentos, tanto a organização do campeonato como a federação negaram problemas no trecho. Ontem, em contato com a reportagem do UOL Esporte, o torneio havia dito que reforçou a área de escape com mil pneus depois da fatalidade do ano passado.

"A curva em si e o traçado como um todo não apresentam problemas estruturais ou algum outro. A nossa sugestão, inclusive já planejada pela secretaria de esportes, seria a instalação de caixa de brita em pontos específicos, ação que aguardamos devido a reestruturação financeira do estado", afirmou Kurt Feichtenberger, presidente da Federação de Motociclismo do Estado de Goiás (FMG).

"Não existem problemas no circuito, os acidentes, principalmente os fatais, foram pontuais a cada situação, falhas mecânicas nos equipamentos principalmente", continuou.

Procurada pela reportagem depois de emitir nota dizendo que "cumpre todas as normas de segurança dos órgãos que gerem o motociclismo", a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás (Seel) confirmou que há um projeto em andamento para a implantação de caixas de brita em pontos específicos do circuito.

De acordo com o que afirmou a área de comunicação da secretaria, a intenção é que as britas sejam instaladas até o fim de 2020. A ideia é instalar nas curvas zero (a das mais recentes fatalidades) e um, localizada ao final da reta principal. A FMG afirma ser os pontos de curva mais rápidos.

Pilota Indy Muñoz morre durante prova em GO - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Vale destacar que, não fosse pela pandemia do novo coronavírus, as atividades aconteceriam normalmente no local, fechado de forma temporária por conta do surto da Covid-19.

Outro ponto importante é que o autódromo goiano é considerado um dos mais seguros para a prática de motovelocidade no Brasil, justamente por conter grandes áreas de escape em relação a outros nacionais, mas também não é homologado pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM) para provas de motos com altas cilindradas.

Afiliada à FIM, a Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM) trabalha paralelamente às federações estaduais e diz que homologa o circuito. O presidente, Firmo Alves, explicou como a entidade lida com fatalidades de campeonatos regionais.

"Toda vez que isso lamentavelmente ocorre, mesmo que seja em torneios estaduais, a CBM procura a federação organizadora para primeiramente saber e entender o que de fato ocorreu. Entender o que se passou e se alguma medida deverá ser tomada para que tal fato não ocorra novamente ou que pelo menos se diminua sua possibilidade de ocorrência", disse, reiterando que irá aguardar os laudos técnicos para definir se serão necessárias novas medidas de segurança no local.

No caso da primeira morte, os órgãos locais atribuem à falha humana, ainda que os laudos não tenham sido divulgados.

O que são britas?

As caixas de brita, muito utilizada em autódromos da MotoGP, Campeonato Mundial de Motovelocidade, são áreas com pedras instaladas na zona de escape. O método tem como objetivo desacelerar as motocicletas que saem da pista e, assim, evitar choques com o muro, em alta velocidade.

Acidente segue em análise

A causa do acidente de Indy Muñoz ainda não é conhecida. Segundo a federação goiana, as comissões técnicas da instituição e da CBM já fizeram a vistoria do equipamento e o laudo deve ficar pronto até a próxima sexta-feira (20). De acordo com os órgãos, a principal hipótese é de falha mecânica.