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Mirando Tóquio, skatista brasileira aposta no Carnaval para superar lesão

Pâmela Rosa é a skatista número 1 do Brasil na categoria street - REUTERS/Amanda Perobelli
Pâmela Rosa é a skatista número 1 do Brasil na categoria street Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

21/02/2020 04h00

O ano de 2020 vai ser bem diferente para o skate. Estreante nos Jogos Olímpicos, isso reflete nos atletas que andam em cima das rodinhas e fazem manobras nas competições radicais mundo afora. A líder do ranking no street, uma das categorias olímpicas, a campeã mundial Pâmela Rosa, quer confirmar a vaga em Tóquio. Fisicamente com a programação traçada, a estrela vai recarregar as energias no Carnaval de São Paulo. Pâmela desfilará pela escola Tom Maior hoje (21), no Anhembi.

Pela Tom Maior, Pâmela explica que o desfile servirá para ajudar sua preparação para conquistar a vaga olímpica. Isso porque a atleta se recupera de uma lesão no pé esquerdo e quer cuidar do psicológico para ficar 100% nas manobras.

"Estou muito focada no skate, mas o Carnaval está me dando uma forma de me distrair um pouco por estar um pouco lesionada. Eu acabei torcendo meu pé esquerdo treinando e estou com um pouquinho de dor ainda. Garanto que daqui há algumas semanas estou melhor. Isso me faz tirar energias e forças de outros lugares. Eu estou muito ansiosa para isso e vai ser muito bom. Passando o Carnaval eu vou estar ainda mais focada", ressaltou em entrevista ao UOL durante o campeonato Slides & Grinds, em São Paulo na última quarta (19).

Pâmela avisa que só vai conseguir desfilar por causa das dores no pé, que a obrigaram a 'pegar mais leve' com os treinamentos. Mais leve é modo de falar, porque a rotina está tão intensa, que ela não tem tempo para mais nada. A atleta faz academia e fisioterapia para fortalecimento muscular e treina todos os dias por até 3 horas. "Estou tentando me guardar para isso por causa da lesão no pé, porque o skate é meu principal".Há 12 anos o skate é a principal atividade na vida de Pâmela, que começou no esporte aos 8 anos. Agora, será diferente. Ela poderá deixar de acompanhar a Olimpíada da TV para ser uma das concorrentes à medalha.

"Eu sempre via os jogos e é o sonho de qualquer atleta estar lá., quando soubemos do skate foi meu foco principal ter uma medalha olímpica e não deixamos perder essência nenhuma e está crescendo muito. Tem muitas pessoas de fora querendo saber mais do skate", contou.

Para garantir a vaga olímpica, Pâmela ainda precisa manter o alto nível durante todo o primeiro semestre. Em sua categoria, o street, a campeã mundial de 2020 garantirá o posto em Tóquio. As outras vagas serão de quem estiver melhor no ranking olímpico em 1º de junho de 2020.

Pâmela está atualmente na liderança do ranking, seguida pela também brasileira Rayssa Leal. Letícia Buffoni é a quarta colocada. Cada país poder três atletas em cada categoria. O Brasil ainda tem Gabriela Mazzeto, Virginia Fortes Águas e Isabelly Ávila entre as 20 melhores do mundo.

Pâmela rosa - Tom Maior - Tom Maior
Pâmela desfilou pela primeira vez em 2019
Imagem: Tom Maior

Da pista com 27 meninos ao título Mundial

Campeã mundial em 2019, Pâmela se firmou como a melhor do mundo é referência para outras garotas que querem seguir no skate.

"Ainda vejo o skate como uma diversão. Sempre quero me divertir e dar o meu melhor, me surpreender. Eu quero fazer o meu melhor, eu vou focar e isso nunca mudou. Eu praticava em um poliesportivo e tinha 27 meninos e eu de menina. Eu não era melhor que eles. Eu aprendi com eles e tenho gratidão total", disse.

"Eu sou muito competitiva. Eu subi em cima do skate e me diverti. As pessoas subiam nervosas no skate e eu sempre estava lá, tranquila, passando um batom, só mais um divertimento. É esquecer de tudo. Isso me ajudou muito e até nos meus estudos. Hoje as meninas me escrevem. Na minha época não tinha menina nenhuma para andar e hoje é muito bom ser inspiração para elas. Estar com elas é a melhor coisa", completou.

Pistas melhores ainda estão fora do Brasil

Pâmela vive muitos meses longe do Brasil para conseguir manter o bom nível nas competições. Isso porque os treinamentos demandam uma pista de qualidade para ela, o que não há no país.

"É a única coisa que falta para gente. Uma pista decente para que possa treinar, porque muitas vezes temos que ir para os EUA para treinar. Em São José (dos Campos) está pra lançar uma pista, vai ter uns obstáculos e vai ser onde eu posso treinar na minha cidade e meus amigos. Pra mim vai ser muito importante porque eu vou estar na minha cidade, com os meus amigos. Eles me ajudam, eu ajudo a eles e é totalmente diferente de estar sozinha nos EUA. Eu amo os EUA, mas estar perto dos meus amigos é a melhor coisa".