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Pan 2019

Rafaela Silva se reergue após queda: "Ficava mais em evento que no tatame"

Rafaela Silva exibe medalha de ouro no judô nas Olimpíadas do Rio - Danilo Verpa/Nopp
Rafaela Silva exibe medalha de ouro no judô nas Olimpíadas do Rio Imagem: Danilo Verpa/Nopp

Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

08/08/2019 04h00

Rafaela Silva colheu os frutos do ouro olímpico que conquistou no Rio de Janeiro, em 2016. O reconhecimento pelo trabalho no esporte vinha na forma de compromissos comerciais e eventos, que acabaram influenciando a carreira da judoca nos dois anos seguintes. "Eu ficava mais em evento que no tatame", conta.

"Isso dificulta um pouco. Ainda mais entrando nas competições como a campeã olímpica, uma atleta que todo mundo estuda, procura e quer segurar no quimono. Tem um pouco mais de cobrança, estava sendo difícil voltar. Até que eu consegui diminuir os eventos e voltar a treinar no ritmo intenso para voltar às competições", contou Rafaela Silva ao UOL Esporte antes de embarcar para os Jogos Pan-Americanos de Lima em evento realizado no inovabra habitat, em São Paulo.

"Minha vida mudou bastante [após o ouro olímpico]. Praticamente todo dia eu fazia ponte-aérea. Estava sempre em São Paulo. Na semana, eu treinava dois dias e ficava cinco fazendo evento. Estava difícil voltar a treinar e acho que foi isso que estava impedindo de voltar ao meu ritmo de competição", admitiu.

Rafaela levou um puxão de orelha da comissão técnica para focar mais nos treinamentos. Afinal, precisava lutar bem para se garantir em mais uma Olimpíada. Como poderia a campeã ficar fora de Tóquio?

"A comissão me chamou pra conversar e conseguimos alinhar tudo certinho. Eu estava chateada pelo desempenho nas competições, que não estava sendo positivo. Precisava de pontos para classificar a categoria pra Olimpíada, entrar nas competições sendo cabeça de chave. Foi um puxão de orelha, um alerta. É fácil chegar no alto. Manter é mais difícil. Eu senti um pouco dessa pressão e agora estamos caminhando", ressaltou.

No Pan de Lima, um gosto a mais para se empenhar: Rafaela nunca foi campeã Pan-Americana. O judô começa hoje (08) e a campeã olímpica lutará amanhã (9).

"Eu fui muito nova para os primeiros jogos e consegui a medalha de prata [Guadalajara 2011]. No último, em Toronto, eu fiquei com a medalha de bronze. Um dos objetivos é conseguir medalha de ouro em todas as competições que eu ainda não tenho e hoje a única medalha de ouro que eu ainda não tenho é a do Pan. É uma meta de vida. A gente está empolgado. Pra classificação olímpica não vale ponto, mas para a gente vale muito", ressaltou.

Rafaela voltou a ser em 2019 a judoca que foi campeã olímpica. Focada nos treinamentos, está conseguindo resultados melhores que no último ciclo olímpico. No momento, é a quinta do ranking mundial da categoria até 57kg. Os resultados do ano foram excelentes. Das 10 competições que participou, apenas em uma ficou fora da final.

"Eu me vejo como a Rafaela de 2016 nesses seis meses que fiz de competição. Foi dos meus melhores anos na carreira toda. Estou me esforçando pra chegar confiante e ser cabeça de chave para 2020. Fazemos todas as competições com a Olimpíada na cabeça. Qualquer ponto é um passo a mais", analisou.

O judô começa hoje e vai até domingo, com três categorias por dia valendo medalha na quinta e na sexta e quatro no sábado e no domingo. Das 14 categorias em disputa, o Brasil não terá representante em uma delas: o meio-pesado (100kg) Leonardo Gonçalves sofreu uma lesão antes do embarque e não será substituído.

Com isso, o time brasileiro precisará de 100% de aproveitamento para igualar o desempenho de Toronto-2015. No Canadá, o Brasil fez 13 pódios, com cinco medalhas de ouro. A equipe que vai tentar o feito é formada por Larissa Farias (48kg), Larissa Pimenta (52kg), Rafaela Silva (57kg), Aléxia Castilhos (63kg), Ellen Santana (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Beatriz Souza (+78kg), no feminino, e Renan Torres (60kg), Daniel Cargnin (66kg), Jeferson Santos Júnior (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Rafael Macedo (90kg) e David Moura (+100kg).