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Pan 2019

Ingrid erra no Pan, chora e diz que sofre muitas cobranças

Ingrid de Oliveira salta da plataforma de 10m em final pelo Pan de Lima-2019 - REUTERS/Henry Romero
Ingrid de Oliveira salta da plataforma de 10m em final pelo Pan de Lima-2019 Imagem: REUTERS/Henry Romero

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

03/08/2019 23h20

Ingrid Oliveira é a melhor saltadora que o Brasil formou nos últimos 20 anos. Mas até agora não teve um resultado que a projetasse internacionalmente. Neste sábado (3), mais uma vez falhou uma uma grande competição, os Jogos Pan-Americanos. Competindo em prova de alto nível, fez dois saltos muito ruins na final da plataforma de 10m e terminou em uma modesta oitava colocação, com 257,9 pontos.

"(O resultado) me deixa bastante triste, porque todo mundo sabe, sim, que eu tenho chances, que eu tenho condições. Eu também sei, sei que é muita cobrança em cima de mim. Eu também me cobro bastante. Por causa dessa lesão eu não pude dar o meu 100%", disse, Ingrid após a prova, em resposta que teve uma longa pausa para um choro.

Ela já havia chegado à zona mista, para falar com os jornalistas, com os olhos marejados. A mão esquerda estava muito inchada na articulação do dedão. Ingrid sofreu um edema ósseo próximo ao punho ainda em março e precisou passar por tratamento. Até treinou um mês antes do Mundial da Coreia do Sul, em julho, mas a lesão se agravou ao disputar a plataforma mista em Gwangju.

Ingrid saiu chorando daquela competição, que não valia nada, e acabou cortada do Mundial sem disputar sua prova principal, individual, quando estavam em jogo 12 vagas olímpicas (para as finalistas). Ingrid tinha tudo para obter uma delas.

Voltou ao Rio, fez tratamento, mas não treinou. Em Lima, fez três treinos antes de competir, realizando uma vez por treino cada um dos cinco saltos que apresentou no Pan. Quase nada para quem faz em média quatro ou até cinco vezes cada salto todos os dias.

"É óbvio que eu sempre me cobro demais, mas eu não estava treinando, por conta da lesão. Então eu estou feliz por estar aqui, competindo. Óbvio que não era o que eu esperava, mas eu estou feliz por estar aqui, ter me superado. Por ter competido mesmo com dor", afirmou.

Em Lima estava em jogo uma vaga olímpica, mas só para a campeã. A canadense Meaghan Benfeito venceu, mas ela já tinha a vaga por ter sido sexta no Mundial."Elas estão treinando, diferentemente de mim. Eu vim treinar aqui, fiquei 15 dias parada. Antes do Mundial, eu treinei um mês só. No Mundial eu acho que estava um pouco melhor, porque treinei um mês. Aí parei duas semanas e vim treinar aqui, uma semana de treino", disse.

Diferentemente de outras modalidades, a vaga que fica sem dono no Pan não vai para a vice. Ela entra na conta das que serão distribuídas na Copa do Mundo do ano que vem, em Tóquio.

Ingrid quer se recuperar para ir à competição, um evento-teste olímpico. Lá, suas chances de classificação são muito altas. São 18 vagas em jogo. Com desempenho das eliminatórias, Ingrid teria sido 14ª colocada do Mundial. Na final do Pan estavam a terceira, a sexta, a sétima, a 11ª e a 13ª colocadas daquela competição.