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Pan 2019

Pan-19: você viu uma medalha do Brasil graças à transmissão de uma mochila

O equipamento do mochilink: uma câmera, uma mochila e a caixa que transmite as imagens por internet usando sinal de celular - Lucas Lima/UOL
O equipamento do mochilink: uma câmera, uma mochila e a caixa que transmite as imagens por internet usando sinal de celular Imagem: Lucas Lima/UOL

Chico Silva e Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL, em São Paulo e Lima (Peru)

11/08/2019 04h00

A grande novidade das transmissões das competições dos Jogos Pan-Americanos de Lima atende pelo nome de mochilink. Como o nome sugere é uma mochila, com acesso à internet pela rede celular, ligada a câmeras que transmitem imagens para o mundo. O equipamento, criado pela empresa LiveU, tem sido utilizado pelas emissoras que transmitem o Pan para enviar ao Brasil, via internet, imagens de jogos e provas que não têm sinal gerado pela MediaPro, produtora oficial contratada pelo Comitê Organizador do evento.

Entre as competições exibidas por uma mochila no Pan estão a medalha de ouro do carioca Ygor Coelho, no badminton, pela Record News, e a derrota de Gustavo Tsuboi e Bruna Takahashi para os "chinocanadenses" Eugene Wang e Mo Zangh, na final das duplas mistas do tênis de mesa, pelo SporTV. Os dois eventos aconteceram no mesmo ginásio, que não possui sequer sala de imprensa, quanto menos operação de transmissão de imagens.

Mochilink em ação: as imagens captadas pela câmera são mandadas pela internet em tempo real - UOL - UOL
Mochilink em ação: as imagens captadas pela câmera são mandadas pela internet em tempo real
Imagem: UOL
A transmissão da final do badminton foi comemorada pelo efusivo narrador Fernando Camargo, da Record News, como a primeira transmissão da história desse esporte na TV aberta brasileira, assim como no SporTV o narrador Bruno Souza citou inúmeras vezes que o jogo estava chegando ao público graças ao esforço do repórter cinematográfico Ronaldo Dias. As duas emissoras também entraram ao vivo com competições de canoagem de velocidade usando o recurso - para lembrar, a canoagem de velocidade foi disputada em um local isolado e com pouca estrutura de trabalho para a imprensa.

Algumas lutas de judô, entre elas as da campeã olímpica Rafaela Silva até a final da chave 57kg, também foram exibidas pelo canal de esportes do Grupo Globo com imagens exclusivas geradas pelo LiveU. O dispositivo é usado há anos pelas TVs em reportagens com links ao vivo. Porém, com a ampliação e melhoria do serviço da internet 4G, os canais se sentiram mais seguros para transmitir as próprias disputas. No ano passado, a Liga de Basquete Feminino (LBF) já teve suas partidas transmitidas pela TV Gazeta a partir de sinal de streaming, mas com múltiplas câmeras.

É simples identificar uma transmissão produzida com sinal próprio. Geralmente as imagens são captadas por uma única câmera. Para aproximar a imagem dos atletas, se usa o único recurso disponível: o zoom do próprio equipamento. Além disso, não há replays ou informações gráficas - como placar, identificação dos competidores, marcas, tempos ou resultados.

Preliminares do judô na sexta-feira: lutas de Rafaela Silva foram mostradas via mochilink - Reprodução - Reprodução
Preliminares do judô na sexta-feira: lutas de Rafaela Silva foram mostradas via mochilink
Imagem: Reprodução
A grande vantagem do dispositivo é a agilidade. Com um único aparelho, é possível transmitir diversos eventos num mesmo dia. Além disso, o custo de operação é baixo. Basta adquirir pacotes de dados de internet - normalmente, esses aparelhos têm os serviços de três operadoras, o que garante que a transmissão não caia se o sinal de uma delas fraquejar. Um investimento muito menor do que o de um sinal de satélite, por exemplo.

A Record confirmou o uso do equipamento. Via assessoria de comunicação informou que a geração própria de imagens está prevista em contrato. O grupo levou quatro equipamentos para a cobertura em Lima. O Grupo Globo informou que faz transmissões próprias de competições que não têm sinal oficial disponibilizado pela organização do evento. "As posições usadas pelo SporTV para geração e transmissão via LiveU durante as competições são conhecidas e autorizadas pela organização do evento."

Em Lima, é fácil notar a utilização dos mochilinks, que acompanham sempre a única câmera de cada emissora em cada evento. No tênis de mesa, por exemplo, as mesmas câmeras que transmitiram o evento estavam, depois, presentes na zona mista para as entrevistas coletivas.

Ouro de Ygor Coelho no badminton: Record usou a tecnologia para transmitir via celular - Reprodução - Reprodução
Ouro de Ygor Coelho no badminton: Record usou a tecnologia para transmitir via celular
Imagem: Reprodução
Antes mesmo da cerimônia de abertura, a seleção feminina de handebol não teve suas partidas transmitidas na primeira fase, por não haver geração oficial de imagem. Record e Globo tentaram autorização para exibir os jogos no Brasil, mas não conseguiram. Não houve transmissão, mesmo com a presença dos mochilinks no ginásio. Informalmente, a informação era de que o comitê organizador não autorizava.

O UOL Esporte procurou o comitê no domingo com perguntas sobre a geração de imagens fora da transmissão oficial. A assessoria de imprensa chegou a informar que não havia impedimento, dentro de algumas regras, mas que um porta-voz seria apontado para responder todas as perguntas detalhadamente. As respostas, porém, não foram enviadas até o fechamento da reportagem.