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Pan 2019

Pan-2019: dia de campeões improváveis dá fôlego ao Brasil nas medalhas

Beatriz Ferreira é apontada campeã na categoria até 60kg do boxe pelo Pan - REUTERS/Ivan Alvarado
Beatriz Ferreira é apontada campeã na categoria até 60kg do boxe pelo Pan Imagem: REUTERS/Ivan Alvarado

Do UOL, em São Paulo

02/08/2019 23h56

A contagem de ouros do Brasil pelo Pan de Lima-2019 aumentou nesta sexta-feira (2) com três heróis de trajetórias distintas, mas igualmente improváveis: Lena Guimarães no stand up paddle, um surfe com remo em sua primeira final pelo evento, Ygor Coelho, histórico no badminton, e a Beatriz Ferreira, também uma campeã pan-americana inédita pelo boxe. O trio deu um belo empurrão para a delegação nacional, enquanto algumas de suas modalidades mais fortes não entram em competição.

Os três ouros ao menos mantiveram o Time Brasil no quarto lugar do quadro de medalhas - algo a ser comemorado numa jornada com várias finais do boxe, que, naturalmente, impulsionou Cuba. São 15 ouros, 14 pratas 24 bronzes para os brasileiros. O Canadá está em terceiro, com 16 ouros. Cuba, em quinto, com 14. O México não está tão distante na segunda posição, com 17 ouros.

Ygor Coelho, diga-se, era cabeça-de-chave no torneio individual pela modalidade que não deveria ser vista como uma mera "troca de peteca". Treina e joga na Dinamarca e está entre os 50 melhores do mundo (ocupa a 45ª posição no ranking). É a primeira vez que um brasileiro ganha o ouro pan-americano, mas ele era favorito.

De improvável, porém, temos a sua origem. Ele aprendeu a jogar badminton literalmente no quintal de casa, por incentivo de seu pai - e muito mais que isso. Sebastião Oliveira criou um projeto social para engajar as crianças da comunidade da Chacrinha, no Rio. Assista no vídeo abaixo para saber mais de sua história. No final, ele diz que gostaria muito de ganhar uma medalha no Pan. E aqui está, campeão, com a ajuda de uma treinadora dinamarquesa.

Essa foi a melhor campanha do badminton brasileiro em Pans. Além do ouro de Ygor, saíram quatro medalhas de bronze, incluindo a história dos irmãos Farias, do Piauí. Uma história que começou depois de um garoto cair de um pé de caju.

Badminton, Ygor no Pan - Alexandre Loureiro/COB - Alexandre Loureiro/COB
O momento em que o match point vira título pan-americano
Imagem: Alexandre Loureiro/COB

Menina de ouro

No começo de sua carreira como pugilista, Beatriz "Bia" Ferreira teve dificuldade para encontrar adversárias, para agendar lutas. Procurou, então, outros tipos de combate e acabou competindo em alguns eventos de muay thai. Alo que feriu as regras da Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba), que estava preocupada em perder jovens talentos para a concorrência. Esse desvio de sua trajetória nos ringues acabou, no final, por interrompê-la: ela foi suspensa por dois anos.

Seu potencial era tamanho que, ao voltar ao boxe 2017, seguia com apoio da confederação nacional e também do COB. Pois a aposta na soteropolitana de 26 anos foi recompensada nesta sexta em Lima, quando ela se tornou a primeira brasileira campeã pan-americana pela modalidade. Ela foi dominante num embate com a argentina Dayana Sánchez, vencendo a final da categoria leve (até 60kg) de modo unânime.

Caldos e caos

Lena Guimarães Ribeiro conquistou a primeira medalha de ouro entregue na história do stand up paddle - e do surfe - no Pan! Muito legal. A atleta de 38 anos, nascida em Niterói, só demorou um pouco para perceber que havia sido realmente a campeã da corrida. Em seu percurso, a brasileira sofreu duas quedas no mar. Mas duas de suas principais concorrentes também caíram n'água, incluindo a norte-americana Candice Appleby, que liderava. Na visão dela, ou melhor, por causa da falta de visão na ocasião, a americana teria ficado com o ouro.

"Até eu abrir o olho na linha de chegada, não sabia nem em que posição estava. A Candice eu não vi. Para mim ela já tinha chegado, e eu tava brigando ali pra conseguir a prata, o que já me deixava muito feliz", disse. "A ousadia hoje funcionou."

Lena Guimarães Ribeiro campeã no Pan - Ernesto BENAVIDES / AFP - Ernesto BENAVIDES / AFP
Imagem: Ernesto BENAVIDES / AFP

Na prova masculina, Vinnicius Martins ganhou a prata, bastante comemorada. Novidade no programa do Pan, a modalidade causou frisson nas redes sociais. A torcida ficou dividida. O surfe ainda vai distribuir medalhas em mais três provas, com brasileiros ainda com chance - menos na tradicional.

Sincronizados

Isaac e Kawan no Pan - Henry Romero/Reuters - Henry Romero/Reuters
Isaac Souza e Kawan Pereira ganham bronze para nova geração dos saltos
Imagem: Henry Romero/Reuters

Além do surfe, uma nova modalidade estreou no quadro de medalhas do Time Brasil nesta sexta: os saltos ornamentais. Os jovens Isaac Souza, 20, e Kawan Pereira, 17, terminaram na terceira colocação na prova de plataforma 10m sincronizada, atrás dos conjuntos de México (ouro) e Canadá (prata).

O embalo do João

O tenista João Menezes conseguiu hoje uma das maiores vitórias de sua carreira ao derrubar o cabeça-de-chave número um Nicolas Jarry em dois sets e avançar à semifinal. O chileno era o único top 100 inscrito no evento. Aos 22 anos, o mineiro de Uberaba vive a melhor fase de sua carreira, alcançando uma semifinal pela terceira semana consecutiva. Ele agora já está na disputa por finais, tendo pela frente na semi o experiente argentino Facundo Bagnis.

João Menezes no Pan - Alexandre Loureiro/COB - Alexandre Loureiro/COB
Número dois brasileiro, Menezes já está na briga por medalhas em Lima
Imagem: Alexandre Loureiro/COB

Na chave feminina, Carol Meligeni também se garantiu nas semifinais. Tenista número três do país, ela atropelou a mexicana Renata Zarazua por duplo 6/2, em apenas 50 minutos de partida. Essa é sua primeira participação no evento. A sobrinha de Fernando Meligeni encara a norte-americana Caroline Dolehide neste sábado.