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Pan 2019

Aposta do atletismo, Alison Santos é ouro nos 400m com barreira com folga

Alison Santos cruza em primeiro e leva medalha de ouro nos 400m com barreira pelo Pan - Jonne Roriz/COB
Alison Santos cruza em primeiro e leva medalha de ouro nos 400m com barreira pelo Pan Imagem: Jonne Roriz/COB

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

08/08/2019 20h27

Alison Brendom dos Santos confirmou nesta quinta-feira (8) que é o grande nome para o futuro do atletismo brasileiro. Com 19 anos recém-completados, ele faturou a medalha de ouro nos 400m com barreira nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Como vem fazendo durante todo o ano, seu primeiro entre os grandes, correu o melhor da vida na prova mais importante da vida. Fez 48s45, melhorando em nove centésimos seu recorde pessoal.

"Estava nos nossos planos, nossas metas. A gente sempre quer buscar melhorar as marcas. Cada corrida é uma surpresa, um recorde", disse o paulista de São Joaquim da Barra. "É um ano surpreende. Não esperava esses resultados com essa idade. A felicidade é ver todo o trabalho que venho desenvolvendo com meu treinador (Felipe Siqueira) dando certo. Agora é tentar manter esse padrão. Mas estou provando que o impossível é possível."

A prata ficou com o americano Amere Lattin, com 48s98, e o bronze com o jamaicano Kemar Mowatt, com 49s09. O dominicano Juander Santos, que vinha bem na corrida, acabou tropeçando em seu último salto e saiu na pista. Abalado, chorou por mais de um minuto até se recompor e completar o percurso, aplaudido pelo estádio, com 2min09s37.

"Na hora da prova não percebi que ele caiu. Vi que bateu na carreira, mas não vi a queda, e já tinha passado. Mas fico triste por isso. Ele poderia ter conseguido um bom resultado, e a gente fica triste quando isso acontece", afirmou o brasileiro.

Alison Santos no Pan - Pedro PARDO / AFP - Pedro PARDO / AFP
Alison dispara, e dominicano Juander Santos fica pelo caminho
Imagem: Pedro PARDO / AFP

Conhecido como Piu, Alison começou o ano tendo como expectativa fazer um bom resultado no Campeonato Pan-Americano Sub-20, disputado na Costa Rica. Mas o desempenho do garoto fez os planos serem completamente alterados. Aposta do COB, ele começou o ano correndo bem nos Estados Unidos e venceu muito bem o GP Brasil de Atletismo.

Depois, ganhou a Universíade, disputada na Itália, e o Pan Sub-20 de Atletismo, sempre fazendo boas marcas. Hoje ele não só é o quinto do mundo como tem três marcas entre as 30 primeiras, dando sempre seu melhor em finais.

"Considero importante também a constância. De estar correndo sempre com o melhor resultado, ou perto disso. Isso dá uma confiança para chegar ao Mundial e não abaixar a cabeça para ninguém", afirmou o agora campeão pan-americano. O Mundial de atletismo será realizado a partir de 27 de setembro em Doha, no Qatar.

Alison Santos ouro no Pan - REUTERS/Henry Romero - REUTERS/Henry Romero
Alison Santos, campeão pan-americano aos 19 anos
Imagem: REUTERS/Henry Romero

Carismático, Alison anda de boné para cima a para baixo, escondendo e protegendo uma mancha na testa causada por um incidente doméstico ainda na infância. Quando tinha dez meses, morando na casa dos avós, bateu no cabo e virou sobre a cabeça uma panela de óleo quente na qual a avó pretendia fritar um peixe. Passou mais de quatro meses internado no Hospital do Câncer de Barretos, com queimaduras de terceiro grau.

Até hoje, carrega as cicatrizes daquele dia: na testa, no rosto, no peito e no braço esquerdo. A falha mais visível, no resto, costuma ser coberta pelo boné, que ele usa inclusive para treinar, em uma forma de proteger do sol a área sensível.

Outras provas

A quinta-feira foi um espelho do momento do atletismo brasileiro. Ótimos resultados em algumas provas e praticamente inexistência de resultado em outras. Além do ouro de Alison, o Brasil teve outro bom desempenho, de Vitória Rosa, que fez o melhor tempo das eliminatórias dos 200m, com recorde pessoal de 22s72 - baixou em um centésimo seu antigo melhor.

Nas outras finais, ou não havia brasileiros, ou eles foram mal. O Brasil sequer inscreveu corredores nos 400m com barreiras feminino (ouro para os EUA), nos 100m com barreiras feminino (para a Costa Rica) e nos 400m masculino (Colômbia venceu) e feminino (Jamaica). Nos 1.500m, Carlos Oliveira foi sexto, em prova vencida pelo México. No salto com vara, Juliana Campos teve desempenho muito ruim e parou em 4,10m (a cubana Yarisley Silva venceu com 4,75m).

Valdineia Martins saltou 1,84m e foi quinta em final de baixo nível técnico do salto em altura vencida por Lavern Space, de Santa Lucia. O Chile fez ouro e prata no martelo masculino e Allan Wolski foi o sexto, com 73,25m. Ao menos ficou perto do seu melhor. Derick Silva (20s76) e Jorge Vides (20s80) foram eliminados nas semifinais dos 200m. O Brasil optou por não escalar nenhum dos seus três melhores nessa distância, pensando em outras provas com mais chances de medalha.

No heptatlo, para fechar o dia, Vanessa Chefer somou 5.868 e terminou na quinta colocação. Ela, que já esteve entre os principais nomes do atletismo no país, vem piorando seus resultados ano a ano. No Pan de Toronto, por exemplo, foi bronze com 6.035 pontos. Se tivesse repetido o resultado em Lima, seria prata.