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Pan 2019

Ouro não vem, mas Brasil volta ao pódio dos 100m do Pan após 20 anos

Michael Rodgers (esq) ganha o ouro dos 100m rasos, observado por Paulo André  - Luis Acosta / AFP
Michael Rodgers (esq) ganha o ouro dos 100m rasos, observado por Paulo André Imagem: Luis Acosta / AFP

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

07/08/2019 18h58

A cabeça baixa e o movimento de negativo com a cabeça deixam claro que Paulo André Camilo não atingiu seu objetivo. Aos 20 anos, o grande nome das provas de velocidade do Brasil até ganhou a medalha de prata nos 100m nos Jogos Pan-Americanos de Lima, nesta quarta-feira (7), mas não conseguiu correr pela primeira vez abaixo dos dez segundos. Da mesma forma, não vai colocar no peito a medalha de ouro, que fica com o norte-americano Michael Rodgers.

Duas vezes finalista de Mundial, Rodgers ganhou com 10s09, chegando sete centésimos à frente de Paulo André, que marcou 10s16. Cejhae Green, de Antígua e Barbuda, foi o terceiro, com 10s23, seguido pelo também brasileiro Rodrigo do Nascimento, que chegou em quarto, com 10s27.

"Eu vim aqui pelo ouro. Quase deu, fico insatisfeito por isso, mas estou feliz pela prata", disse Paulo André. "Serve para aprender, e vamos para a próxima. Fiz uma boa prova em si, dando meu máximo. Mas ele foi melhor que eu, e tenho de respeitá-lo. Ele é um grande velocista também", disse Paulo André antes de receber a medalha.

Final dos 100m rasos do Pan - Luis ROBAYO / AFP - Luis ROBAYO / AFP
Registro da final mostra como Paulo André teve de se recuperar pela prata
Imagem: Luis ROBAYO / AFP

De todo modo, o Brasil não ia ao pódio da prova desde 1999, quando Claudinei Quirino foi bronze. O último ouro foi em 1991, com Robson Caetano. Em Toronto-2015 nenhum brasileiro chegou sequer à final. Desde então o atletismo brasileiro passa por uma renovação nas provas de velocidade, com o surgimento de nomes como os de Paulo André, Derick Silva, Erik Cardoso (ambos de 20 anos) e Felipe Bardi (19) e a evolução de nomes como Rodrigo (23), Jorge Vides (26) e Aldemir Gomes (27).

"Baixar dos dez segundos é um dos objetivos que tenho. Querendo ou não, isso deixou de ser um sonho. É uma realidade hoje. Não deu agora, mas vou continuar treinando para batê-la", disse o vice-campeão pan-americano. Rodrigo, seu companheiro de equipe, lamentou não ter largado bem. "No primeiro tiro eu reagi bem, mas alguém acabou queimando. No segundo eu não reagi bem. Devido a isso eu tive que fazer uma corrida completamente diferente. Mas estou feliz com o quarto lugar", afirmou.

Bronze para Vitória Rosa

Na final feminina dos 100 metros, Vitória Rosa faturou a medalha de bronze. O ouro ficou com uma da estrela desses Jogos Pan-Americanos, a jamaicana Elaine Thompson, campeã olímpica dos 100m e dos 200m na Rio-2016. Ela marcou 11s18 e foi seguida da trinitina Michelle-Lee Ahye, com 11s27. A brasileira chegou no bolo, em 11s30, e só comemorou o resultado quando o telão mostrou que ela havia sido a terceira.

Vitória, que tem 23 anos, já fez 11s13 este ano. "Não só eu quanto as outras competidoras pensávamos nisso (melhorar marca), mas na prova de velocidade sempre atrapalha quando está frio. O objetivo aqui era só a medalha mesmo. Elas também têm resultados superiores ao que fizerem aqui", disse a carioca, que tem como objetivo na temporada correr abaixo de 11s03.

Vitória Rosa bronze no Pan - REUTERS/Henry Romero - REUTERS/Henry Romero
A chegada da final dos 100m rasos do Pan, com Elaine Thompson, Michelle-Lee Ahye e a brasileira Vitória Rosa
Imagem: REUTERS/Henry Romero

Outras provas

O Brasil só esteve presente a uma outra final nesta quarta-feira até aqui, do salto em distância. Alexsandro Melo, o Bolt, até fez boa prova, mas terminou na quarta colocação. Ele saltou quatro vezes acima de 7,63m, mas não passou de 7,77m. Na única vez que foi mais longe, acima de oito metros, queimou por pouco. Terminou a 10 centímetros do bronze, que foi para o uruguaio Emiliano Lasa, que treina no Brasil. Juan Miguel Echevarria ganhou o ouro para Cuba com 8,27m, seguido do jamaicano Tajay Gayle, com 8,17m.

Os 800m para mulheres também tiveram esses mesmos países no pódio, mas em outra ordem: Jamaica, Cuba e Uruguai. As semifinais dos 110m com barreiras para mulheres e dos 400m rasos nos dois naipes não contaram com brasileiros.